CRÔNICA - Joel Cintra Borges

O namoro dos ouriços

Por: Joel na Balada | Categoria: Cultura | 11-11-2017 21:11 | 1275
Foto: Reprodução

O tempo nos ensina muita coisa, conhecimentos acumulados através dos anos com o estudo, ou da forma mais dolorosa - através dos erros. Numa situação, porém, a experiência pode atrapalhar: relacionamentos. O jovem é mais aberto, aceita as coisas com mais naturalidade. Piercing, brinco, cabelo comprido, tatuagem, tudo é normal, cada um vive como quer e as diferenças ajudam até a dar mais colorido à vida. O adulto já tem uma ideia do que deseja e na maioria das vezes não quer dar chance àquilo que é novo, diferente. E começa a podar daqui e dali, como se pessoas fossem arbustos, árvores de jardim que se prestam a ser transformadas ao bel prazer do jardineiro!
Uma boa receita de relacionamento é respeitar o espaço do companheiro, procurar amá-lo como ele é, com suas qualidades e defeitos. E ter olhos bons, olhos que realçam as qualidades e minimizam os defeitos. Como é que ouriços namoram? Respeitando o espaço um do outro e com cuidado para não se ferirem mutuamente!
O namorado às vezes chega dez minutos atrasado e encontra a moça nervosa, resmungona, olhando para o relógio. Não importa a explicação que ele dê, a noite já está estragada. Não tanto pelo atraso em si, que pode ser devido ao trânsito, a um problema no carro, mas pela desmedida importância que a moça deu ao caso.
Um vinho derramado na toalha da mesa, ou no chão, durante uma reunião festiva; um copo quebrado, que importância têm, se comparados com a felicidade, com a alegria das pessoas que ali estão? E, no entanto, às vezes viram um cavalo de batalha, um começo de briga, um azedume que contamina todo o ambiente!
Qual é mesmo a maneira certa de falar, polipo ou pólipo, necropsia ou necrópsia, autopsia ou autópsia? Isso não tem tanta importância, não somos dicionários ambulantes! E, na dúvida, é só pegar um Aurélio ou um Houaiss e dar uma olhada. O que machuca é ser corrigido pelo companheiro, especialmente em público.
As amantes costumam ter tanto sucesso porque se programam apenas para agradar. Como têm pouco tempo, elas procuram utilizá-lo apenas com o que é agradável, deixando de lado discussões estéreis e estraga-prazeres. 
Penso que questões sérias devem mesmo ser discutidas de maneira clara, com todas as cartas na mesa, mas em momentos adequados, agendados para isso. Já o azedume constante é a melhor fórmula para ficar sozinho a vida inteira!