POLEPOSITION

A primeira vez de Norris e a redenção da McLaren

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 11-05-2024 02:58 | 861
Lando Norris controlou Verstappen pelos retrovisores sem dar chances ao líder do campeonato
Lando Norris controlou Verstappen pelos retrovisores sem dar chances ao líder do campeonato Foto: F1

É sempre bom ver um novo piloto vencendo na F1, ainda mais quando se trata de um competidor talentoso e carismático. Lando Norris esperou 110 Grandes Prêmios desde a sua estreia no GP da Austrália de 2019 para alcançar o topo. Parece que foi ontem quando cruzei pela primeira vez com aquele jovem e promissor piloto com cara de adolescente e brincalhão pelo paddock de Interlagos, mas só depois da corrida do domingo passado, em Miami, que me dei conta de que esta é a sexta temporada de Norris na F1, todas com a McLaren.

Desde a vitória de George Russell com a Mercedes em 2022 no GP de São Paulo que a F1 não conhecia um vencedor diferente. Nesse período amplamente dominado pela Red Bull, Max Verstappen quase não deixou sobrar nada para os adversários, salvo as duas vitórias do companheiro Sergio Pérez, duas de Carlos Sainz com a Ferrari, a de Russell e a recente de Lando Norris.

O tempo estava sendo cruel com este ainda jovem inglês de 24 anos que estava à beira de ostentar uma marca negativa de maior número de pódios sem nunca ter vencido. Ele encerrou a estatística empatado com Patrick Depailler, Jean Alesi, Mika Hakkinen e Eddie Irvine com 15 pódios até a primeira vitória. A marca que nenhum piloto quer carregar continua com o alemão Nick Heidfeld que disputou 183 GPs entre 2000 e 2011 e encerrou a carreira com o total de 13 pódios sem jamais ter vencido uma corrida.

Com a vitória no GP de Miami, Lando Norris tornou-se o 114º piloto diferente a vencer pelo menos uma corrida na F1 desde o surgimento da categoria em 1950. Você pode estar se perguntando se 114 vencedores diferentes em 74 anos de Campeonato Mundial  - 1.107 GPs disputados até aqui - é muito ou pouco. Seria pouco não fosse as impressionantes marcas de ‘predadores’ como Lewis Hamilton (103 vitórias), Michael Schumacher (91), Max Verstappen (58), Sebastian Vettel (53), Alain Prost (51) e Ayrton Senna (41), para ficar apenas nos que venceram mais de 40 corridas. E pode parecer muito levando-se em conta o grau de dificuldades para vencer na F1 com a velha máxima do automobilismo de que é preciso estar no lugar certo e na hora certa.

A verdade é que a primeira vez de Norris poderia ter vindo antes, em 2021 na Rússia quando largou da pole position e caminhava para uma vitória consagradora, mas uma forte chuva desabou nas voltas finais e ele arriscou não parar para trocar pneus, rodou e pagou o preço da juventude aliada à vontade de vencer. No ano passado a McLaren teve um mau começo de campeonato. Quem poderia imaginar que a equipe que há 12 meses, na mesma pista, se classificou em 16º e 19º para a largada do GP de Miami e terminou a prova em 17º e 19º, respectivamente, conquistaria uma vitória construída na pista com a estratégia precisa de Norris em retardar ao máximo sua parada para troca de pneus durante um Safety Car quando todo mundo já havia feito seus pit stops? A conquista de Norris passa pelo processo de reorganização que vinha sendo muito bem feito pelo ex-piloto Gil de Ferran, falecido no final de dezembro do ano passado, um dos pilares que ajudou a recolocar a McLaren nos trilhos. Dai vem todo o reconhecimento e reverência prestada ao brasileiro durante a comemoração em Miami.

A vitória de Norris com uma McLaren que respondeu bem ao novo pacote de atualizações do MCL38 é um alento para as próximas etapas do Mundial que aos poucos, quase que imperceptível, Ferrari e McLaren estão se aproximando da Red Bull por mais paradoxal que pareça. E isso é muito bom para a F1.

Parabéns a todas as mães pelo seu dia e um super beijo carinhoso à minha querida mamãe, presente de Deus em minha vida!