POLEPOSITION

Vettel vai deixar a F1 ao final da temporada

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 31-07-2022 10:13 | 507
Sebastian Vettel vai se aposentar ao final da temporada para se dedicar à família
Sebastian Vettel vai se aposentar ao final da temporada para se dedicar à família Foto: F1

Foi um começo de carreira precoce e avassalador. Sebastian Vettel passou como um rolo compressor sobre os adversários. Demorou pouco tempo para vencer quatro campeonatos consecutivos na F1 entre 2010 e 2013 pela Red Bull. Quando sentiu que era hora de mudar de ares, trocou a equipe austríaca pela Ferrari.

Depois da epopeia de Schumacher, um alemão voltava a pilotar para a equipe italiana. Em 2015 o casamento foi selado e com ele os problemas também vieram. O sonho de fazer ao menos um pouquinho do que o ídolo Schumacher fez na escuderia de Maranello não vingou.

Em 2018, Vettel viveu um momento semelhante ao de Charles Leclerc no domingo passado, quando bateu sozinho liderando o GP da França. Sebastian liderava o GP da Alemanha, em Hockenheim, quando escapou sozinho da pista, bateu e abandonou a prova diante da torcida. Um erro bobo que mexeu com o seu psicológico. Para piorar a situação, Hamilton que havia largado da 14ª posição venceu a corrida e conquistou o título no final do ano.

As circunstâncias do acidente e seus desdobramentos parece ter causado algum bloqueio no subconsciente de Vettel  e dali em diante ele venceu só mais duas corridas. E pensando nisso, sem nenhuma presunção, eu torço para que Leclerc tenha melhor sorte na carreira depois do que aconteceu domingo passado. Momentos como esses podem tanto fortalecer como derrubar o piloto. Coincidência ou não, Vettel entrou numa espiral negativa depois de Hockenheim e que resultou numa melancólica saída da Ferrari ao final de 2020.

Na Aston Martin demorou para pegar a mão do carro e a melhor apresentação que teve foi justamente no GP da Hungria do ano passado, onde a F1 está acampada neste final de semana para a disputa da 13ª etapa do Mundial. O alemão terminou aquela corrida maluca em 2º, mas foi desclassificado por falta de combustível suficiente para análise no tanque da Aston Martin.

Nesta quinta-feira, Vettel anunciou que este será seu último ano na F1. Aos 35 anos vai pendurar o capacete ao final da temporada. O comunicado foi de uma sensibilidade que mostra a sua grandeza como ser humano: “Meu foco mudou, de vencer corridas e lutar por títulos para ver meus filhos crescerem e transmitir a eles meus valores. Meu tempo e energia na F1 de maneira correta não condiz mais com o meu desejo de ser ótimo pai e marido”, e encerrou com “minha melhor corrida ainda está por vir”.

Vettel é um ativista engajado na luta pelas causas humanitárias e ambientais. É uma voz e bandeira que se levanta para a comunidade LGBTQIA+. Em 2020 vendeu sua milionária coleção de carros esportivos por um planeta menos poluente. Em Silverstone guiou a Williams campeã de 92 com Nigel Mansell, de sua propriedade, mas abastecida com combustível renovável.

Vettel faz a sua parte passando bons exemplos ao ir de bicicleta para os autódromos e recolhendo lixo nas arquibancadas após as corridas. A estreia na F1 foi meio que às pressas no GP dos Estados Unidos de 2007 substituindo Robert Kubica, na Sauber-BMW, que se acidentou no Canadá. Terminou em 8º, pontuando já na estreia. Em 2008 conquistou a primeira pole e vitória debaixo de chuva em Monza com a modesta Toro Rosso, hoje Alpha Tauri. O próximo passo foi a promoção para a Red Bull em 2009, e fechou o ano como vice-campeão.

Desde 2010 tornou-se - e ainda é - o mais jovem campeão aos 23 anos e 4 meses; bicampeão em 2011 aos 24 anos, tricampeão em 2012 aos 25, e tetracampeão em 2013 aos 26. Além dos 4 títulos, ele soma 57 poles e 53 vitórias. Só não venceu mais que Schumacher e Hamilton, e acumula 3.499 voltas na liderança. Amanhã ele disputará o 290º GP, quando se aposentar terá 299 GPs e uma vida inteira pela frente para contar aos filhos e netos.