Rejane Pimenta Furtado foi bancária, trabalhou na Minas Caixa, onde iniciou em 1975. Por problemas políticos alheios à vontade dos funcionários, a tradicional Caixa Econômica de Minas Gerais foi fechada em 1991. “Fui trabalhar no Hotel Cosini na administração de imóveis que o senhor Orlando Muschioni tinha. Eram prédios de apartamentos, e lojas que havia em volta, no próprio hotel”. E foi assim, “meio por acaso” conforme explica, que surgiu a Rejane Imóveis, empresa que em 2022 completa vinte e cinco anos de atividades.
“Meu ex-marido foi administrador do hotel por alguns anos. Peguei gosto por administrar imóveis, tinha experiência com banco, atendimento de pessoal, e senhor Orlando me incentivou a fazer curso no CRECI, e abrir meu próprio negócio, dando-me abertura para que a imobiliária funcionasse dentro do próprio hotel. Continuei administrando imóveis dele e de outras pessoas conhecidas, e achei por bem alugar uma sala pequena na parte baixa do hotel, era a última na rua Padre Benatti, em frente onde era a Rádio Difusora Paraisense” conta.
No início, março de 1975, eram duas mesinhas, e uma funcionária. Rejane era concursada e o estado a chamou para trabalhar no Ministério Público aqui em Paraíso. “Eu não tinha tempo para me dedicar à imobiliária, a funcionária ficava sozinha. O volume de negócios foi aumentando e tive necessidade de ir para outro local maior. Aluguei uma casa na rua Capitão Pádua”.
Sua filha Bianca Furtado Cosini Rizzo começou trabalhar na empresa ainda quando era no cômodo no hotel. Por algum tempo fez estágio na Caixa Econômica Federal, depois trabalhou no Banco Mercantil e nas horas vagas ajudava na imobiliária. “Sorte minha em ter alguém da família para dar continuidade”, salienta Rejane, ao explicar que foi aumentando o movimento parte de vendas e locação, e a empresa chegou ter 15 funcionários.
Desde 2012 Rejane Móveis está estabelecida a rua Pinto Ribeiro 899, área central de Paraíso. Bianca assumiu de vez sua função na empresa, ficou com a parte de locações e Rejane com as vendas. Embora cada uma tenha diretriz própria em sua área, elas se ajudam mutuamente quando necessário.
Sobre a expansão imobiliária em Paraíso, Rejane disse que ela se surpreende ao comparar que às vezes se vê pouco movimento no comércio, mas quando visita bairros, a cada mês se constata novas construções, os novos bairros rapidamente estão repletos de edificações, que no seu ponto de vista demonstra o potencial do agronegócio, do café como principal fonte econômica no município.
O período atípico iniciado em 2019 reduziu um pouco o volume de vendas de imóveis e não foi diferente em relação aos aluguéis, mas houve continuidade nos negócios. Rejane atribui ao fato do comércio não ter sido totalmente fechado na cidade.
“Como minha mãe falou, na realidade não atravessamos grande crise porque percebo que em Paraíso nossa crise maior é sempre quando não há empreendimentos novos. Há uns dez anos não havia empreendimentos, áreas novas a serem vendidas. Mas veio o Jardim Daniela que se expandiu, o Mediterranèe entre outros. A crise é muito mais atrelada à cidade que em relação à visão nacional, porque imóvel há sempre alguém vendendo e comprando. O que aquece o movimento são os novos empreendimentos. É o que ocorreu, com o próprio condomínio fechado (Athenas), e essas novas áreas que já foram preparadas e estão sendo comercializadas, além dos edifícios”, afirma Bianca.
Ela prevê que o mercado imobiliário continuará aquecido com a recente confirmação do início das aulas na UFLA no próximo ano. “Irá refletir no aumento de imóveis a serem alugados e vendidos porque vêm pessoas de outras localidades para estudar. É a perspectiva”, enfatiza, ao destacar que a vinda de faculdades, de cursos online, de igual maneira é promissora porque pessoas não vão sair para estudar fora.
Com a experiência de quem está há alguns anos no ramo imobiliário, Bianca observa que mesmo durante a pandemia quanto a aluguéis, “muitos desocuparam, mas houve uma infinidade de cômodos que foram alugados, há muito comércio novo, pessoas investindo. Às vezes achamos que estão segurando dinheiro, investimentos porque era um momento em que todo mundo estava muito restrito, mas não. Eu senti que Paraíso “ganhou” comércios diferenciados, layouts modernos, anúncios em redes sociais, sistemas com entregas (deliverys), Paraíso tem potencial”.
