Câmara mantém pressão sobre SRS por atraso em medicamentos de alto custo
Após ofício da Regional de Passos, vereadores reafirmam cobranças e Comissão de Saúde pode ser recebida em reunião na próxima semana
O
impasse sobre o atraso na entrega de medicamentos de alto custo destinados a
pacientes transplantados voltou a ser tema de debate na Câmara Municipal de São
Sebastião do Paraíso, durante a sessão ordinária de segunda-feira, 3. O
assunto, que já havia motivado uma indicação coletiva de cobrança à
Superintendência Regional de Saúde de Passos (SRS Passos) e gerado reportagem
do Jornal do Sudoeste sobre o drama enfrentado por pacientes locais,
ganhou novo capítulo com a leitura de um ofício encaminhado pela
superintendente Kátia Rita Gonçalves.
O
documento, datado de 29 de outubro, solicita que a Câmara encaminhe à SRS a
gravação da sessão de 13 de outubro, na qual foram feitas críticas à atuação da
Regional na distribuição dos medicamentos. A superintendente também reafirma a
disposição da unidade em prestar esclarecimentos sobre o fluxo de dispensação
dos remédios fornecidos pelo SUS.
Durante
a leitura do ofício, a vereadora Maria Aparecida Cerize (Cidinha), presidente
da Comissão de Educação e Saúde da Câmara, informou que a superintendente
entrou em contato direto com ela, convidando os parlamentares para uma reunião
presencial na sede da Regional. “A Kátia me ligou e convidou a Comissão e os
vereadores que quiserem participar. Ela quer explicar todo o fluxo da medicação
— que vem do governo federal, passa pelo estadual, pela Regional e depois chega
aos municípios. Pediu apenas que marquemos o dia, que ela estará nos aguardando
lá”, explicou Cidinha.
O
presidente da Câmara, Lisandro José Monteiro, reagiu à solicitação com críticas
ao tom do ofício e reafirmou que as cobranças do Legislativo são legítimas.
“Mais uma vez recebemos pacientes pedindo medicação de alto custo e informando
que estão há meses aguardando. Nós cobramos a superintendente porque é nosso
papel. Ninguém ofendeu ninguém. Tudo o que foi dito está no site e nas
transmissões da Câmara. Então, não precisa de gravação: é só acessar o portal”,
afirmou.
Lisandro
disse que participará da reunião proposta, mas cobrou respostas práticas. “Não
é questão de política ou simpatia. Nós defendemos o cidadão, e ela também
deveria defender. Quantas vezes eu e o vereador Marcão mandamos ofício pedindo
providências? Agora quer reunião, ótimo, vamos lá. Mas o que o cidadão quer é o
remédio na prateleira, e não justificativas”, completou.
O
vereador Marcos Antônio Vitorino (Marcão da Ambulância), autor das primeiras
cobranças sobre o caso, também se pronunciou. “Quando cobramos aqui, é porque
somos procurados pelos pacientes, que pedem ajuda a todos os vereadores. A
nossa cobrança é em relação ao Estado, que atrasa esses medicamentos. Você
representa o Estado e está fazendo o seu papel. Nós representamos as pessoas
que estão precisando. Uma pessoa que fica anos esperando um transplante e
depois corre o risco de perder o órgão por falta de remédio entra em desespero
— e nós trazemos esse desespero para o plenário”, disse.
Marcão
reforçou que a cobrança continuará enquanto o problema persistir. “Não foi a
primeira nem a segunda vez que cobramos. Trouxemos várias pessoas à tribuna, e
vamos continuar cobrando. Esse é o nosso papel. Você foi indicada para
representar o Estado, e nós fomos eleitos para representar o povo. Nosso
compromisso não é com político, governador ou superintendente — é com o cidadão
que espera o medicamento para não perder a vida. As pessoas não podem, por
descaso ou incompetência de alguém, ficar sem uma medicação tão importante. E
enquanto esse medicamento não chegar a São Sebastião do Paraíso, nós vamos
cobrar, sempre”, concluiu.
Ao encerrar a discussão, o presidente Lisandro Monteiro solicitou que a Comissão de Educação e Saúde, presidida por Cidinha Cerize, agende uma reunião com a superintendente Kátia Rita Gonçalves na próxima semana, em Passos, para discutir o problema diretamente e buscar medidas efetivas junto ao Estado.
