Biju apresenta proposta para incluir psicólogos e assistentes sociais nas escolas municipais
Projeto busca regulamentar no município a lei federal que trata sobre o tema; texto foi bem recebido em plenário e defendido por psicóloga especialista

A Câmara
Municipal de São Sebastião do Paraíso recebeu, na sessão de segunda-feira, 15,
o Projeto de Lei, de autoria do vereador Juliano Reis (Biju). A proposta prevê
a prestação de serviços de psicologia e serviço social na rede pública
municipal de educação básica, em consonância com a Lei Federal nº 13.935/2019.
Pais e estudantes universitários acompanharam a apresentação da medida no
auditório do plenário.
Na
justificativa, o texto ressalta que a medida tem como objetivo apoiar o
processo de ensino-aprendizagem e o desenvolvimento integral dos estudantes,
além de prevenir situações como violência, bullying, evasão escolar e uso de
drogas. O documento também aponta que a presença de psicólogos e assistentes
sociais poderá auxiliar professores e gestores escolares no manejo de questões
familiares e comportamentais. O projeto permite ainda a criação de cargos
efetivos e a celebração de convênios com universidades para viabilizar a
atuação dos profissionais.
Ao
defender a proposta, Biju afirmou que a escola precisa de uma rede de apoio
para lidar com problemas que extrapolam o trabalho pedagógico. Ele lembrou que
muitos alunos enfrentam carências básicas em casa, o que compromete o
aprendizado.
“Eu
tenho os meus filhos iniciando a vida acadêmica nas nossas escolas municipais e
sei da realidade. Infelizmente, muitas crianças vão à escola pela refeição.
Como uma criança vai ter estímulo para estudar se chega pensando na comida? É
aí que entra a necessidade de termos pessoas especializadas, para tratar na
raiz o elo entre famílias e escola. O professor acaba sendo mediador de
conflitos, psicólogo e assistente social. Isso fica pesado”, disse.
O
vereador criticou ainda a polarização política e o reflexo que ela tem no
comportamento das crianças. “Infelizmente, o que está acontecendo nesse surto
coletivo da política nacional é uma lavagem cerebral, e as nossas crianças
estão sofrendo. Crianças de sete anos chegam agressivas, fazem gestos obscenos
e até falam de pornografia. Esse comportamento precoce é inadmissível.
Precisamos tratar a estrutura familiar e dar suporte às escolas”, afirmou.
Para
Biju, a iniciativa é investimento em cidadania. “Não é gasto, é pensar no
futuro. É combater a evasão, a violência e o adoecimento mental. É aproximar a
família da escola, apoiar professores e gestores e tratar os problemas de forma
preventiva, antes que se tornem questões graves. Psicólogos e assistentes
sociais estudaram para isso, são os profissionais ideais. Esse é o modelo de
escola que precisamos.”
Durante
a apresentação do projeto, a psicóloga Elisabeth Vanusa de Oliveira, formada
pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e mestra em Planejamento e
Análise de Políticas Públicas, fez uso da tribuna para reforçar a importância
da regulamentação municipal. “Essa lei foi aprovada em 2019, mas sem a
regulamentação local os serviços ficam sujeitos à descontinuidade. Entra um
gestor, contrata psicólogo e assistente social; entra outro, acaba com o
projeto. Isso compromete o trabalho da escola e onera outros setores”,
explicou.
Segundo
ela, o papel do psicólogo na educação é distinto daquele exercido no SUS ou no
SUAS. “O psicólogo escolar atua na mediação entre professores, estudantes e
famílias, dentro do ambiente escolar. Trabalhamos com prevenção e promoção da
aprendizagem e das relações sociais, diferente do atendimento clínico ou
assistencial”, destacou.
Elisabeth
citou dados da Organização Mundial da Saúde que apontam que uma em cada sete
crianças ou adolescentes, entre 10 e 19 anos, pode desenvolver transtornos
mentais. “Grande parte desses casos está relacionada às questões acadêmicas, à
violência e ao bullying escolar. Não podemos continuar empurrando essas
demandas para a saúde ou a assistência social. É na escola que elas precisam
ser trabalhadas.”
A
psicóloga também defendeu que o município faça um mapeamento territorial para
dimensionar as necessidades. “Alguns municípios já funcionam com equipes
multidisciplinares. Outros fazem levantamento de dados de violência, bullying e
questões socioeconômicas. Paraíso precisa caminhar nessa direção, porque hoje
um único profissional não dá conta de atender a rede inteira. A consequência é
que muitos alunos acabam faltando demais, se desmotivam e abandonam os
estudos.”
O projeto foi aprovado por unanimidade como objeto de deliberação e seguirá para análise das comissões permanentes da Câmara. Após os pareceres, retornará ao plenário para votação. Alguns vereadores elogiaram a iniciativa e destacaram a relevância da proposta para fortalecer a rede municipal de ensino, apoiar professores e famílias e garantir melhores condições de aprendizagem.