O interventor da Santa Casa de Misericórdia de São Sebastião do Paraíso, Adriano Rosa Nascimento, em apenas um dia de trabalho, na segunda-feira, (19/12), convocou nomes para compor uma comissão que vai auxiliá-lo na gestão do hospital.
Além de Adriano Rosa do Nascimento, a comissão é composta por João Eugênio, Luiz Pessoni, Fernando Alvarenga e Maria Hortência de Souza. É possível que mais um ou dois nomes sejam acrescidos à lista.
Adriano disse que não teve tempo suficiente para saber plenamente qual é a real situação do hospital. “Estamos cientes de que há folha de pagamento dos funcionários em aberto, bem como o 13º salário em atraso. Estamos reunidos para que possamos quitar esses salários em atraso. Temos uma reunião na Caixa Econômica Federal e aos poucos vamos tomar pé da situação”.
Adriano informou que ainda não houve tempo hábil para fazer um diagnóstico preciso da situação. “A questão é administrativa, mas todos os atendimentos continuam normais, é um momento de ter paciência”.
O interventor disse que aos poucos pretende fazer um diagnóstico dos problemas existentes na instituição. “Nós pedimos para ter calma e paciência, pois os atendimentos continuarão normais”.
Nascimento confirmou que existe uma dívida da Prefeitura para com a Santa Casa, no valor de cerca de R$ 5 milhões, oriunda da gestão do ex-prefeito, Rêmolo Aloise, que já foi encaminhada para ser resolvida judicialmente. Depois que o atual prefeito, Walker Américo Oliveira, assumiu os repasses de recursos foram regularizados.
Walkinho disse que a Prefeitura, como gestora plena de saúde, tem como objetivo ver o dinheiro público bem gasto. “Quando vi as inúmeras irregularidades na Santa Casa, apontadas no parecer técnico do Denasus, gastando dinheiro público de forma errada, percebi que a atitude de cumprir a recomendação do Ministério Público, fará com que o dinheiro seja melhor otimizado; só aí a Prefeitura já estará ajudando”, ponderou o prefeito.
Ele garantiu que a administração municipal vai trabalhar junto com a Santa Casa. “Vamos juntos buscar recursos no Estado, na União e vamos mostrar que a Prefeitura, co-mo gestora de Saúde, junto com a Santa Casa, que quer levar saúde com qualidade ao nosso povo. É preciso mostrar para o Estado e União que estamos passando por dificuldades e precisamos do apoio deles. Isso torna nossa ajuda muito favorável”, disse o prefeito.
Walkinho disse que as ações tomadas até agora foram profissionalmente técnicas. “Não tenho nada contra qualquer pessoal, esse não é um problema pessoal. O meu cumprimento foi atendendo recomendação do Ministério Público, que foi motivado por um laudo do Denasus. Meu ato foi no intuito de contribuir para que haja mais transparência e eficiência no gasto do dinheiro público. Quero que a Santa Casa tenha uma respiração e um coração bombando bem forte para que atenda ao povo de Paraíso com qualidade”, explicou.
O prefeito disse também que ficou muito feliz com a comissão que foi formada. “Vamos compor um conselho gestor com pessoas que querem ajudar a cidade a voltar para o trilho”, informou.
A Saúde
O secretário municipal de Saúde, Wandilson Bícego, também comentou a situação da Santa Casa e disse que está trabalhando para fazer o melhor para a população. “Estamos tendo que fazer um enfrentamento de problemas que encontramos na própria Secretaria Municipal de Saúde, mas estamos trabalhando para fazer o melhor para a Saúde. Queremos ajudar a desenhar a rede de saúde municipal de forma mais transparente e organizada, independente de quem esteja na gestão da Santa Casa”, disse o secretário.
Ele disse que o município está apenas cumprindo uma determinação do Ministério Público e o fez e o fará da melhor maneira possível para que a população não fique desassistida.
Wandilson disse que a Prefeitura passa dificuldades financeiras ainda mais graves que a Santa Casa, pois tem uma dívida total de quase R$ 80 milhões, sendo que desses, quase R$ 30 milhões da dívida é apenas no setor de saúde municipal.
“Apesar de nossas dificuldades, estamos juntos com a Santa Casa para tentar resolver os problemas do hospital da melhor forma possível. Estamos trabalhando para amenizar essas dificuldades. Aqueles que são recursos vinculados, ou seja, os recursos que vêm do fundo estadual e do fundo nacional, imediatamente estão sendo transferidos para a Santa Casa”, garantiu.
Segundo o secretário, a Prefeitura deve buscar recursos no governo federal para amenizar as dificuldades financeiras da Santa Casa, essa é uma forma da Prefeitura ajudar.
Wandilson confirmou que recentemente o médico auditor da secretaria municipal constatou que houve uma retaliação por parte da Santa Casa em relação às vagas de leitos regulados pelo sistema SUSFácil. “Havia sete pacientes na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) aguardando vagas em leitos e uma auditora nossa verificou no hospital 15 leitos vagos. A gente espera que isso não ocorra mais, estaremos acompanhando para que a população não tenha esse prejuízo”.
A secretaria de Saúde está mantendo dois médicos auditores na Santa Casa e um na própria secretaria.
O provedor afastado da Santa Casa, Flávio Westin, e a ex-diretora administrativa do hospital, Maria Helena Campos Prado de Andrade, disseram que não recorreram da decisão de intervenção e que, neste momento, estudam que atitude vão tomar.