Balanço de temporada da F1 (parte 1)

A coluna faz um balanço da temporada em duas partes. Hoje com as equipes do pelotão da frente, e na próxima semana com as demais
Foto: Reprodução F1
Largada do GP de Abu Dhabi com três pilotos com chances de título depois de 15 anos

Lando Norris finalmente escreveu seu nome na galeria dos campeões da F1 depois de 7 temporadas pela McLaren e 152 corridas disputadas. Ele é o quarto piloto entre os que mais demoraram a conquistar o primeiro título, à frente apenas de Jenson Button que demorou 160 Grandes Prêmios, Nigel Mansell 76, e Nico Rosberg 206. A conquista deste britânico de 26 anos colocou fim ao reinado de Max Verstappen que durou 1.457 dias como único campeão de 2021 a 2024. Apenas dois pontos separaram o campeão do vice, Verstappen, a menor margem desde que o atual sistema de pontos foi implantado em 2010. Pela 32ª vez em 75 anos de existência da F1, o campeonato foi decidido na última corrida do ano, e pela primeira vez em 15 anos três pilotos chegaram com chances matemáticas de vencer o campeonato na etapa derradeira.

Porém, o piloto que permaneceu por mais tempo na frente, terminou apenas na 3ª posição. Oscar Piastri assumiu a liderança do campeonato na 5ª etapa com a vitória no GP da Arábia Saudita, em abril, e se manteve em primeiro até sofrer a virada de Norris no GP da Cidade do México, em outubro. Foram 15 etapas como líder do campeonato, mas o novo “Homem de Gelo” da F1, alusão ao estilo frio e de poucas palavras de Kimi Raikkonen, fraquejou na reta final da temporada e entregou a rapadura para o companheiro de equipe. Piastri sentiu o golpe quando a McLaren deu ordens para devolver a 2ª posição para Norris em Monza para compensar um pit stop ruim do companheiro de equipe por falha de um mecânico. Em outras palavras, numa análise fria, há duas possibilidades: ou Piastri foi afetado psicologicamente, ou então a partir dali ficou determinado nas reuniões internas que Norris seria o homem nomeado para ser o campeão, o que teria desmotivado o australiano. São suposições que nos levam a refletir sobre a abrupta queda de rendimento de Piastri que vinha bem no campeonato.

O que não estava nos planos da McLaren era a aproximação cada vez mais perigosa de Max Verstappen que em Monza estava 104 pontos atrás do então líder Piastri, e terminou a temporada como vice-campeão apenas 2 pontos distante de Norris (423 a 421).

Verstappen foi o grande nome da temporada. As vitórias no Japão e em Ímola nos momentos mais críticos da falta de performance dos carros da Red Bull, atestam a qualidade excepcional do holandês. São nessas condições (quando não se tem o melhor carro), as melhores para avaliar a capacidade de um piloto. Verstappen foi quem mais fez pole positions (8) e venceu corridas no ano, também 8. Norris e Piastri venceram 7 cada um, mas Norris fez uma pole a mais que Piastri (7 a 6). Além deles, George Russell foi o outro piloto de destaque ao terminar em 4º e autor de duas poles e duas vitórias com a Mercedes.

A McLaren conquistou o bicampeonato consecutivo no Mundial de Construtores com seis corridas de antecipação, somando 833 pontos contra 469 da vice-campeã Mercedes, o que levou Verstappen a não perder a oportunidade de alfinetar a dupla rival de que “com esse carro eu teria liquidado o campeonato há mais tempo”.

Verstappen foi também quem mais liderou corridas ao longo da temporada. Foram 454 voltas na liderança, seguido por Piastri com 452, Norris com 373, Russell com 103, Charles Leclerc com 48, Kimi Antonelli com 11, Lewis Hamilton com duas e Alex Albon com uma volta liderada.

As grandes surpresas no bloco das cinco primeiras colocadas foram as atuações da Williams que mesmo tendo focado exclusivamente no regulamento de 2026, obteve resultados expressivos e terminou o ano na 5ª colocação com 137 pontos, obtendo dois pódios com o espanhol Carlos Sainz; e o novato, Kimi Antonelli, que depois de um começo duvidoso, fez valer as apostas do chefe da Mercedes, Toto Wolff, de que o jovem italiano de 18 anos possui perfil de um novo fenômeno das pistas. O final de temporada de Antonelli foi forte o suficiente para ajudar a Mercedes conquistar o vice-campeonato de Construtores juntamente com George Russell. Antonelli fechou o ano de estreia com 3 pódios, 3 voltas mais rápidas e 150 pontos.

Por outro lado, a grande decepção ficou por conta da Ferrari que fechou o ano sem nenhuma vitória e apenas na 4ª colocação entre as equipes. Charles Leclerc obteve sete pódios, mas a tão promissora temporada de estreia de Lewis Hamilton com a escuderia foi um pesadelo sem precedentes, sem sequer um pódio, apesar de vencer a corrida sprint da China, mas que não conta para as estatísticas.

Feliz Natal!