PL que assegura atendimento humanizado em casos de perda gestacional dá entrada na Câmara
Vereadora Laís Carvalho propõe “Lei Theo”, que prevê leito separado e apoio psicológico a mães que enfrentam natimorto ou óbito fetal

A Câmara
Municipal de São Sebastião do Paraíso passou a analisar, desde esta
segunda-feira (12), o Projeto de Lei nº 5714/2025, de autoria da vereadora Laís
Carvalho, que institui no município a chamada “Lei Theo”. A proposta estabelece
a obrigatoriedade de atendimento psicológico e leitos separados para gestantes
em casos de natimorto ou óbito fetal nas unidades de saúde públicas e privadas
da cidade.
Durante
a sessão, Laís utilizou a tribuna para defender o projeto, que tem inspiração
direta em uma história pessoal de dor: a morte de Theo Henrique Carvalho Fiori,
ocorrida em 26 de dezembro de 2019, com 37 semanas de gestação. A parlamentar
explicou que sua irmã, Larissa, enfrentou a perda em um momento extremamente
delicado e sem o suporte adequado da estrutura hospitalar. “Foi uma experiência
devastadora não só pela perda em si, mas também pela ausência de preparo
emocional e físico por parte da instituição. Isso não pode mais se repetir”,
disse.
Na justificativa
do projeto, a vereadora destaca que o trauma da perda gestacional está
associado a altos índices de depressão, ansiedade e transtornos como o estresse
pós-traumático. “A dor dessas mães é agravada quando elas são mantidas em
ambientes onde outras mulheres celebram o nascimento de seus filhos. Isso
representa uma situação de extrema vulnerabilidade psíquica, muitas vezes
negligenciada pelo sistema de saúde”, pontua o texto.
A
proposta determina que hospitais e maternidades ofereçam leitos separados,
garantindo privacidade e respeito à condição emocional da gestante. Também
assegura o direito à presença de um acompanhante durante a internação e prevê
apoio psicológico especializado, tanto durante quanto após a permanência
hospitalar. Os profissionais devem ser capacitados e, caso não haja equipe no
local, as pacientes devem ser encaminhadas para unidades com suporte, como o
CAPS.
A
vice-presidente da Casa, vereadora Cidinha Cerize, também se manifestou e
parabenizou a colega pela sensibilidade ao tratar de um tema ainda pouco
discutido. “Os assuntos têm que ser trazidos à tona, serem debatidos, para que
as melhorias aconteçam e outras mulheres não passem pela mesma situação”,
afirmou.
Cidinha
aproveitou a oportunidade para mencionar um projeto que já existe na Santa Casa
de São Sebastião do Paraíso, coordenado por uma psicóloga da instituição.
Trata-se da cartilha “Caminhos para Enfrentar a Perda”, destinada a orientar
familiares em luto. Segundo a vereadora, ainda não há separação física das mães
no hospital, mas isso não significa que não possa ser implementado futuramente,
desde que com apoio de uma equipe especializada. Ela acrescentou que,
atualmente, as mães recebem acolhimento e são encaminhadas para suporte
psicológico fora da unidade, quando necessário.
O projeto foi aprovado como objeto de deliberação por unanimidade e seguirá agora para análise das comissões permanentes da Câmara. Se receber pareceres favoráveis, voltará ao plenário para votação definitiva.