O Circuito de Hungaroring não é dos mais espetaculares da F1, mas é uma pista que carrega muita história em seus 4.381 metros.
Da ultrapassagem monumental de Nelson Piquet sobre Ayrton Senna na estreia do GP da Hungria, em 1986, passando pelo drama da quase vitória de Damon Hill com a modesta Arrows, em 97, a mola que atingiu a cabeça de Felipe Massa em 2009, a ultrapassagem corajosa de Rubens Barrichello sobre Michael Schumacher, espremido no muro dos boxes, até o milagre que os mecânicos da Red Bull operaram no ano passado ao trocar a suspensão do carro de Verstappen em 20 minutos, depois que o holandês bateu na volta de alinhamento para o grid, já são 35 anos de história desde quando a F1 rompeu a cortina de ferro para realizar o primeiro Grande Prêmio no Leste Europeu.
A vida por lá mudou muito desde a chegada da F1, e o GP da Hungria resistiu ao tempo nas vezes em que esteve ameaçado de sair do calendário. Hoje virou uma corrida clássica da categoria. Mesmo no ano passado, quando a pandemia forçou o cancelamento de várias corridas, a Hungria estava lá, firme com o seu GP.
Depois do polêmico toque em Silverstone - que eu continuo com a mesma opinião de que foi incidente de corrida -, Max Verstappen e Lewis Hamilton voltam a se encontrar na 11ª etapa do Mundial, a última antes das férias de agosto.
O clima promete ser quente na Hungria, não só pelo calor do verão por lá, como pela rivalidade entre os dois pilotos que lutam pelo campeonato.
Verstappen não quis comentar a ligação que recebeu de Hamilton, e continua insatisfeito com a postura do adversário ao comemorar a vitória em Silverstone, enquanto ele fazia exames no hospital. Já Hamilton foi mais taxativo e disse que eles vão continuar disputando de forma justa, e que atacará Verstappen da mesma maneira se houver outra situação de disputa como a de Silverstone.
O respeito sempre existiu entre eles, mas o clima de tensão está instalado. A Red Bull ainda não digeriu o acidente de Verstappen e na quinta-feira teve uma audiência com a Federação Internacional de Automobilismo, na tentativa de convencer os comissários do GP da Inglaterra de que a punição de 10 segundos aplicada a Hamilton, teria sido branda demais. A equipe fez uso do direito de apresentar novas evidências do toque que seu piloto levou do britânico, mas não deu em nada. O resultado da corrida de Silverstone foi mantido, e ficou ruim para a Red Bull que saiu com a imagem de choro de perdedor.
Verstappen lidera o campeonato com 8 pontos de vantagem para Hamilton (185 a 177), mas com enorme prejuízo, já que a sua vantagem era de 33 pontos antes da batida, em Silverstone.
E o prejuízo não foi só na pontuação do campeonato. Nos cálculos do chefe da equipe, Christian Horner, os danos no carro de Verstappen custaram US$1,8 milhão aos cofres da Red Bull.
Até o ano passado, o valor seria ‘dinheiro de pinga’ para a equipe austríaca, acostumada a gastar cerca de US$400 milhões por temporada. Mas 2021 está sendo o primeiro ano do inédito teto orçamentário de US$147 milhões por ano que a F1 implantou, e é com ele que as equipes têm que trabalhar nesta temporada e no projeto dos novos carros do próximo campeonato.
Portanto, qualquer gasto extra acaba sendo um problema para quem tem que administrar um orçamento do qual não havia limites de gastos.
O GP da Hungria está sendo realizado pela 36ª vez, e pode selar a icônica 100ª vitória de Lewis Hamilton na F1, ele que é o maior vencedor do Circuito de Hungaroring, com 8 vitórias, as três últimas consecutivas. E vale lembrar que nunca na F1 um piloto venceu 9 vezes na mesma pista.