A publicitária Geralda Aparecida Moraes é uma mulher de origem humilde e que sempre buscou se agarrar as oportunidades que surgiram em sua vida para obter crescimento profissional e se tornar respeitada em sua área de atuação. Sempre em busca de conhecimento, ela também buscou formação em pedagogia e hoje trabalha na Associação Comercial, Industrial e de Serviços de São Sebastião do Paraíso (Acissp), onde coordena o Senar, auxilia na comunicação e colabora no projeto Empreender. Natural de Jacuí, Geralda é filha caçula do casal Vitória Francisca Moraes e Abadio dos Santos Moraes (já falecido). Geralda perdeu o pai quando tinha apenas três anos e desde então foi sozinha que a dona Vitória criou os quatro filhos, o Lázaro (já falecido), a Denise, o Luiz e a Rita. É com muito carinho que Geralda fala sobre a mãe, hoje aos 71 anos, e da relação de companheirismo e apoio que existe entre elas. Geralda está prestes a se casar com o advogado Kairo Fernando Hipólito e começar uma nova vida.
Jornal do Sudoeste: Como foi sua infância em Jacuí?
Geralda Moraes: Na época nos divertíamos muito, não havia nenhuma dessas tecnologias que temos hoje, então brincávamos na calçada, andávamos de bicicleta, queimada, essas coisas de criança. Era muito mais divertido do que essa infância que vemos hoje, porque nós conversávamos, gostávamos de ficar sentados na porta de casa contando histórias e era sempre a mesma turminha, que morava perto de casa e tinha mais ou menos a minha idade.
Jornal do Sudoeste: Você chegou a morar na roça, por que houve essa mudança?
Geralda Moraes: Sim. Eu morei na roça até meus três anos de idade, foi quando meu pai faleceu. Ele era lavrador. Depois disto, nos mudamos para Jacuí, isso para ficar mais fácil para minha mãe. A época meu pai tinha construído uma casa na cidade, que é onde nós moramos até hoje, e minha mãe criou sozinha a mim e aos meus irmãos. Hoje minhas irmãs já são casadas, e atualmente vivemos eu e o Luiz com ela, mas eu me caso no próximo mês.
Jornal do Sudoeste: Como foi sua fase de escola, era boa aluna?
Geralda Moraes: Eu era um pouco “arteira”, muito prosa. Toda a vida sempre gostei muito de conversar, divertia-me muito. No começo, minhas notas não eram muito boas, quando estava nos anos inicias; acredito que isto tenha relação com as dificuldades financeiras que passamos na época e nós não tínhamos muito acesso a materiais, era mais difícil. O ensino fundamental e médio eu fiz na Escola Estadual Professora Maria Leonor Nasser, lá começou a melhorar um pouco, comecei a aprender mais. Mesmo assim, era a aluna que gostava de conversar muito (risos). Quando minha mãe era chamada nas reuniões era sempre a mesma história: “A Geralda é muito inteligente, mas ela é muito falante” (risos).
Jornal do Sudoeste: Depois de se formar no ensino médio, o que você fez?
Geralda Moraes: Depois que me formei, passei a trabalhar em uma fábrica de costura, onde fiquei quase seis anos como auxiliar. Antes disto trabalhei como doméstica em várias casas de família e após comecei nesta fábrica, que foi meu primeiro emprego formal. Lá eu fiz grandes amigas e até hoje mantenho muito contato com todo mundo. Foi deste emprego que eu recebi dinheiro para pagar a minha faculdade de Publicidade e Propaganda, em Passos. Fui uma fase muito apertada, mas foi uma das melhores, eu adorava. Eu entrava as 7h e saí as 17h do meu serviço, e tinha que pegar o ônibus para ir para a faculdade às 17h30. Era somente essa meia hora para me aprontar, não tinha carro nem moto e pagava a faculdade. Apesar disto, foi uma das melhores fases de minha vida.
Jornal do Sudoeste: Por que você optou por estudar Publicidade e Propaganda?
Geralda Moraes: Para ser sincera, nem achei que estudaria naquele momento da minha vida, apesar de ter vontade. Eu tinha apenas 20 anos. Recordo que eu tinha uma amiga que ia prestar vestibular, mas não tinha ninguém que pudesse ir com ela para fazer companhia. Para ela não ir sozinha, fui para acompanhá-la e prestei Publicidade e Propaganda. Acabou que passei em quarto lugar e a partir daquele momento disse a mim mesma que eu precisava aproveitar aquela oportunidade. Assim, fiz a inscrição e comecei o curso.
Jornal do Sudoeste: Foi muito difícil esse começo?
