CONSTESTAR IBGE

Prefeitos da região querem ‘contestar’ prévia do Censo Populacional de 2022

Por: Roberto Nogueira | Categoria: Cidades | 31-12-2022 09:26 | 4762
Números da pesquisa apresentada aponta que população de Paraíso reduziu em relação a estimativa apresentada ano passado
Números da pesquisa apresentada aponta que população de Paraíso reduziu em relação a estimativa apresentada ano passado Foto: Arquivo

O encolhimento da população na maioria das cidades constatada na prévia do Censo 2022 divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) provocou a mobilização de prefeitos da região. Chefes do poder Executivo ligados a Associação Pública dos Municípios da Microrregião do Médio Rio Grande (AMEG) e a Associação de Municípios da Baixa Mogiana (Amog) devem se reunir na próxima terça-feira,3 de janeiro para debater a situação. A intenção é tomar alguma medida coletiva ante a possibilidade de perdas de recursos que são repassados pelo governo.

Conforme anunciado na quarta-feira,29, na prévia do Censo 2022 que continua em andamento a maioria das cidades da região não atingiu os números das estimativas previstas. O prefeito de São Sebastião do Paraíso, Marcelo Morais foi um dos que demonstrou indignação com o quadro apresentado e liderava a mobilização das prefeituras. Mesmo reconhecendo que houve a recusa de parte da população em responder a pesquisa ele acredita que a estimativa municipal apresentada está muito aquém do esperado.

Em Paraíso a expectativa era de que a população alcançasse ao menos 80 mil habitantes e o número apresentado foi de 10 mil pessoas a menos. “Eu avalio por parte do IBGE e quanto por parte da população como decepcionante este resultado”, comentou Marcelo Morais. Em seguida ele adiantou que não ficará de braços cruzados. “Já mobilizei os presidentes da AMEG e da AMOG, os prefeitos vão se reunir na próxima terça-feira,3, em Passos para tratar deste assunto”, anunciou.

Pelos números apresentados os municípios podem ter perda de receita em relação ao repasse de recursos governamentais que são fundamentados com base nos índices populacionais. Em Paraíso haveria o retrocesso do coeficiente do atual 2,60 para 2,40; enquanto em Passos a redução seria de 3,40 para 3,20. Cidades como Ibiraci, Cássia e Arceburgo também terão perdas. Por outro lado, Itamogi por exemplo que registrou aumento de população passaria do coeficiente 0,60 para 0,80 aumentando assim sua parte na receita.

Em Minas Gerais seriam cerca de 83 municípios que teriam perdas em torno de R$384.824.682,81 em valores brutos anuais. “Vamos avaliar a possibilidade de entrarmos com uma ação coletiva  contra o IBGE para rever esta situação”, antecipa Morais.

Na região da AMOG, a previa aponta um encolhimento da quantidade de habitante. O número divulgado é de 254.435 habitantes e a estimativa estava em quase 261 mil. Entre as cidades que aparecem com menos habitantes do que a estimativa anterior, estão Guaxupé, Monte Santo de Minas, Monte Belo e Cabo Verde. Já as cidades que cresceram em número de habitantes estão Juruaia, Muzambinho e Guaranésia.

 

Prejuízos

 

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) lamenta que novos atrasos na coleta de dados adiem, mais uma vez, a divulgação de um novo Censo Demográfico no Brasil. Com o último levantamento realizado em 2010, mais do que descumprir a legislação, que determina que o Censo ocorra a cada 10 anos, o atraso prejudica diretamente a população brasileira e os Municípios, onde, de fato, são efetivadas as políticas sociais do país.

A entidade destaca a importância da contagem populacional para a definição dos coeficientes de distribuição do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e para distribuição de recursos em dezenas de programas federai. O Censo é a ferramenta que permite fazer uma radiografia e, portanto, um diagnóstico da realidade brasileira. Sem isso, toda a gestão pública, nas três esferas de governo, é penalizada pela falta de indicadores concretos – demográficos e socioeconômicos – que orientem a construção e a implementação de investimentos e políticas públicas.

