Não podia ser diferente. Uma temporada tão espetacular como essa da F1, não podia terminar sem um final dramático. Max Verstappen venceu o GP de Abu Dhabi e conquistou o inédito título da F1. O primeiro holandês campeão Mundial, o 34º piloto a vencer o campeonato da principal categoria do automobilismo.
Como era de se esperar, o campeonato seria decidido nos detalhes. E foi!
Verstappen estava na pole position com pneus macios, Hamilton ao seu lado com médios. Seria uma corrida estratégica. Para a de Verstappen funcionar, ele teria que largar na frente, mas foi Hamilton quem pulou na ponta. Pouco à frente, Verstappen tentou o bote na curva 7, Hamilton teve que sair da pista para não bater, e se manteve na ponta.
Foi o primeiro lance polêmico. A direção de prova não viu motivos para Hamilton devolver a posição, já que ele fora forçado a sair do traçado para não bater com o holandês. Hamilton foi apenas informado para tirar o pé para devolver a vantagem que adquiriu ao cortar o caminho.
Na 14ª volta, Verstappen livrou-se dos pneus macios e colocou os de composto duro, para ir até o final. A Mercedes chamou Hamilton na volta seguinte, calçando o carro de Hamilton também com os duros. E pouco depois o primeiro grande momento da corrida: Hamilton chegou em Sergio Pérez, companheiro de Verstappen que assumiu a liderança da prova com a parada de Hamilton. E os dois travaram um duelo sensacional. Disputa roda a roda, várias trocas de posição entre os dois, até que na 21ª Hamilton passou e foi embora.
O mexicano vendeu caro a posição, mas foi uma disputa honesta entre os dois. E Hamilton tinha a corrida e o título nas mãos.
Pelo rádio o engenheiro perguntou ao inglês se em caso de Safety Car, qual pneus ele preferia, médios ou duros? “Tanto faz, os dois são bons”, respondeu.
A vantagem de Hamilton para Verstappen era de 3,7s.
Na 27ª volta, um momento particular: Kimi Raikkonen estacionou a Alfa Romeo nos boxes. Fim de carreira e de uma história rica de sucesso e memes. Um sujeito tão calado quanto engraçado, mesclado ao seu mau-humor e do tipo não tô nem aí. Depois de 350 GPs, recordista de participações na F1, Raikkonen vai deixar saudade, apesar de ele dizer que não sentirá saudades da F1!
Voltando à disputa, na 36ª volta, a outra Alfa Romeo, de Antonio Giovinazzi, parou na área de escape, e a direção de prova acionou o safety car virtual. Verstappen aproveitou e colocou um novo jogo de pneus duros. Agora era ir para o tudo ou nada. Mas ele tinha uma longa desvantagem para Hamilton, que se estabilizou na casa dos 13s.
Há dez voltas do fim já podia-se dizer que o título era de Hamilton. Mas existe uma frase no automobilismo imortalizada por Juan Manuel Fangio, que diz: “carreras son carreras” (corridas são corridas), e elas sempre terminam na bandeirada.
Há seis voltas da consagração do 8º título de Hamilton, Nicholas Latifi bateu com a Williams no muro. O Safety Car foi acionado. A diferença que Hamilton tinha foi neutralizada. A Red Bull chamou Verstappen para os boxes e colocou pneus macios novos. Era a última cartada. Já a Mercedes apostou que não haveria tempo para a liberação da pista e manteve o inglês na pista.
Houve polêmica. Primeiro, a direção de prova disse que os retardatários entre Hamilton e Verstappen não seriam remanejados para o fim do pelotão, como manda o regulamento. Depois ordenou que os quatro carros fossem para o fim da fila. E a relargada para a última volta foi dada.
Com pneus novos, Verstappen foi para cima de Hamilton e o ultrapassou na metade da última volta para vencer o GP de Abu Dhabi e ser o novo campeão.
Após a prova a Mercedes entrou com dois protestos contra as atitudes da direção de prova, e ambos foram rejeitados. Já passava das 23h de Abu Dhabi quando finalmente saiu o resultado oficial da corrida.
E assim chegou ao fim um dos campeonatos mais longos, disputados, tensos e intensos da história da F1.