TRABALHOS

Desemprego aumenta e faz Paraíso perder 100 postos de trabalho

Segundo IBGE, número de pessoas desocupadas no País é a maior desde 2015. Presidente da Acissp afirma que situação só não é pior graças ao agro
Por: Ralph Diniz | Categoria: Cidades | 12-04-2023 05:24 | 1534
Presidente da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Serviços de São Sebastião do Paraíso (Acissp), Matheus Colombaroli
Presidente da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Serviços de São Sebastião do Paraíso (Acissp), Matheus Colombaroli Foto: Reprodução

O Brasil enfrenta uma preocupante situação no cenário de emprego, com um aumento significativo no desemprego durante o último trimestre, em comparação com o mesmo período de 2022. A taxa de desemprego no Brasil atingiu 8,6% no trimestre encerrado em fevereiro, o menor resultado para o período desde 2015. As informações foram divulgadas recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PN AD Contínua), que considera tanto o mercado formal, quanto o informal.

De acordo com os dados, o número de desocupados no País aumentou 0,5% e alcançou 9,2 milhões de pessoas, representando um acréscimo de 483 mil indivíduos em busca de trabalho. A pesquisa também apontou uma queda de 1,6% no número de ocupados, com a retração de 1,6 milhão de pessoas no mercado de trabalho em relação ao trimestre anterior. O nível de ocupação, que corresponde ao percentual de pessoas ocupadas na população em idade para trabalhar, chegou a 56,4%, uma queda de 1 ponto percentual na mesma comparação.

Ainda conforme a pesquisa, entre as categorias que mais perderam postos de trabalho nesse período, destacam-se o empregado sem carteira no setor público, o empregado sem carteira assinada no setor privado e o trabalhador por conta própria com CNPJ. Por outro lado, o número de empregados com carteira assinada no setor privado se manteve estável, após seis trimestres consecutivos de crescimento significativo.

E os números estão refletindo na economia local. Em São Sebastião do Paraíso, pelo menos 100 postos de trabalho formal foram fechados entre dezembro de 2022 e fevereiro deste ano. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), 1902 trabalhadores foram admitidos no período, contra 2002 demitidos. Para se ter ideia do tamanho do prejuízo, no mesmo período do ano anterior, foram criadas 473 novas vagas de emprego com carteira assinada, com 2463 admissões e 1990 demissões entre dezembro de 2021 a fevereiro de 2022.

Para o presidente da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Serviços de São Sebastião do Paraíso (Acissp), Matheus Colombaroli, o aumento no desemprego representa uma preocupação para a economia nacional, que ainda busca se recuperar dos impactos causados pela pandemia de covid-19. Ele aponta que o cenário negativo está relacionado a fatores como a inflação elevada, a instabilidade política e a baixa confiança dos empresários e consumidores na economia.

Essa combinação de fatores desestimula a abertura de novos negócios e a contratação de funcionários. “Há diferentes fatores ocorrendo simultaneamente. O primeiro e mais importante é a incerteza econômica. O novo governo ainda não mostrou seus projetos, não definiu sua linha econômica e como fará para estimular o desenvolvimento nacional. Isso gera incertezas e os empresários ficam aguardando, deixando de investir recursos para aumento de produção e desenvolvimento. O comércio também não quer investir agora e não contrata, por receio do que está por vir. Outro fator é a taxa básica de juros, que torna mais atraente deixar o dinheiro parado no banco, rendendo juros, e o dinheiro não circula na economia”, declara.

Sobre o fechamento de pelo menos 100 vagas de trabalho formal no município nos últimos três meses, o presidente da associação explica que Paraíso reflete a situação nacional, e comenta que a situação econômica local só não é pior graças ao campo. “Ainda bem que temos um agronegócio forte, que ajuda a cidade e a região a suportar esses momentos, senão nossa economia local estaria bem pior. Infelizmente ainda não temos um projeto de real desenvolvimento local, com atração de grandes empresas e indústrias, somente tentativas de aumento do comércio local”.

Questionado sobre o setor mais prejudicado com a instabilidade econômica vivida pelo País desde o início do ano, Matheus Colombaroli comenta que nenhuma área tem sofrido tanto quanto o comércio. “Os serviços ainda crescem, a indústria está parada e o agro nos sustenta. O comércio, usando palavras que ouvimos diariamente na Acissp, despenca ano a ano. E assim os empregos desaparecem”, explica.

Entretanto, para o presidente da Acissp, nem tudo é terra arrasada. Segundo ele, embora os empregos tenham diminuído de forma geral, a demanda para profissionais capacitados tem aumentado, e não consegue ser suprida, principalmente na área de tecnologia da informação. “São 160 mil vagas abertas no Brasil e não preenchidas, além de constante aumento do salário desse grupo. E Paraíso tem um centro de formação de excelência na UFLA, que precisa ser apoiado, estimulado e aproveitado pela região como um todo”, conclui Colombaroli.