Mônaco virou ‘café sem conserto’ para a F1
Mudança na regra de pneus específica para Mônaco movimentou a corrida, mas não resolveu os problemas de falta de emoção em uma pista que tem se tornado chata para quem corre e quem assiste

Não tem jeito. Mônaco já foi melhor. Sempre foi difícil de ultrapassar, mas nos últimos anos a corrida tem se tornado cada vez mais chata. O traçado é o mesmo desde 2015 com 3.337 metros, mas o grande problema tem sido o tamanho dos carros da F1 que cresceram muito nos últimos anos por conta de mudanças de regulamento e isso tem tornado tedioso para quem corre e para quem assiste a corrida nas estreitas ruas do principado.
Na tentativa de amenizar o marasmo das longas 78 voltas, a
Federação Internacional de Automobilismo determinou para este ano a
obrigatoriedade de cada piloto usar três jogos de pneus durante a corrida, que
na prática, salvo uma interrupção com bandeira vermelha, que não aconteceu,
todos tiveram que fazer duas paradas para troca de pneus.
O objetivo era embaralhar as estratégias com alternativas diferentes para, com sorte, proporcionar alguma imprevisibilidade, ou mesmo criar suspense até a bandeirada. Mas o que se viu foi uma corrida que apesar de movimentada do começo ao fim, tornou-se confusa de entender até mesmo para quem trabalha com a F1. Como toda regra sempre deixa alguma brecha - e os engenheiros e estrategistas da F1 são experts em encontrar essas brechas -, aconteceu exatamente o que se temeu antes da largada com os pilotos que se classificaram mais atrás do grid andando propositalmente mais lentos para abrir espaço para o companheiro de equipe poder fazer suas paradas sem perder a posição. E os que melhor se saíram nesse jogo de equipe foram a Racing Bulls e a Williams que pontuaram com seus dois pilotos. Mas gerou um anticlímax na corrida. Em determinado momento, George Russel, da Mercedes, perdeu a paciência ao ficar preso atrás de uma Williams e optou por cortar caminho para se livrar de Alex Albon que andava cerca de 4 segundos mais lento que o normal. Russell recebeu uma punição de drive through, que é passar pelos boxes, e ainda voltou à frente do piloto da Williams. Se a moda pega, vira bagunça!
Em última análise, a obrigatoriedade de usar três jogos de pneus, ou duas paradas para troca, não deu certo. Poucas pessoas gostaram. O chefe da Williams, James Vowles, chegou a mandar mensagem de celular para o chefe da Mercedes, Toto Wolff, lamentando o que estava fazendo, mas que não tinham outra escolha, no que Wolff concordou que era o certo a se fazer naquelas condições.
Para o GP de Mônaco do próximo ano terá que ser estudado novas alternativas. A verdade é que Mônaco não quer ficar sem a F1 e a F1 não quer perder Mônaco. O importante é que foi experimentado algo diferente, ainda que artificialmente. O fato é que a classificação do sábado tem se tornado muito mais interessante que a corrida em Mônaco e isso já faz algum tempo.
Lando Norris venceu a corrida muito por conta de ter largado
da pole position. Entre os dez primeiros colocados, apenas Lewis Hamilton fez
uma ultrapassagem sobre Isack Hadjar e ganhou uma posição com o abandono de
Fernando Alonso, terminando em 5º. E foi por conta do abandono do espanhol que
quem vinha atrás subiu uma posição. Foram as únicas alterações na bandeirada em
relação à posição de largada do top 10.
Com um terço do campeonato concluído, apenas 3 pontos separam o líder, Oscar Piastri, do vice-líder Lando Norris (161 a 158), e com Verstappen 25 pontos atrás, em 3º.
A F1 prossegue neste final de semana com o GP da Espanha,
que deve ser o último no Circuito de Barcelona, já que a partir de 2026 a
corrida passará a ser disputada nas ruas de Madri. A FIA intensificou
restrições à flexibilidade da asa dianteira dos carros, cabíveis de punição
para quem não estiver rigorosamente dentro do regulamento. E isso pode até
mudar a relação de forças da F1, mas isso veremos no decorrer da prova.
Este será o 55º GP da Espanha, o 35º em Barcelona que tem Michael Schumacher e Lewis Hamilton como os maiores vencedores com seis vitórias. Max Verstappen corre atrás da 5ª vitória, que se acontecer, será a 4ª consecutiva nesta pista.