Assim como todo o País, São Sebastião do Paraíso vive em 2023 um dos piores surtos de dengue dos últimos anos. Segundo informações do Departamento de Vigilância em Saúde, quase 1,6 mil casos confirmados já foram registrados no município desde janeiro, sendo que uma criança de seis meses de idade faleceu no início do ano.
Diante disso, populares têm questionado o fato de nenhum fumacê veicular ter sido realizado em Paraíso até o momento, apesar do crescente número de pessoas infectadas pelo mosquito transmissor da dengue. Enquanto isso, cidades vizinhas, como Passos, começaram a ter o fumacê em suas ruas em março.
Na época, a prefeitura declarou ao Jornal do Sudoeste que o procedimento só poderia ser realizado pela Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Passos e que, apesar de diversas solicitações do Executivo, não havia nenhum posicionamento favorável ao fumacê em Paraíso.
Outro fator alegado pelas autoridades de saúde era a de que, até o mês de abril, o Ministério da Saúde não tinha em seu estoque inseticida Cielo ULV, utilizado nos fumacês. E esse fato também teria atrasado a aplicação do produto químico em vários municípios brasileiros.
Nesta semana, a reportagem do “JS” entrou em contato com a SRS, órgão que é ligado ` Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), a fim de questioná-la sobre a falta do fumacê no município. Em nota emitida por sua assessoria de comunicação social, a Superintendência, esclareceu que “o veículo acoplado com o equipamento de Ultra Baixo Volume (UBV) deve ser solicitado pelo Município ao Comitê Regional de Enfrentamento das Arboviroses (CREA)/SRS Passos, que após avaliação será encaminhada ao Comitê Estadual para autorização”. Ainda sobre os municípios que tiveram UBV veicular, a SRS de Passos declarou que estes fizeram a solicitação através do CREA e obtiveram autorização da Comitê Estadual, com liberação da Coordenação da Central de UBV da SES-MG.
Sobre a falta do inseticida Cielo ULV, utilizado nos fumacês, a Secretaria de Estado de Saúde informou que “aguarda o envio do inseticida adulticida por parte do Ministério da Saúde, que é o responsável pelo seu fornecimento, para regularização do abastecimento”. Declarou, também que, além do Cielo ULV, a pasta federal “preconiza o uso de outros insumos no controle das arboviroses urbanas (dengue, chikungunya, zika e febre amarela), como o Larvicida Espinosade e Inseticida Fludora Fusion, cujo método de uso é diferenciado do fumacê, sendo utilizados no tratamento dos pontos estratégicos - locais onde há concentração de depósitos do tipo preferencial para a desova da fêmea do Aedes aegypti ou especialmente vulneráveis à introdução do vetor, como cemitérios, borracharias, ferros-velhos, depósitos de sucata ou de materiais de construção, garagens de ônibus e de outros veículos de grande porte”.
A SRS de Passos não respondeu ao questionamento de uma previsão para a realização do fumacê em Paraíso. Esclareceu, apenas, que o procedimento “não é a única medida de ação e controle da dengue”. Segundo a Superintendência, o inseticida mata apenas os mosquitos que estiverem voando no momento em que o produto está sendo usado. “Como estudos mostram que mais de 80% dos focos da dengue estão dentro do domicílio, o produto não é eficaz na eliminação das larvas dos criadouros”.
Por fim, o órgão ressaltou que tem trabalhado junto aos municípios no sentido de orientar a execução das demais medidas de controle do vetor Aedes aegypti, tais como: a execução de visitas domiciliares para identificação e tratamento dos focos, utilizando larvicida, ou ainda a remoção e eliminação dos focos e criadouros identificados; a execução de atividades de mobilização social, educação e comunicação, como os mutirões de limpeza, com vistas a incentivar a participação social para eliminação de potenciais criadouros e focos do mosquito, e o monitoramento dos dados epidemiológicos para definição das estratégias de ação.
NÚMEROS DA DENGUE
Segundo os dados atualizados do Departamento de Vigilância em Saúde, São Sebastião do Paraíso já registrou 1.596 casos positivos de dengue no município desde 1º de janeiro. Além disso, 4.803 pessoas já procuraram o sistema de saúde com sintomas suspeitos da doença. Ainda de acordo com os números, 536 pacientes testaram negativo para dengue, enquanto 1982 ainda aguardam resultado de exame laboratorial.
Apesar da situação continuar preocupante, Luciano Santana, responsável pelo Departamento Municipal de Controle de Zoonose, comemora a queda no número de registros de casos suspeitos de dengue na última semana. Entre os dias 16 e 22 de abril, foram contabilizados 508 casos prováveis da doença, contra 621 registrados entre os dias 9 e 15. Segundo ele, a queda ocorreu devido “aos serviços realizados pelos agentes de combate à dengue e, também, ao empenho em combater o mosquito por grande parte da população”.