O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), identificou nesta semana pessoas em situação de rua que relataram ter sido removidas de forma compulsória do município de Itaú de Minas e enviadas a São Sebastião do Paraíso. O fato ocorreu na quarta-feira, 12.

 Segundo informações, elas compareceram ao CREAS para solicitar passagens para deixar a cidade e, durante o atendimento realizado pelas assistentes sociais, narraram que estavam em Itaú quando foram colocadas em um ônibus por orientação daquela prefeitura, sem serem informadas sobre o destino para onde seriam levadas.

“Encostou uma viatura lá (na rodoviária de Itaú) e começaram a nos oprimir. Um senhor que estava com a gente ficou nervoso, passou mal e bateu a cabeça. Só queríamos uma passagem. Estávamos lá porque a assistente social pediu para esperarmos, e aí o prefeito mandou falar que não queria ninguém na cidade. Não nos perguntaram para onde queríamos ir, simplesmente pagaram uma passagem e nos mandaram embora”, contou uma das pessoas em situação de rua, natural de Barretos (SP).

“Eu gosto de Itaú porque eu tenho parentes e lugar para dormir. Não explicar o porquê eu vim parar aqui (em Paraíso). A minha vontade é voltar para a minha casa”, relatou outro morador que foi deixado no terminal rodoviário Angelo Scavazza, em Paraíso. Diante da situação, a coordenadora do CREAS foi orientada pela Secretaria de Desenvolvimento Social a acionar a Polícia Militar e registrar um Boletim de Ocorrência (BO).

Durante todo o dia, a Guarda Civil Municipal, a Polícia Militar e a Assistência Social estiveram envolvidas na resolução da questão, uma vez que a denúncia apontava que mais quatro andarilhos estariam sendo deslocados para Paraíso. O assunto tem despertado, na comunidade paraisense, a necessidade de tratar o tema com mais critérios e ações no âmbito municipal.

No próximo dia 20, a Câmara Municipal realizará uma Audiência Pública para discutir o tema. Ao final da operação, os três moradores de rua foram encaminhados para os destinos que solicitaram, e os outros quatro casos, que supostamente seriam direcionados para Paraíso, foram, na verdade, encaminhados para Franca/SP.

O prefeito Marcelo Morais se manifestou sobre o fato, informando que entrou em contato com o prefeito de Itaú e o vice-prefeito para que ambos verificassem a denúncia. Ele destacou que ações estão sendo realizadas tanto pela PM quanto pela Guarda Municipal e pela Assistência Social para distinguir quem realmente precisa de ajuda e quem necessita de intervenção policial.

“É nítido e notório que o atrativo para que os andarilhos permaneçam em nossa cidade é muito maior do que em outras. Enquanto todos não tiverem a certeza de que a situação deve ser enfrentada por toda a comunidade, não adianta, depois, a cidade ficar incrédula quando algum andarilho entrar na casa de um idoso e tentar matá-lo com uma marretada”, disse Morais.

Segundo o posicionamen-to do município, três indivíduos em situação de rua estavam no terminal rodoviário e foram abordados pela Polícia Militar após relatos de que vinham proferindo ameaças a terceiros e causando danos ao patrimônio público desde o dia anterior. Durante a abordagem, os cidadãos informaram que estavam de passagem por Itaú de Minas e manifestaram, de forma espontânea, o desejo de seguir para São Sebastião do Paraíso, onde buscariam acolhimento.

Ainda conforme a nota, os três identificaram-se como oriundos de diferentes municípios: um natural de São Sebastião do Paraíso, outro de Passos e um terceiro de Pouso Alegre. Este último afirmou que, ao chegar a São Sebastião do Paraíso, seguiria viagem para retornar à sua cidade de origem.

No momento do atendimento, um ônibus com destino a São Sebastião do Paraíso já se encontrava no terminal. Como os indivíduos alegaram não possuir recursos financeiros para custear as passagens, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, seguindo protocolos de assistência social e os princípios da dignidade da pessoa humana e da solidariedade, providenciou os bilhetes necessários para que pudessem viajar com segurança.

A administração municipal ressaltou que um Boletim de Ocorrência foi formalmente registrado pela Polícia Militar para documentar os fatos e garantir que os procedimentos administrativos e legais decorrentes do episódio fossem devidamente instruídos.

Por fim, a Prefeitura de Itaú de Minas reafirmou seu compromisso com a promoção da dignidade humana e com a oferta de um atendimento eficiente e humanizado a todos os cidadãos.

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