Flávia Aizza fica em 4º lugar no Brasileiro de Ginástica Aeróbica
Atleta de São Sebastião do Paraíso competiu na categoria individual adulta e alcançou a melhor nota da carreira, mesmo após sofrer lesão no joelho
A
ginasta Flávia Aizza, de São Sebastião do Paraíso, conquistou o 4º lugar na
prova individual feminina adulta do Campeonato Brasileiro de Ginástica
Aeróbica, realizado em Brasília na última semana. A competição reuniu cerca de
30 atletas na categoria individual, considerada uma das mais disputadas do
evento.
Flávia
representa a equipe ADIEE/UDESC, de Santa Catarina, onde treina sob orientação
da técnica Maria Helena Kraeski. Ela iniciou na ginástica aeróbica em 2023,
após migrar de outra categoria. “Meu primeiro Campeonato Brasileiro foi no ano
passado. Antes disso, competi no Torneio Nacional, que é um nível abaixo. Em
2023, fiquei em sétimo lugar, e neste ano consegui subir posições e ficar
próxima do pódio”, contou.
A
atleta relatou que não esperava alcançar uma pontuação tão alta. “Eu tirei 16
pontos, foi a maior nota que já recebi. A terceira colocada fez 16,200. A
diferença foi mínima. Se eu tivesse corrigido um detalhe de execução, talvez
tivesse ficado entre as três primeiras”, afirmou.
Flávia
destacou que o resultado superou suas expectativas. “As meninas que competiram
são atletas que eu já acompanhava há algum tempo. Quando saiu a nota, fiquei
surpresa. Foram três anos de muito treino até conseguir chegar a esse nível. É
gratificante ver o trabalho render”, disse.
Durante
a competição, ela chegou a cair em um dos elementos na fase classificatória, o
que reduziu sua pontuação. Mesmo assim, manteve o foco para as finais. “Nas
classificatórias eu caí e tirei 14,500. Mas nas finais estava muito
concentrada. Consegui acertar tudo e tirei 16. Fiquei muito satisfeita porque
consegui mostrar o que treinei”, relatou.
A
ginasta sofreu uma lesão no joelho antes do Campeonato Brasileiro, o que quase
a afastou da competição. Ela explicou que a contusão aconteceu durante um
treino preparatório para o Campeonato Sul-Americano, disputado em junho. “Fui
fazer um salto, meu tênis travou no tapete e o joelho entrou. Acabei rompendo o
ligamento cruzado anterior. Depois descobri com a ressonância. O médico
recomendou cirurgia imediata, mas eu não queria parar de treinar naquele
momento”, contou.
A
decisão de adiar a cirurgia, segundo Flávia, foi motivada pelo desejo de
continuar evoluindo sob orientação da técnica. “Eu sabia que, se parasse agora,
perderia meio ano de treinos com uma profissional de quem aprendo muito. Decidi
seguir até o fim da temporada e fazer a cirurgia em novembro”, explicou.
Mesmo
com a limitação física, ela manteve o ritmo de treinos. “Eu treinava com o
joelho enfaixado todos os dias. Tinha restrição de movimentos e não conseguia
dobrar totalmente o joelho, nem fazer certos saltos com uma perna só. Então
foquei no que já sabia fazer, sem inventar, pra não me machucar mais. Era gelo,
laser e treino”, descreveu.
Flávia
afirmou que, durante a competição, a lesão não foi um obstáculo. “No dia da
apresentação, eu não pensei no joelho. Só queria fazer o que tinha treinado.
Foi uma sensação de missão cumprida. Depois percebi que alcancei minha melhor
nota justamente competindo lesionada. Foi algo que só caiu a ficha quando
conversei com minha mãe depois”, disse.
Para
ela, o resultado tem significado mais amplo do que apenas a classificação. “A
conquista representa o processo. Foram escolhas e abdicações até chegar ali. A
lesão é só uma parte. O mais importante foi ver que o esforço dos treinos
começou a aparecer nas notas”, avaliou.
Flávia
passará pela cirurgia de reconstrução do ligamento no fim do ano e planeja o
retorno gradual às atividades em 2026. “Vou focar na fisioterapia e em outras
partes do corpo, porque atleta parado enlouquece. Também quero aproveitar o
tempo para tirar a carteira de motorista e continuar ajudando no clube com o
que eu puder”, afirmou.
Apesar
do período de recuperação que a espera, a ginasta mantém o foco em continuar
evoluindo. “Espero estar de volta no fim do próximo ano, se possível em alguma
competição. É o que eu gosto de fazer e sei que vou voltar com ainda mais
vontade”, concluiu.
TRAJETÓRIA
MARCADA POR SUPERAÇÃO E RECONHECIMENTO
Flávia
Alessandra Aizza Tavares, de 20 anos, iniciou o contato com a ginástica ainda
na infância, em São Sebastião do Paraíso, por meio do projeto “Circo Social”,
criado por seus pais, Denis Tavares e Regiane Aizza. A iniciativa promovia
inclusão social por meio das artes circenses e foi ali que ela deu os primeiros
passos nas acrobacias. “O circo foi onde tudo começou. Foi lá que aprendi a
importância da disciplina, do esforço e da superação”, relembra.
Sem
estrutura profissional para o esporte na cidade, Flávia buscou aperfeiçoamento
em outras modalidades, migrando para a ginástica rítmica aos 13 anos e,
posteriormente, para a ginástica aeróbica em 2022. Em pouco tempo, passou a
integrar a equipe catarinense.
Em
2024, foi eleita pela Federação de Ginástica de Santa Catarina como a melhor
ginasta aeróbica esportiva do estado na categoria adulto, durante o evento
“Melhores do Ano”, em Florianópolis. O reconhecimento veio após um ciclo de
conquistas, incluindo medalhas no Campeonato Sul-Americano, realizado em
Aracaju, onde representou o Brasil pela primeira vez e conquistou a prata no
aerodance por equipes.
Na mesma temporada, Flávia também obteve medalhas de ouro no Campeonato Brasileiro e destacou-se individualmente ao chegar às finais da categoria sênior. “Treinar e competir com a bandeira do Brasil no peito é uma sensação única. Quero continuar honrando o País e melhorar cada vez mais”, afirmou à época.
