Passeata “Quebrando o Silêncio” mobiliza comunidade contra a violência digital em Paraíso

Ação da Igreja Adventista levou orientação às ruas do centro da cidade; organizadores falam em alcance de centenas de pessoas
Mobilização da Igreja Adventista do Sétimo Dia reúne fiéis e voluntários na região central, na manhã de sábado Foto: Divulgação

Na manhã de sábado, 23, ruas da região central de São Sebastião do Paraíso ganharam cor e propósito com a passeata do Projeto Quebrando o Silêncio, iniciativa da Igreja Adventista do Sétimo Dia que, há mais de duas décadas, mobiliza cidades em vários países da América do Sul para conscientizar e prevenir a violência em suas diferentes faces. Em 2025, o foco é a violência digital — assunto que já atravessa o dia a dia de crianças, adolescentes e adultos, do cyberbullying a golpes virtuais, passando por crimes de ódio e exploração sexual infantil na internet.

Com apoio da Guarda Civil Municipal no controle do trânsito, os participantes caminharam da Praça da Fonte até a Praça da Matriz, empunhando cartazes e mensagens de alerta. Ao longo do trajeto, equipes distribuíram materiais informativos com orientações sobre como identificar situações de risco, prevenir abusos e acionar canais de denúncia. Segundo a organização, o ato alcançou centenas de pessoas e cumpriu a missão de provocar reflexão. “O Quebrando o Silêncio é mais que uma campanha, é um compromisso com a vida, a dignidade e a proteção das famílias. Ao falarmos de violência digital, queremos mostrar que a internet deve ser um espaço seguro e saudável, especialmente para nossas crianças e adolescentes”, destacaram.

A mensagem foi simples e direta: desconfiar, orientar, denunciar. Quem presenciou ou sofreu violência online deve procurar os canais oficiais — como o Disque 100 (Direitos Humanos) e o 180 (Central de Atendimento à Mulher), além da Polícia Militar (190), Polícia Civil e Conselho Tutelar — e guardar registros (prints, links, horários), que ajudam a investigação. A orientação vale também para escolas e famílias, chamadas a reconhecer sinais, conversar mais e estabelecer regras de uso de aplicativos e redes.

TEMA EM DEBATE NO MUNICÍPIO
Em Paraíso, o assunto também avançou para o campo das políticas públicas. Tramitam na Câmara propostas dos vereadores Roney Vilaça e Antônio Cesar Picirilo que instituem uma Política Municipal de Prevenção e Combate à Adultização e Sexualização Precoce de Crianças e Adolescentes, com ações educativas, preventivas, protetivas e repressivas voltadas, entre outros ambientes, ao digital, à publicidade e à cultura. O texto amplia a tradicional semana de conscientização sobre internet para a “Semana Municipal de Conscientização sobre a Proteção da Infância na Internet”, em outubro, e prevê campanhas, capacitação de profissionais, incentivo à denúncia e articulação da rede de proteção (Prefeitura e Conselho Tutelar). Entre as vedações, estão a exibição de imagens sexualizadas de menores, a comercialização de itens com conotação sexual para crianças e a realização de eventos que estimulem comportamentos adultizados. As penalidades incluem advertência, multas, suspensão de alvará e encaminhamento ao Ministério Público.

Ao final da manhã, ficou a marca de civismo e responsabilidade comunitária. “O passo a passo é antigo — ir às ruas, olhar nos olhos, falar com quem passa —, mas a pauta é das mais atuais. Em tempos de tela na palma da mão, proteção também se faz a céu aberto, com informação circulando e a cidade inteira lembrando que ninguém está sozinho”, conclui um dos organizadores da passeata.