Câmara mantém pressão sobre SRS por atraso em medicamentos de alto custo

Após ofício da Regional de Passos, vereadores reafirmam cobranças e Comissão de Saúde pode ser recebida em reunião na próxima semana
Foto: ILUSTRATIVA/ Alessandra Maximiano / SES-MG

O impasse sobre o atraso na entrega de medicamentos de alto custo destinados a pacientes transplantados voltou a ser tema de debate na Câmara Municipal de São Sebastião do Paraíso, durante a sessão ordinária de segunda-feira, 3. O assunto, que já havia motivado uma indicação coletiva de cobrança à Superintendência Regional de Saúde de Passos (SRS Passos) e gerado reportagem do Jornal do Sudoeste sobre o drama enfrentado por pacientes locais, ganhou novo capítulo com a leitura de um ofício encaminhado pela superintendente Kátia Rita Gonçalves.

O documento, datado de 29 de outubro, solicita que a Câmara encaminhe à SRS a gravação da sessão de 13 de outubro, na qual foram feitas críticas à atuação da Regional na distribuição dos medicamentos. A superintendente também reafirma a disposição da unidade em prestar esclarecimentos sobre o fluxo de dispensação dos remédios fornecidos pelo SUS.

Durante a leitura do ofício, a vereadora Maria Aparecida Cerize (Cidinha), presidente da Comissão de Educação e Saúde da Câmara, informou que a superintendente entrou em contato direto com ela, convidando os parlamentares para uma reunião presencial na sede da Regional. “A Kátia me ligou e convidou a Comissão e os vereadores que quiserem participar. Ela quer explicar todo o fluxo da medicação — que vem do governo federal, passa pelo estadual, pela Regional e depois chega aos municípios. Pediu apenas que marquemos o dia, que ela estará nos aguardando lá”, explicou Cidinha.

O presidente da Câmara, Lisandro José Monteiro, reagiu à solicitação com críticas ao tom do ofício e reafirmou que as cobranças do Legislativo são legítimas. “Mais uma vez recebemos pacientes pedindo medicação de alto custo e informando que estão há meses aguardando. Nós cobramos a superintendente porque é nosso papel. Ninguém ofendeu ninguém. Tudo o que foi dito está no site e nas transmissões da Câmara. Então, não precisa de gravação: é só acessar o portal”, afirmou.

Lisandro disse que participará da reunião proposta, mas cobrou respostas práticas. “Não é questão de política ou simpatia. Nós defendemos o cidadão, e ela também deveria defender. Quantas vezes eu e o vereador Marcão mandamos ofício pedindo providências? Agora quer reunião, ótimo, vamos lá. Mas o que o cidadão quer é o remédio na prateleira, e não justificativas”, completou.

O vereador Marcos Antônio Vitorino (Marcão da Ambulância), autor das primeiras cobranças sobre o caso, também se pronunciou. “Quando cobramos aqui, é porque somos procurados pelos pacientes, que pedem ajuda a todos os vereadores. A nossa cobrança é em relação ao Estado, que atrasa esses medicamentos. Você representa o Estado e está fazendo o seu papel. Nós representamos as pessoas que estão precisando. Uma pessoa que fica anos esperando um transplante e depois corre o risco de perder o órgão por falta de remédio entra em desespero — e nós trazemos esse desespero para o plenário”, disse.

Marcão reforçou que a cobrança continuará enquanto o problema persistir. “Não foi a primeira nem a segunda vez que cobramos. Trouxemos várias pessoas à tribuna, e vamos continuar cobrando. Esse é o nosso papel. Você foi indicada para representar o Estado, e nós fomos eleitos para representar o povo. Nosso compromisso não é com político, governador ou superintendente — é com o cidadão que espera o medicamento para não perder a vida. As pessoas não podem, por descaso ou incompetência de alguém, ficar sem uma medicação tão importante. E enquanto esse medicamento não chegar a São Sebastião do Paraíso, nós vamos cobrar, sempre”, concluiu.

Ao encerrar a discussão, o presidente Lisandro Monteiro solicitou que a Comissão de Educação e Saúde, presidida por Cidinha Cerize, agende uma reunião com a superintendente Kátia Rita Gonçalves na próxima semana, em Passos, para discutir o problema diretamente e buscar medidas efetivas junto ao Estado.