Por Heloisa Rocha Aguieiras
O presidente da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Serviços de São Sebastião do Paraíso (Acissp), Aílton Rocha de Sillos, promoveu uma reunião na manhã de quinta-feira, (5/1), com empresários, o prefeito Walker Américo de Oliveira; a vice-prefeita Dilma Aparecida Oliveira e os dez vereadores eleitos, com o objetivo de discutir a situação de dificuldades do município e Santa Casa de Misericórdia.
Sillos abriu o encontro apontando o arrocho financeiro do país, dos estados e dos municípios. "Esse é o primeiro encontro de integração da comunidade empresarial de Paraíso com a administração municipal. Temos uma experiência drástica dos últimos quatro anos, quando a nossa administração municipal ficou afastada do empresariado. Vimos nessa reunião que os empresários mais destacados de nossa cidade estiveram presentes, demonstrando que estamos do lado do Prefeito e da Câmara para somarmos. Já está formado um grupo para acompanhar e colaborar para que o nosso município volte a ter um desenvolvimento sustentável", disse o presidente.
O prefeito Walker disse que a presença dos empresários o confortava porque tem com quem dividir responsabilidades. "Acho importante essa participação dos empresários, por meio da Associação Comercial, vereadores e o Executivo. Diante da situação em que o município se encontra é importante abrir para a discussão para juntos buscarmos uma solução sobre o caos que vivemos hoje. Estou aberto a essa troca de ideias porque é assim que vamos reconstruir um novo rumo para a nossa cidade", disse Walkinho.
O prefeito anunciou algumas medidas que a Prefeitura já adotou para dar um impulso ao desenvolvimento da cidade e facilitar no atendimento às necessidades da comunidade. Foram dispensados cerca de cem funcionários contratados como medida de economia.
Dentre essas medidas está a emissão de algumas certidões via internet, bem como segunda via de IPTU, alvará de construção e o documento "habite-se", estão senso com mais agilidade. "Essa é uma forma de agilizar aos empreendedores que estão investindo em nossa cidade. Outro ponto é que existem contratos que estão vencendo e a Prefeitura não terá condições de renovar todos porque a situação financeira, não permite. Fizemos um plano estratégico e até 31 de março estamos implantando ações e outros encontros poderão acontecer para dar direcionamento nesse desenvolvimento. Não existe jeito de administrar sem a participação do povo", disse Walkinho.
A vice-prefeita, Dilma Aparecida Oliveira, disse que por meio da nova Secretaria Municipal de Ação Social, está sendo feito um mapeamento do município, incluindo a zona rural, para apontar as reais necessidades de toda a comunidade. "Quero apresentar esse resultados aos empresários e assim trabalharmos para atender ao povo realmente naquilo que precisam. Sabendo dos problemas de cada cidadão vamos poder proporcionar melhor qualidade de vida", ponderou a vice-prefeita Dilma.
O empresário Luiz Antônio Tonin disse que "uma pesquisa aponta Paraíso como "cidade sombra". Isso significa que vamos passear em outra cidade, vamos comprar no shopping de Ribeirão Preto, ou seja, é uma cidade que não se desenvolve. Precisamos fazer com que Paraíso volte a ser uma cidade luz, trazendo empresas para cá e gerando empregos. Sabemos que a Prefeitura deve mais de R$ 70 milhões e para sanar isso é necessário, infelizmente, cortar na carne, pois a sociedade não aguenta mais pagar esse preço. Temos que reconhecer que a gestão do município está nesta sala hoje. Vamos nos unir e redefinir nossas ações", conclamou o empresário.
O empresário José Márcio Colombarolli, disse que "até seria fácil cada um dos empresários mostrarem as suas contas e compromissos. Sabemos da responsabilidade do prefeito com a comunidade. É por meio de nosso trabalho que vamos contribuir, cumprindo com as nossas obrigações, no recolhimento de nossos impostos. Agora é hora de confiar nessa gestão e na Câmara", ponderou.