Desde que informada que a contagem não seria concluída em 2022, a Confederação trabalha para evitar perdas aos Entes municipais, defendendo que o Censo seja publicado em 2023 com efeitos no FPM em 2024. Um Censo baseado em resultados parciais de contagem populacional seria inadmissível argumenta a direção da entidade. Por isso, foi apresentado ao Tribunal de Contas da União (TCU) o pleito – aprovado em mobilização da entidade pelos prefeitos – para que o Censo seja publicado em 2023, com efeitos no FPM para 2024 e que para a estimativa a ser encaminhada ao TCU seja usada a metodologia clássica e não a baseada em um Censo incompleto, sob pena de muitos Municípios serem prejudicados.

Um dos motivos para a demanda municipalista é a discrepância que pode ocorrer, neste momento, ao alterar o coeficiente com base em estimativas de um Censo parcial, uma vez que a coleta não é proporcional em todo território nacional, sendo mais avançada em algumas localidades do que em outras.

A CNM informa que reconhece o esforço no processo de coleta de dados e das dificuldades que o IBGE tem enfrentado, inclusive com a falta de planejamento e de previsão orçamentária por parte da União, que não tratou o Censo como prioridade, mas reforçamos que um resultado parcial não atende aos Municípios.

INDICADORES POPULACIONAIS DA AMEG

MUNICIPIOS

Censo 2010

Previa até 25 Dez 2022

Estimativa 2021

Alterosa

13.717

13.967

14.566

Alpinópolis

18.488

17.883

20.059

Bom Jesus da Penha

3.887

4.479

4.270

Capetinga

7.089

6.473

6.860

Capitólio

8.183

9.794

8.693

Carmo do Rio Claro

20.426

20.725

21.310

Cássia

17.412

16.923

17.741

Claraval

4.542

4.658

4.873

Delfinópolis

6.830

8.343

7.146

Doresópolis

1.440

1.378

1.539

Fortaleza de Minas

4.098

3.479

4.460

Guapé

13.872

13.781

14.269

Guaxupé

49.430

51.015

52.234

Ibiraci

12.176

10.780

14.128

Ilicínea

11.488

12.741

12.511

Itamogi

10.349

10.781

10.122

Itaú de Minas

14.945

14.293

16.286

Jacuí

7.502

7.515

7.695

Monte Santo de Minas

21.234

20.881

21.504

Nova Resende

15.374

16.545

16.937

Passos

106.290

110.555

115.970

Piumhi

31.883

34.834

35.137

Pimenta

8.236

8.210

8.715

Pratápolis

8.807

8.416

8.530

São João Batista do Glória

6.887

7.455

7.541

São José da Barra

6.778

7.862

7.572

São Roque de Minas

6.686

6.893

7.100

São Sebastião do Paraíso

64.980

70.976

71.915

São Tomás de Aquino

7.093

6.745

6.980

Vargem Bonita

2.163

1.984

2.143

Total

512.285

530.364

548.806

 

INDICADORES POPULACIONAIS DA AMOG

Município

Estimativa populacional 2021

Prévia do Censo até 25/12/2022

Alterosa

14.566

13.697

Arceburgo

10.990

9.278

Areado

15.288

13.752

Bom Jesus da Penha

4.270

4.479

Botelhos

14.927

14.703

Cabo Verde

14.074

11.276

Conceição Aparecida

10.351

10.408

Guaranésia

19.014

19.209

Guaxupé

52.234

51.015

Itamogi

10.122

10.781

Jacuí

7.695

7.515

Juruaia

10.795

11.000

Monte Belo

13.139

13.092

Monte Santo de Minas

21.504

20.881

Muzambinho

20.522

21.935

Nova Resende

16.937

16.545

São Pedro da União

4.563

4.869

Total

260.991

254.435

Fonte: AMOG -