COVID-19

Santa Casa suspende realização das cirurgias eletivas em Paraíso

Por: Roberto Nogueira | Categoria: Saúde | 09-02-2022 09:07 | 1616
Cirurgias eletivas são interrompidas no hospital de Paraíso devido aumento de casos de covid-19
Cirurgias eletivas são interrompidas no hospital de Paraíso devido aumento de casos de covid-19 Foto: Reprodução

A Santa Casa de Misericórdia de São Sebastião do Paraíso interrompeu a realização de cirurgias eletivas. A decisão foi comunicada há menos de 10 dias através de ofício endereçado ao prefeito Marcelo Morais, à Câmara Municipal, ao Ministério Público e Regional de Saúde, em Passos. De acordo com o provedor Fernando Montans Alvarenga, entre as causas que justificaram a medida consta a priorização ao atendimento da população em relação ao aumento de casos de covid-19, sendo que no hospital cerca de 80 pessoas se contaminaram, prejudicando o andamento dos trabalhos.

Apesar da decisão ter sido tomada no final de janeiro ela somente se tornou pública com a leitura da cópia do ofício endereçada à Câmara na Sessão Ordinária de segunda-feira,7.  O provedor Fernando Alvarenga assina o documento que apresenta uma série de considerações onde é justificada a decisão de interromper as cirurgias eletivas.

A primeira delas cita que os casos de coronavírus estão aumentando exponencialmente em todo o mundo através da variante Ômicron. Em seguida menciona que houve um crescimento de 250% comparando com a quantidade de casos da doença registrado em 2021.

Conforme o provedor a prioridade do atendimento deve ser para o combate aos casos de covid-19, sob pena de falência do acesso sanitário local. Fernando Alvarenga pondera que a taxa de ocupação de leitos aumentou consideravelmente em alguns setores do hospital. Ele citou que na UTI Pediátrica do SUS (Sistema Único de Saúde) o crescimento foi de 150%.

“Mais de 80 colaboradores da Santa Casa foram afastados gerando inviabilidade do atendimento eletivo”, enumera o provedor. Ele cita que ante a necessidade de direcionamento de pessoal e insumos em prol do combate a pandemia, não restou outra alternativa.

Fernando argumenta que o próprio termo de contratualização entre a Santa Casa e o Município prevê que o fluxo de procedimentos clínicos e cirurgias devem respeitar a capacidade de instalação e de recursos humanos do hospital.

No ofício é mencionado ainda que o fluxo da Secretaria Municipal de Saúde ainda há pedidos de designação de procedimentos eletivos como são os casos de cirurgias ortopédicas e de otorrino. “A Santa Casa preza para que a assistência à população esteja ao menos eficiente e huma-nizada, evitando a desassis-tência e o colapso do sistema de saúde local”. Aponta ainda o documento que é direito do povo e dever do Estado o acesso a saúde conforme preceitua a Constituição Federal.

Considerando ainda que o Município está elencado na gestão plena e que os usuários do SUS não podem ficar desassistidos inclusive à míngua da responsabilização, informa que desde 31 de janeiro todos  os procedimentos eletivos, cirúrgicos e  clínicos do sistema permanecerão suspensos junto a Santa Casa.

“Será priorizado o combate a covid e aos casos de urgência e emergência”, pontua. Desta forma as autoridades foram informadas sobre a suspensão dos procedimentos até que seja estabilizada a demanda advinda da Covid-19. O documento leva a assinatura da diretora clínica, Raquel de Oliveira Silveira Constantini, do provedor Fernando Montans Alvarenga e do advogado do hospital, Nilo Kazen Oliveira.

 

Questionamento

O vereador Sérgio Aparecido Gomes classificou que a situação é ‘absurda’. “Comentamos esta situação na reunião de pauta, é lamentável o que ocorre. Fizemos ano passado um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público, a demanda por cirurgias eletivas é grande, o povo está sofrendo demais. Tomara que volte logo porque a população não pode ser prejudicada”, comentou.

Sérgio citou o caso de uma idosa de 81 anos que necessita com urgência de cirurgia cardíaca. “Ela é a segunda da fila e está tudo parado, a família está desesperada”, disse. Em seguida comparou se colocando no lugar da mulher e indagou, “imagina fosse um parente, um familiar da gente”.

A vereadora Maria Aparecida Cerize Ramos, em a parte, rebateu, e afirmou que as cirurgias cardíacas estão ocorrendo normalmente. “Nem na época do pico da pandemia o atendimento destes casos não foram paralisados”, pontua. Ela ponderou que não poderia responder pelo hospital, mas assegurou que “existe um agendamento. Se esta mulher não foi chamada é que existem casos mais graves sendo atendidos”, justifica.

O presidente da Câmara, Lisandro José Monteiro também questionou a decisão. Através de ofício ele quer saber se a interrupção das cirurgias eletivas pela Santa Casa é recomendação do Estado ou do Município.

Em seguida completa dizendo que “é o município quem paga”, finaliza. Ano passado o assunto cirurgias eletivas foi pauta de uma audiência pública na Câmara Municipal com debates intensos entre vereadores e dirigentes do hospital. Na oportunidade, o provedor do hospital mencionou que se os vereadores tivessem lido o contrato, não seria necessária a discussão.