Rejane Imóveis se utiliza de ferramentas digitais algo que é relativamente novo, que ganhou corpo “de pandemia para cá”. Tem havido bastante movimento, com isso a presença física na imobiliária tem diminuído. O corretor marca com o cliente, e cada um em seu veículo vão verificar imóveis. Por causa do distanciamento tem se tornado mais assídua essa forma de atendimento, explica.
“Quando a pessoa vai adquirir enviamos fotos, os detalhes. Já temos quase que um tour virtual pelo imóvel para mostrar como ele é através das imagens. No caso de compra dificilmente fará a compra sem ver, a não ser que seja algum investimento daqueles que se adquire na planta, sabe como vai ficar. Em termos de aluguel é diferente. Recebemos pessoas que alugam uma casa baseado somente em fotos e vídeos que disponibilizamos. Toda a documentação e providenciada online, nós analisamos, elaboramos o contrato são colhidas assinaturas”.
Rejane afirma que de outubro, novembro para cá os preços de imóveis estão em alta, subiram muito em função da falta de materiais de construção, conforme dizem proprietários de construtoras e construtores particulares. “Houve um aumento no preço de terrenos, lotes que foram lançados a R$ 80 mil, há um ano, estão sendo vendidos por R$ 120 mil. Como houve aumento também na parte de ferragens, cimento, vidros, a gente teme que diminua o número de construções”.
Imóveis mais antigos, construções mais antigas talvez até acompanhem esta alta, mas Rejane afirma que não justificaria, tendem permanecer como estão. Os novos, com certeza terão alta de preços. Acredito que no início do ano vai repercutir nas construções que estão em andamento, prevê.
Mudanças comportamentais têm levado clientes buscar outras opções em imóveis. “Percebemos que as pessoas ficaram mais em casa, e sentiram necessidade de maiores espaços. Algumas que moravam em apartamentos migraram para casas. Chácaras que eram vistas como lazer passaram ser residências. Por tudo que vemos, entendo que isso irá perdurar é um caminho sem volta”, diz Bianca.
Ela ressalta que a função da imobiliária ainda que tudo seja feito de maneira eletrônica, ou mesmo até sem conhecer pessoalmente o cliente, o papel do corretor é de muita importância, muita responsabilidade. Atualmente temos pego alguns casos de vendas não tão bem sucedidas, pessoas que se arriscam em comprar sem assessoria”.
A venda não é apenas você ter vontade de vender e alguém no interesse de comprar, não é só essa aproximação. Existe um processo de pesquisa de quem está vendendo e comprando, certidões, muitas vezes o imóvel não está regularizado, e essa assessoria é necessária para ser regularizado junto à prefeitura, ao cartório. Muitas vezes são imóveis de inventário sendo necessário serem recolhidas assinaturas de todos que estão vendendo. Enfim, são vários pormenores que a assessoria de uma imobiliária lhe garante que tudo está sendo feito nas formas da lei, esclarece.
Outro detalhe lembrado por Bianca é que “algumas pessoas acham que o imóvel por estar em imobiliária é mais caro. Isso não é real porque só pelo de você saber que ele está em imobiliária, dentro de carteira onde há vários imóveis, você sabe que está sendo comercializado por preço de mercado. Nós sabemos o valor e numa compra direta pode ser que ela pague mais, porque não tem um parâmetro de comparação. O papel do corretor é essencial e isso também se aplica quanto ao aluguel”.
Ao ACISSP em FOCO, Bianca Furtado Cosini Rizzo afirma que a Associação Comercial é muito atuante. “Planejou campanhas durante o período da pandemia, acho que para o comércio foi muito importante. Percebíamos o quanto o comércio estava sentido mesmo que não tenha ocorrido o fechamento total. A ACISSP teve papel fundamental nessa tentativa de aquecimento. Trabalho bem empenhado. Sempre nos informam por e-mail, é um contato bem direto, e nos sentimos bem acolhidos”. “Utilizamos os serviços da Associação.
Vemos que Paraíso cresceu, houve aumento no número de associados, é um suporte muito bom que temos. Está muito bem gerida”, complementa.