CRÔNICA HISTÓRICA DE SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO:

José Luiz Campos do Amaral Junior – Parte 2

Por: Luiz Carlos Pais | Categoria: Cidades | 06-09-2017 17:09 | 2591
Foto: Reprodução

Ao assumir o cargo de serventuário vitalício da justiça de Minas Gerais, como oficial do tabelião de São Sebastião do Paraíso, José Luiz Campos do Amaral Junior iniciou carreira política, participando da reorganização do diretório local do Partido Liberal, evento noticiado em 1º de janeiro de 1888. Nesse sentido, colaborou firmemente para reorientar as forças políticas daqueles anos, exercendo as funções de secretário da nova legenda que fazia acirrada oposição ao velho Partido Conservador. 
Na mesma época, o diretório liberal foi presidido pelo ilustre advogado Francisco Soares Netto, formado na Faculdade de Direito de São Paulo, na turma 52, que colou grau no final de 1883, mesmo ano que participou da criação do Clube Republicano Mineiro, composto por estudantes de São Paulo. O vice-presidente do mesmo diretório liberal paraisense foi o tenente José Augusto de Pádua.
Campos do Amaral Junior foi um dos fundadores da Loja Maçônica Fraternidade Universal e detentor de uma patente de coronel da extinta Guarda Nacional. Antes de fixar residência em Paraíso, foi titular do cartório de órfãos de Jacuí, berço histórico do sudoeste mineiro. Obteve sua transferência, por permuta de cargo, para o então florescente polo cafeeiro da região, onde conquistou simpatia e respeito das diferentes classes sociais. Motivo pelo qual, posteriormente, fora eleito deputado estadual de Minas Gerais, tornando-se o generoso deputado Campos do Amaral Junior, conhecido personagem da história política e social de São Sebastião do Paraíso. 
O pai do deputado Campos do Amaral Junior, que também se chamava José Luiz Campos do Amaral, foi um conhecido comerciante de grandes posses da cidade de Paraty, sul do Rio de Janeiro, onde exerceu considerável influência, sendo do círculo de relações próximas ao Imperador. Sua fortuna foi conquistada no ramo de Casa de Consignação, no comércio de produtos agrícolas com tropeiros que viajavam no trajeto entre o Rio de Janeiro e o vasto Sul de Minas. Paraty ficava em uma posição privilegiada nessa antiga rota comercial. Com o tempo, a cidade perdeu essa condição porque foram abertas outras estradas que permitiam romper a Serra do Mar, em melhores condições para a passagem das tropas de muares, advindo o declínio econômico. Razão pela qual alguns arrojados comerciantes foram levados a buscar novos mercados e a melhor alternativa daqueles anos consistia em embrenhar pelos sertões do Sul de Minas. Nesse contexto, parte da família fixou residência em Pouso Alegre, São Sebastião do Paraíso, entre outras cidades da região. 
Desde o início do período republicano, Campos do Amaral começou a ser cotado como provável candidato a uma vaga na Assembleia Legislativa. Assim, a lei n. 131, de 17 de julho de 1895, concedeu licença a diversos funcionários de comarcas de Minas Gerais, entre os quais para o então tenente coronel José Luiz Campos do Amaral Junior. Era momento então de iniciar outra etapa importante de sua vida, trabalhando como honrado político que tanto auxiliou o desenvolvimento regional. Consta na imprensa da época o empenho político para aprovar a lei que criou o primeiro Grupo Escolar da cidade, inaugurado em 1º de fevereiro de 1916, infelizmente, após o seu falecimento, ocorrido em 5 de outubro de 1913.