SÃO TOMÁS DE AQUINO

A essência de um poeta. Uma voz um violão...

Contando Histórias de São Tomás de Aquino, UMA HOMENAGEM AO OLÍVIO SILVA - Jornal de aniversário - Julho de 2003
Por: Selma Braia | Categoria: Cidades | 01-05-2023 06:00 | 939
Ademar, Rodrigo Russo e Olívio
Ademar, Rodrigo Russo e Olívio Foto: Arquivo

Não é difícil escrever sobre Olívio Silva. Um moço de caráter, digno. Filho querido do casal, Dona Ana Silveira e João Augusto da Silva, o terceiro de uma irmandade de sete irmãos.

Uma alma de poeta, um grande amigo, um homem de fé, uma voz de seresteiro. Com muito orgulho, parte da história de São Tomás de Aquino.

Nada mais justo que esse caderno de aniversário, alusivo aos 118 anos de fundação do município lhe preste, com todas as honras, uma homenagem como filho desta terra abençoada por Santo Tomás

Aos oito anos, descobriu a vocação musical. Foi na casa de seu avô, Joaquim Pedro, quando suas tias, Auxiliadora e Aparecida estudavam acordeon como alunas do Colégio Paula Frassinetti. Nesta época Olívio já fazia parte do corinho da Igreja Matriz, assim, até a adolescência. Estudante do ginásio, na quarta série, participava dos teatros, festivais, aluno de canto de dona Anete Abrão, seu interesse pela música foi se solidificando. Nesta época surgiu o “gosto” pelo violão e, grande admiração pelos seresteiros aquinenses, José Roberto Figueiredo, José Orneles, Chorinho.

Seu primeiro violão foi o do seu tio Jorge Silveira, e a afirmação musical foi acompanhada de perto pelo amigo “Carlos do Weslênio”. Naquela época, seu café da manhã, almoço e jantar, era música e mais música...

No período de 1967 a 1969 morou em Ribeirão Preto e aí aconteceu um aprimoramento musical através do amigo Lauro, formado em violão. Quando chegava a São Tomás, as serenatas já eram de praxe. Um trio estava definitivamente formado: Olívio, Carlos e Ademar.

Aconteciam as famosas galinhadas, os assustados, daqueles que todos, menos o dono da casa sabia. Recebia uma serenata, via de regra acompanhada por muitas pessoas, mas para seu alívio chegavam trazendo comida e bebida, com fartura. Os saraus de música, e memoráveis bate-papos, também eram marcantes.

As serenatas para Dona Nitinha (Ana Santana), eram agradecidas com cálices de vinho rosado (Palmeira) e Martini. Um tempo tão ingênuo e feliz que não volta mais.

Na década de 70 retornou definitivamente para sua terra natal, e cantava no coro da Igreja Matriz sob a regência de dona Ninfa Coimbra, onde a estrela do coro era o famoso órgão, movido a pedal. Com a saída de Ninfa Coimbra, Olívio assume a direção do coral católico aquinense.

Sob o incentivo e patrocínio de dona Lourdes Abrão Lima que na ocasião era presidente do Clube Recreativo Aquinense, surge o conjunto CRA, animados reveillons, sucesso nas cidades vizinhas. A alegria da cidade, por possuir seu próprio conjunto musical. Sem os recursos técnicos e instrumental que hoje os conjuntos possuem, o CRA composto por Olívio (guitarra), Sargento Pádua (bateria) e dois cantores Olívio e Ademar Vieira, conseguiam, motivados pela vocação e sensibilidade, som da mais alta qualidade e vozes afinadas.

Quem cobria as faltas do baterista Pádua era o jovem Nelson Duarte, músico também, hoje diretor do Jornal do Sudoeste.

Os instrumentos foram adquiridos (os amplificadores e as caixas de som também), do “Edinho Santa Cruz”, de Passos, quando de sua mudança para São Paulo. Edinho, hoje no “Programa do Faustão”, na Rede Globo. O CRA adquiriu tal fama que “fazia” bailes na região.

Paralelo ao trabalho do conjunto musical, Olívio também é lembrado por sua atuação no coro da Igreja Matriz. Casamento para ser bonito, teria também que ter o coral do Olívio. Papel importante teve Eliane Lima Tonin que com suas adaptações nas melodias de sucesso, elaborava letras de magia e emoção para músicas de Roberto Carlos e tantos outros cantores.

A música Luciana, defendida pela cantora Evinha em um festival internacional realizado no Rio de Janeiro, foi, é, e será inesquecível com a letra de Eliane para ser cantada nas missas e casamentos.

Em 1972 - 1973, Olívio foi professor de Educação Artística (voltada para a área de canto), no ginásio. No ano de 1976, foi para Franca como funcionário do Banco Real e foi gerente em um posto de atendimento na indústria Amazonas. Antes, havia trabalhado na farmácia do Sr. Jairo de Lima, com gratas recordações desse tempo.

Todavia, São Tomás, terra querida, sempre estava em primeiro plano nos seus finais de semana. As serenatas aconteciam infalivelmente às sextas feiras. A amiga Selma Braia tinha espaço nobre reservado entre tantas outras amigas. Talvez pelo fato de serem vizinhos, era a primeira casa a ganhar tão especial visita.

O tempo foi passando, cada um da turma, tomando seu rumo. Casando, partindo, se reencontrando.  Olívio é tudo o que foi descrito, e muito mais. Um querido amigo, uma alma de poeta, uma linda voz e um violão... Ainda mora em São Tomás com seus familiares.

Olívio da Silva faleceu no dia 24 de Abril de 2023 em São Tomás  de Aquino.

Olívio no comando do coro da Igreja Matriz
Olívio no centro. Da esquerda p/ direita: Ademar, Zezão, Rogério e Tião