POLEPOSITION

Jogo de xadrez 

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 26-06-2021 03:04 | 411
Hamilton e Verstappen numa queda de braço na melhor temporada da F1 nos últimos anos
Hamilton e Verstappen numa queda de braço na melhor temporada da F1 nos últimos anos Foto: F1

A F1 precisou esperar intermináveis sete anos até que surgisse uma equipe que tirasse a Mercedes da zona de conforto. Não que o time alemão, comandado por Toto Wolff, tenha dormido sob os louros da vitória durante esse período.

A Mercedes sempre trabalhou duro. Nunca deu chances aos adversários, e mesmo nos momentos em que seus carros enfrentaram algumas dificuldades, principalmente com os pneus, ora aquecendo muito, ora não atingindo as temperaturas ideais de funcionamento, um de seus pontos fracos, o departamento técnico sempre agiu com eficiência para solucionar os problemas, ou torná-los menos críticos.

Vira e mexe, esses problemas aconteciam, mas o fato de a Mercedes sempre ter sido muito superior aos seus adversários, sem que ninguém fosse capaz de tirar o sono de seus engenheiros e pilotos, tudo passava quase despercebido, com Hamilton ganhando praticamente tudo.

Com a evolução da Red Bull-Honda, tardia, mas necessária e bem-vinda para o próprio bem da F1, as fragilidades da Mercedes ficaram mais evidentes, algo que, como escrevi, muitas vezes passaram despercebidas.

No GP da França, a Red Bull conquistou a terceira vitória seguida(!): em Mônaco com Verstappen, no Azerbaijão com Sergio Pérez, e com Verstappen novamente, em Paul Ricard. E não fosse o estouro do pneu nas últimas voltas da corrida em Baku, Verstap-pen teria sido o vencedor das três e ampliado ainda mais a vantagem de 12 pontos sobre Hamilton. Portanto, na França, o holandês recuperou os 25 pontos que perdeu na corrida anterior.

Foi a terceira vez que a Mercedes ficou três corridas seguidas sem vencer desde que passou a dominar a F1, a partir de 2014. Porém, a história agora é um pouco diferente, e a Mercedes está correndo o risco de ter a sua hegemonia quebrada pela Red Bull. Na França a equipe austríaca deu um nó estratégico no time alemão quando Hamilton perdeu a posição para Verstappen nas trocas de pneus, e se viu sem saída quando o holandês parou pela segunda vez, enquanto a Mercedes arriscou (e errou) em manter Hamilton na pista. O resultado do jogo de xadrez das equipes em traçar suas estratégias fez com que pela terceira vez no ano Hamilton e Verstappen se encontrassem nas últimas voltas para decidir a corrida. No Bahrein, Hamilton venceu porque Verstappen teve que devolver a ultrapassagem há 4 voltas do fim por ter saído com as quatro rodas fora do limite da pista.

Na Espanha foi Hamilton quem chegou com mais ação no final e deixou Verstappen para trás quando faltavam 6 voltas para a bandeirada. E na França, o bote do holandês foi na última volta.

Estamos assistindo a um dos melhores campeonatos dos últimos anos na F1, numa temporada que está longe do fim e tudo caminha para que seja decidida nos detalhes, como assistimos no domingo passado.

E não dá nem para respirar porque temos corridas neste e no próximo final de semana, ambas no Circuito Red Bull Ring, de propriedade da Red Bull. O GP da Estíria está acontecendo como tampão para cobrir a vaga aberta com o cancelamento do GP do Canadá; e no domingo seguinte será o GP da Áustria. 

Apesar de ser a casa da Red Bull, a Mercedes já venceu 5 vezes nesta pista, contra duas dos donos da casa. Até aqui, Verstappen lidera o campeonato com 131 pontos contra 119 de Hamilton, e a Red Bull o de construtores com 215 contra 178 da Mercedes.