IpêTech amplia acesso de empresas à inovação em Paraíso
Parque tecnológico da UFLA foi lançado em 7 de novembro e aproxima setor produtivo de pesquisas voltadas a demandas locais
O
Parque Tecnológico IpêTech – Paraíso, instalado no campus da Universidade
Federal de Lavras (UFLA), foi oficialmente lançado no dia 7 de novembro,
durante evento que reuniu empresas, produtores, representantes do Governo de
Minas e instituições ligadas ao ecossistema de inovação do estado. De acordo
com a UFLA, o espaço já atuava desde 2024, mas a cerimônia marcou o início da
fase de ampliação e estruturação das atividades voltadas ao desenvolvimento
tecnológico regional.
O
IpêTech – Paraíso passa a integrar o conjunto de dez parques tecnológicos
reconhecidos pelo Estado, sendo o décimo ambiente de inovação em operação em
Minas Gerais. A apresentação contou com a presença da Secretaria Municipal de
Desenvolvimento Econômico, que destacou a relevância de Paraíso dentro do
ecossistema estadual, especialmente pela força de setores como cafeicultura,
laticínios e agroindústria.
Segundo
o coordenador do parque, professor Leonilson Kiyoshi Sato de Herval, a criação
do IpêTech começou com discussões internas na universidade e com a Secretaria
de Ciência, Tecnologia e Inovação de Minas Gerais, ainda em 2023. De acordo com
ele, uma orientação técnica recebida durante reunião com a presidência da
Amprotec reforçou que Paraíso poderia adotar um modelo de parque tecnológico
sem necessidade de grandes obras. “O parque tecnológico funciona como um
instrumento jurídico do campus. É isso que permite receber empresas, incubar
projetos, abrir editais e desenvolver soluções junto aos nossos pesquisadores”,
afirmou.
Conforme
explicou, diferentes regiões do país ergueram estruturas físicas que
posteriormente ficaram subutilizadas, e Paraíso adotou justamente o caminho
oposto: consolidar o modelo antes de investir em construções.
O
parque já conta com editais previstos para incubação, pré-incubação, residência
empresarial e loteamento, permitindo que empresas instalem estruturas próprias
dentro do campus quando houver demanda.
De
acordo com o coordenador, o IpêTech trabalha para transformar problemas
apresentados por produtores, empresas e poder público em projetos de pesquisa
aplicados. Esse processo já está em andamento em setores considerados
estratégicos para Paraíso e todo o Sudoeste de Minas. Segundo ele, demandas
relacionadas à cafeicultura, à agroindústria e à agricultura 4.0 já resultaram
em projetos aprovados junto à FAPEMIG e ao Governo de Minas. Demandas de
logística ainda não foram formalizadas, mas podem ser absorvidas assim que
apresentadas. Leonilson afirma que a meta é transformar demandas da sociedade
em pesquisa e, dessa pesquisa, gerar inovação que alcance o mercado.
Segundo
levantamento interno do parque, cerca de R$ 2,8 milhões em recursos públicos já
foram destinados ao desenvolvimento de soluções tecnológicas em parceria com
empresas locais e regionais. Os projetos envolvem estudos em cafeicultura de
precisão, automação e digitalização de processos industriais, tecnologias
voltadas à agricultura 4.0, desenvolvimento de produtos com base científica e
pesquisas aplicadas conduzidas em colaboração com empresas incubadas e parceiros
externos. Conforme o coordenador, a tendência é ampliar esse volume nos
próximos editais previstos para 2025 e 2026.
Para
a ACISSP, o parque representa uma oportunidade de elevação de competitividade
para empresas que não possuem estrutura interna de Pesquisa, Desenvolvimento e
Inovação. O setor de Tecno-logia e Inovação da entidade afirma que “com o
IpêTech, as possibilidades de desenvolvimento se multiplicam. Empresas passam a
ter acesso direto a pesquisadores, diagnósticos tecnológicos e soluções que
podem aumentar produtividade, reduzir custos e melhorar processos”.
Segundo
a entidade, já existem empresas associadas com parcerias estruturadas junto à
universidade, como Agro PCP e UpVendas, que desenvolvem tecnologias nas áreas
de agronegócio e comercialização. A associação avalia que esses casos mostram o
potencial do parque para inserir Paraíso em ambientes de inovação em nível
estadual e nacional. Ainda conforme a ACISSP, o parque pode apoiar desde a fase
de ideação até a graduação de empresas, oferecendo orientação empresarial,
articulação com financiadores, divulgação de oportunidades e integração em
eventos ligados à inovação.
Segundo
a UFLA, a presença do parque tecnológico também contribui para manter mão de
obra qualificada no município. Estudantes do BCT e dos cursos de Engenharia de
Software, Engenharia de Produção e Engenharia Elétrica têm participado de
consultorias, projetos de inovação e pesquisas aplicadas, aproximando o campus
das demandas das empresas locais. A expectativa é que, com o avanço dos editais
de incubação e residência, Paraíso se torne um polo regional de formação
técnica e científica conectada ao mercado.
O
coordenador do IpêTech explica que o próximo ciclo de ações envolve a abertura
de editais de incubação e residência, a estruturação da pré-incubação de
empresas participantes do evento Inova Paraíso, a consolidação de parcerias com
o poder público em demandas apresentadas pelo município e a organização de
novos projetos para editais estaduais e federais. Ele também destacou que a
criação de políticas públicas específicas pode facilitar a atração de empresas
para o parque. “Existem cidades que oferecem incentivos fiscais e condições
diferenciadas para instalação de empresas em parques tecnológicos. Esse tipo de
política pode acelerar o desenvolvimento regional”, afirmou.
Segundo UFLA e ACISSP, a consolidação do IpêTech fortalece a rede de cooperação entre academia, setor produtivo e gestores públicos. Para as instituições, o parque oferece metodologia, ambiente estruturado e equipe qualificada para transformar demandas em projetos de inovação que atendam às necessidades econômicas da região. Tanto para a universidade federal, quanto para a associação, com o modelo adotado, Paraíso passa a integrar de forma mais ativa o ecossistema mineiro de inovação, somando capacidades acadêmicas, empresariais e institucionais em um único ambiente de desenvolvimento tecnológico.


