Projeto endurece combate ao cerol em Paraíso
Texto amplia proibição, eleva multas e fortalece fiscalização; vereador vítima de linha cortante relata quase tragédia

A
Câmara Municipal de São Sebastião do Paraíso começou a analisar, nesta segunda
feira (12), o Projeto de Lei nº 57152025, de autoria do vereador Juliano Reis
(Biju), que aperfeiçoa e torna mais severa a legislação municipal contra o uso
de cerol. A proposta atualiza a Lei 4.1572014, inclui a linha chilena e demais
artefatos cortantes, e eleva as penalidades para quem fabricar, vender,
transportar ou usar esse tipo de material na cidade.
Logo
após a leitura do texto, feita pelo secretário da Mesa, vereador Luiz Benedito
de Paula, Biju pediu a palavra para contextualizar a iniciativa. Ele exibiu um
vídeo com acidentes recentes envolvendo entregadores de aplicativo e lamentou a
rotina de riscos que esses trabalhadores enfrentam: “Os motofretistas são a
artéria que move o trabalho da cidade. Uma linha dessas pode decepá-los. Não
quero esperar alguém perder o braço ou a cabeça para agirmos. Precisamos de
fiscalização ostensiva e punição dura”, afirmou.
O
vereador José Luiz das Graças revelou ter quase perdido a vida ao ter o pescoço
atingido por uma linha chilena há poucas semanas, e pediu para subscrever o
projeto: “Se eu estivesse um pouco mais rápido, não estaria aqui hoje.
Precisamos de fiscalização constante e de multas realmente pesadas. Quem insiste
em usar cerol tem de sentir no bolso.” Ele sugeriu que o município delimite
áreas seguras para soltar pipas, desde que sem materiais cortantes.
O
vereador Roney Vilaça elogiou o endurecimento das multas, mas ressaltou que
sanções só funcionam se a fiscalização tiver respaldo legal: “Gente que usa
cerol só aprende quando dói no bolso. Por isso, faço uma indicação ao Executivo
pedindo a regulamentação imediata desta lei, com um procedimento operacional
padrão que dê aos guardas civis municipais todos os instrumentos necessários
para aplicar a multa na hora, sem brechas.”
Na sequência, Luiz de Paula defendeu abordagem rígida: “Se meu filho estiver soltando pipa com cerol, pode prender. A lei vale para todos. Quem for flagrado deve ser levado à delegacia, e o comércio que vender linha cortante precisa ser multado e, em reincidência, ter o alvará cassado.”
Principais mudanças na lei
A
nova redação proposta expande a proibição para toda a cadeia — uso, fabricação,
transporte, posse e comércio de linhas cortantes — e classifica as infrações
como grave ou gravíssima, com multas entre 10 e 20 Valores de Referência
Municipal, que podem dobrar em caso de reincidência. O texto determina a
destruição imediata do material apreendido, garante o direito de defesa administrativa,
autoriza convênios com Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, escolas e conselhos
tutelares para ampliar a fiscalização e exige sinalização clara em “pipódromos”
oficiais indicando a proibição do cerol. Além disso, o projeto prevê campanhas educativas
permanentes para conscientizar a população sobre os riscos.
Na
justificativa, Biju argumenta que o cerol transforma uma brincadeira em
“conduta de alto risco”, associada a acidentes fatais com motociclistas,
ciclistas e pedestres, e destaca prejuízos à rede elétrica e de
telecomunicações.
A matéria foi aprovada como objeto de deliberação e segue agora para análise das comissões permanentes. Se receber pareceres favoráveis, retornará ao plenário para votação.