Por Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista
A grave problemática da imortalidade do Espírito sempre desafiou o pensamento histórico e, nas mais diversas épocas do passado, constituiu um desafio filosófico, dando lugar ao nascimento de escolas diferentes encarregadas de conduzir a humanidade aos cultos religiosos das diversas nações…
Alguns fenômenos antropológicos do processo da evolução e outros decorrentes do estágio intelecto-moral facultaram o surgimento de cultos bárbaros uns, extravagantes outros, em razão do primarismo do ser humano.
Lentamente, porém, à medida que o pensamento se equipava de recursos técnicos para a observação e o estudo, estruturaram-se e passaram a ser discutidos e mais bem analisados.
A Filosofia, buscando oferecer razões lógicas para a existência que pudesse superar os sofrimentos e explicar as origens da vida, abriu os abismos do materialismo, apresentando respostas negativas a quaisquer possibilidades de prosseguimento existencial após a morte.
Os Espíritos, porém, prosseguiram na faina de despertamento das consciências humanas apresentando-se com frequência e de forma inconfundível, permitindo a comunicação racional e demonstrativa da sua realidade.
No passado remoto, Krishna, Buda, Confúcio, Sócrates, Platão e incontáveis gênios da razão e do pensamento foram favoráveis à imortalidade e deixaram iluminada contribuição, confirmando o prosseguimento da vida após o decesso celular, e outros notáveis mestres da humanidade foram martirizados pela coragem das suas afirmações.
Foi, no entanto, Jesus Cristo, o ser mais notável que existiu, quem mais demonstrações ofereceu em torno da sobrevivência ao fenômeno da morte, facultando compreender-se que a vida física é apenas uma etapa da realidade existencial.
Quando as conquistas da Ciência alargaram os horizontes culturais em pleno século XIX e combateram a fé cega proposta pelas religiões, os fenômenos paranormais que sempre existiram foram pesquisados com imparcialidade, receberam o aval de legitimidade e passaram a merecer o respeito e a consideração que lhes eram devidos.
Entretanto, foi o professor Rivail, mais tarde conhecido pelo pseudônimo de Allan Kardec, infatigável estudioso e pesquisador, quem no dia 18 de abril de 1857, em Palais Royale, na Livraria Dentu, na Galeria de Orleans, apresentou o resultado dos seus esforços em O Livro dos Espíritos, dando lugar ao surgimento da Doutrina Espírita ou Espiritismo.
Com a publicação dessa obra, surgiu uma filosofia cristã fundamentada em fatos, o que lhe confere um campo para investigações científicas e, mediante as respostas dos Espíritos, um comportamento de religiosidade muito especial.
O Livro dos Espíritos é a pedra angular do Espiritismo. Artigo originalmente publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 11 de abril de 2024.