Geralda Moraes: Sim. Eu não sabia ligar um computador e a primeira aula de informática que tivemos quase fiquei doida, não sabia nada. Faz pouco mais de 10 anos isto, mas naquela época não havia essa facilidade que há hoje, para se ter uma ideia nós salvávamos trabalhos em disquetes. Eu estranhei muito, porque não tinha muito contato e o nosso único acesso à informática era em lan house. Foi somente no meu terceiro ano de faculdade que eu consegui comprar meu primeiro computador, até então eu fazia tudo no laboratório da faculdade. Para mim, foi tudo uma surpresa, era tudo muito novo, mas apesar desta dificuldade as minhas notas eram um arraso. Eu me esforçava muito, não tinha muito tempo para estudar e geralmente estudava no meu horário de almoço.
Jornal do Sudoeste: Você teve ajuda para superar essa dificuldade?
Geralda Moraes: Sim. Tinha professores que viram que eu não tinha tanto habilidade e diante disto me apoiaram muito. Entre esses professores havia a Nara Guimarães e a Elisa Faria. Quem me ensinou a usar o “Corel Draw” foi a Elisa, recordo-me que fui para a casa dela e ela me ensinou tudo o que eu precisava. A Nara também me apoiava bastante, porém havia os outros professores, mas foram essas duas com quem tive mais contato.
Jornal do Sudoeste: E como foi para começar o ingresso na sua área?
Geralda Moraes: Eu fiquei na costura quase seis anos e no meu último ano de faculdade saí desse emprego e comecei a fazer um estágio na prefeitura de Jacuí, onde fiquei um bom tempo e aprendi bastante. Pouco tempo depois eu saí da prefeitura e comecei a trabalhar na Associação Comercial e Industrial de Jacuí. Foram três anos de trabalho e foi muito bom porque foi onde eu aprendi a trabalhar. A equipe da Associação de Jacuí é muito boa, aprendi muito com eles. Todo o pessoal da diretoria era muito parceiro, eles tinham muita confiança no meu serviço e foi um período de muito aprendizado.
Jornal do Sudoeste: E como a Acissp surgiu no meio dessa história?
Geralda Moraes: Eu participava de muitos eventos de associações comerciais e sempre ia a eles com o pessoal daqui da Associação Comercial de Paraíso. Foi onde conheci o Dr. Ailton Sillos e ele me fez o convite para vir trabalhar em Paraíso, isto faz três anos agora em setembro.
Jornal do Sudoeste: E como é o seu trabalho aqui na Associação?
Geralda Moraes: Eu sou coordenadora do Senar, colaborado do projeto Empreender, onde ajudo a Érica Paschoini, e auxilio na comunicação da Acissp.
Jornal do Sudoeste: Qual a importância do Senar?
Geralda Moraes: O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, o Senar, oferece diversos cursos voltados para o homem do campo, para essa capacitação e preparo para o trabalho. É um projeto muito importante, principalmente para os produtores rurais e trabalhadores que precisam e buscam por algum tipo de capacitação.
Jornal do Sudoeste: O significa a Acissp para você?
Geralda Moraes: A Acissp para mim é um presente. De toda a minha trajetória de vida, de tudo o que vivi e passei, receber esse convite posso dizer que é um presente. Tenho o Dr. Ailton como uma pessoa muito especial, que abriu essas portas para mim e que confiou em me trazer para a Acissp e que me ensina muito a trabalhar. Tenho aprendido muito no dia a dia, e nós aprendemos todos os dias, seja com os erros ou acertos. Ter essa oportunidade, que eu nunca imaginei que teria e tive, foi um dos maiores presentes na minha vida e sou muito agradecida por isto.
Jornal do Sudoeste: Você sentiu muita diferença da Associação de Jacuí para a Associação de Paraíso?
Geralda Moraes: Somente no tamanho, mas é complicado fazer uma comparação porque ali foi onde eu comecei e é aqui que eu estou hoje. Então, ambas as Associações têm um grande significado na minha vida.
Jornal do Sudoeste: Qual o balanço que você faz desses 31 anos?
Geralda Moraes: Foi muito positivo, aprendi muito na minha vida e vivi e aprendi coisas que eu nunca achei fosse viver ou aprender. Às vezes sofremos um pouco para aprender, mas foi tudo muito bom. Eu não voltaria em um único minuto da minha vida para tentar fazer algo diferente. Penso muito para frente, tudo até agora foi positivo, mas temos que buscar melhorar a cada dia, afinal somos humanos e é preciso estar em constante mudança tanto para o profissional quando pessoal. Então, para mim o importante é viver o hoje e o agora e tentar fazer tudo da melhor maneira possível.