Verstappen perdeu as estribeiras na Espanha
Piloto da Red Bull vinha em ótima corrida tentando surpreender a dupla da McLaren, mas um Safety Car o colocou em apuros e uma batida desnecessária em George Russell

Max
Verstappen poderia ter evitado um incidente desnecessário com George Russell
nas voltas finais que agitaram o GP da Espanha, em Barcelona. O holandês fazia
excelente corrida tentando surpreender a dupla da McLaren com uma estratégia de
três paradas para troca de pneus contra duas de Oscar Piastri e Lando Norris, e
ainda que não desse certo, o terceiro lugar na corrida estava praticamente
garantido até que a prova foi neutralizada por um Safety Car acionado pelo
abandono da Mercedes de Kimi Antonelli que estacionou na brita devido a pane
mecânica.
Todos os
pilotos aproveitaram para trocar os pneus, mas com a estratégia de três
paradas, significava que Verstappen iria para o quarto jogo de pneus e àquela
altura ele só tinha disponível um jogo de compostos duros, rejeitado por todos
os pilotos por ter alto desgaste e pouca aderência. Verstappen não gostou da
estratégia e depois da corrida a Red Bull reconheceu que teria sido melhor
mantê-lo na pista com os compostos macios que Verstappen tinha calçado 8 voltas
antes de a prova ser neutralizada.
Na relargada,
Verstappen perdeu tração e aderência e foi ultrapassado pela Ferrari de Charles
Leclerc. George Russell se aproveitou do momento e tentou ultrapassar o
holandês por dentro na curva 1, no que Verstappen acabou saindo pela área de
escape e se mantendo à frente da Mercedes.
As diretrizes
de ultrapassagens na F1, muitas vezes interpretadas com dois pesos e duas
medidas, diz que “o piloto que tenta ultrapassar por dentro da curva precisa
ter pelo menos o eixo dianteiro alinhado com o retrovisor do carro que está do
lado de fora da curva para ter espaço para ultrapassar”. Como teoricamente
Verstappen teria levado vantagem sobre Russell, seu engenheiro pediu para que
devolvesse a posição ao britânico, no que Verstappen perdeu as estribeiras e
bateu deliberadamente de propósito na lateral da Mercedes de George Russell e
foi punido com 10 segundos, caindo da 5ª para a 10ª posição na classificação
final do GP da Espanha. Mais que isso, levou três pontos na superlicença, uma
espécie de carteira de motorista dos pilotos, e agora ele tem 11 pontos
somados, o que significa que se tomar mais dois pontos nas duas próximas
corridas por alguma infração, ficará uma corrida suspenso.
A regra
estabelece que o piloto que acumular 12 pontos na carteira em um período de 12
meses, será suspenso de uma corrida. Somente no dia 30 de junho que expiraram
dois pontos que Verstappen recebeu no ano passado. Então, ele terá que fazer os
GPs do Canadá e da Áustria sem cometer nenhuma irregularidade. Outros dois
pontos só vão expirar em 27 de outubro.
Às vezes me
impressiona como Verstappen vai do céu ao inferno com suas atitudes e
comportamentos na pista. Ele obteve uma vitória magistral no Japão superando as
dificuldades da Red Bull diante do favoritismo da McLaren graças a uma volta
mágica na classificação que lhe deu a pole position. Em Ímola foi genial na ultrapassagem
sobre Oscar Piastri na largada saltando de 3º para primeiro em uma manobra que
escrevi aqui na coluna que merecia ser vista e revista várias vezes pela
obra-prima da ultrapassagem. Mas infelizmente às vezes perde a cabeça, como
aconteceu algumas vezes com Michael Schumacher no passado, e faz bobagens que
poderiam ser evitadas como essa da Espanha que não deixa de manchar sua
reputação. Verstappen reconheceu nas redes sociais no dia seguinte que seu
comportamento não foi correto, mas já era tarde. Faltou equilíbrio emocional.
Oscar Piastri venceu a corrida largando da pole position e comandou a dobradinha da McLaren com Lando Norris em 2º. Charles Leclerc obteve o 2º pódio da Ferrari na temporada. Com Verstappen somando apenas um ponto com o 10º lugar, tudo caminha para que a disputa pelo título se concentre entre Piastri (186 pontos) e Norris, agora 10 pontos atrás (176). Verstappen ainda é o 3º, mas 49 pontos distante (137).
Enquanto
isso na F3…
Rafael Camara vai pavimentando seu caminho na F3, que é vitrine para os chefes de equipes da F1, com um desempenho irretocável. Com metade do campeonato concluído, o brasileiro que faz parte da academia de pilotos da Ferrari vem de 4 pole positions, três vitórias e 4 pódios em 5 corridas disputadas, e acumula 26 pontos de vantagem na liderança do campeonato.