Vereadores
O presidente da Câmara, Marcelo Morais, disse que a "Câmara não será geradora de conflito e sim pacificadora de conflito. Nós já temos o orçamento 2017 para votar e o faremos o mais rápido possível (veja matéria nesta edição); isso seria votado só em fevereiro, mas estamos adiantando para resolver logo e o prefeito poder administrar a cidade".
O vereador José Luiz das Graças disse que o ex-prefeito Rêmolo Aloise acusou os vereadores de irem ao gabinete para "pedir favorzinho" e se defendeu, ressaltando o trabalho que os vereadores têm procurado realizar em prol de amenizar a difícil situação do município.
O vereador Sérgio Aparecido Gomes disse que no orçamento de 2017 há recursos para a Saúde e que a Câmara não fará emendas que tirem um centavo sequer dessa área. "Vamos trabalhar 24 horas, de segunda à segunda, porque estamos a favor da população", disse.
O vereador José Vinício Scarano Pedroso contou história da eleição de Rêmolo que foi visto como uma alternativa pela população na época. "Acredito que estamos mais responsáveis agora e que vamos fazer de tudo para tentar ajudar a cidade a crescer", ressaltou o vereador.
Situação da Santa Casa é
muito pior do que se esperava
Um dos problemas que mais chamou atenção na reunião promovida pela Acissp entre empresários e representantes do Executivo e Legislativo municipal foi a situação financeira da Santa Casa de Misericórdia de São Sebastião do Paraíso. O déficit mensal, conforme foi divulgado está em torno de R$ 500 mil.
O grupo interventor que foi composto recentemente para auxiliar na gestão do hospital também esteve presente ao encontro. Um dos membros, Fernando Alvarenga, descreveu a situação como caótica. "A Santa Casa pode fechar na semana que vem. Já houve negociação com fornecedores várias vezes, e agora eles, que precisam receber, podem deixar de fornecer. Não há mais crédito de banco e a nossa única esperança é que a Prefeitura pague o que deve ao hospital, em torno de R$ 5 milhões. Temos que pedir ao prefeito para antecipar esse pagamento. É uma situação muito mais preocupante do que se pensa. O problema é pagar o fornecimento e não parar o atendimento e depois, e em um segundo momento, fazer as adequações necessárias", descreveu.
Ele deu como exemplo o fato de a folha de pagamento estar inchada, porém não há como fazer demissões, pois não tem recursos para arcar com direitos trabalhistas demissionais.
Para angariar um "fôlego", o hospital conseguiu negociar empréstimos bancários, como informou membros do grupo gestor na reunião. "Não há mais crédito bancário. Conseguimos uma carência de 90 dias e baixar os juros com o último banco onde foi contraído um empréstimo".
Outro membro do grupo interventor, Luiz Antônio Tonin pediu para que os vereadores votem o orçamento para deixar a Prefeitura trabalhar. "O dever da Prefeitura é fazer os repasses dos convênios federais e estudais. O nosso grupo está lá para dar credibilidade aos interventores e sabemos que pedir empréstimo não é a solução. Nós temos o que é bom, precisamos ajustar. Os médicos nunca foram ouvidos e agora estão sendo. Precisamos parar de usar o dinheiro da Saúde em outra coisa; peço que não façam uso político da Santa Casa. Sabemos que o único dinheiro que o hospital tem é a dívida da Prefeitura. O bom é que temos "gordura" para queimar".
O presidente da Câmara, vereador Marcelo Morais, disse que "a Santa Casa precisa caminhar sozinha para poder sair do buraco, tem que parar de ser cabide de emprego, parar de ser trampolim político. O hospital tem que ser uma instituição de utilidade pública, totalmente voltada à população. E enquanto tiver recursos públicos entrando no hospital, vamos fiscalizar. A Câmara terá a participação em fazer o trâmite andar, nunca vamos emperrar qualquer necessidade nesse sentido", prometeu.
Informações extraoficiais dão conta de que a Santa Casa recebeu nesta semana uma contribuição em consultoria de gestão hospitalar, gratuitamente, de um famoso hospital paulista.