Na próxima quinta-feira, 06, vence o período de licença da prefeita Marilda Melles que deverá retornar o cargo. Com a sua volta, o prefeito interino, Enoc José Neto volta às atividades de vice prefeito. Antes da sua saída do cargo interino, Enoc falou exclusivamente ao Jornal do Sudoeste sobre a sua experiência administrativa respondendo diretamente pelo Executivo.
Ele conta as principais ações que pôde fazer e anunciou estar deixando um relatório para futuras ações da prefeita. Também vislumbrou a realização de um sonho: concorrer e vencer as eleições municipais para administrar o desenvolvimento do município.
Enoc José Neto, vice prefeito, tem uma história em comum com a política paraisense e é considerado fiel e atuante partidário do PMDB - Partido do Movimento Democrático Brasileiro. Com 24 anos de filiação, nunca trocou de sigla. Está no partido desde a sua criação, na época da Arena e ex - MDB, sendo continuamente eleito vereador em São Sebastião do Paraíso, Enoc está terminando a sua curta passagem, de 40 dias pelo Executivo paraisense, e, embora admita ter algumas limitações, admite que gostaria de ser prefeito da Cidade dos Ipês.
Em atenciosa análise do desenvolvimento municipal, Enoc elenca os principais problemas e reconhece que "Paraíso não é diferente de outras cidades, tem tudo para não ser igual, mas melhor em sua particularidade", definiu.
Observando a diretriz básica da administração municipal, o prefeito interino cita que a experiência pela qual está passando, "foi oportuna e excelente para conhecer de perto as carências e valores essenciais da população". Nas entrelinhas, Enoc José Neto reconheceu falhas na administração, porém às associou ao fator humano. "Só erra quem faz. Não se deve errar por não fazer", concluiu.
JS - O que significou para o senhor este dias, respondendo diretamente pela administração? Olha, é uma experiência nova. Eu tenho um conhecimento de Câmara, atuando durante 24 anos. É bastante diferente. Eu acredito que foi muito importante até mesmo para a administração, porque pude conhecer alguns problemas na profundidade e como vice nem tudo é do conhecimento. Eu creio que agora tenho muito mais condições de colaborar com a prefeita Marilda Melles, porque passei a fazer parte, conviver com dificuldades e buscar soluções imediatas. Significou muito. Não encontrei nenhuma dificuldades. Foi fácil dentro das normalidades administrativas, embora tenha alguma coisa, de ponto de vista diferente. Tudo que acho que pode ser feito, vou deixar numa planilha para a ela analisar.
JS - Embora um prazo curto, 40 dias, o que foi possível fazer? O que o senhor destaca como ação importante neste período? Olha, uma coisa que eu acho importante que pude fazer foi, encontrar nas pequenas coisas uma ação rápida. Tivemos um período complicado pelas chuvas. Funcionários e as máquinas não podiam trabalhar no reparos de ruas e estradas. Mesmo assim a operação tapa buracos foi realizada dentro das possibilidades visando sempre as emergências . Estive no Distrito da Guardinha, onde solicitaram um posto bancário. Estamos acertando a instalação deste através da Cooparaíso. Vários problemas, por exemplo, como parte elétrica da praça, foram resolvidos. Em Termópolis, fomos de encontro com pequenos problemas que também foram solucionados, referentes as estradas rurais. Foi uma ação mais emer-gencial. No início eu não sabia o que fazia. Telefone tocava toda hora. Sem máquinas, tivemos que adquiri-las e colocar as que haviam para funcionar.
JS - Os carnês do IPTU foram lançados em alguns casos com mais de uma unidade para o mesmo terreno ou edificação. Isto prejudica a administração municipal, dando aos munícipes um certa imagem de desorganização ou até má fé? Eu não tenho conhecimento disto. Pela primeira vez estou ouvindo isto. Aqui estou procurando atender as emergências e às vezes fico isolado desta informações e portanto não posso comentar se ocorreu ou não.
JS - E a arrecadação como foi avaliada neste primeiros dias de cobrança? Segundo informações do departamento de finanças foi satisfatória. Não tenho a expressão de valores arrecadados.
JS - É voz corrente na cidade que a administração está desgastada na opinião pública. O senhor também sente isto? Que avaliação faz destes dois anos? Difícil isto. Se for feito uma avaliação real desta Lei de Responsabilidade Fiscal e da maneira que foi encontrada a Prefeitura, entramos com dívida no primeiro ano, a administração está boa. Vou citar por exemplo o trabalho voltado para o desenvolvimento do pré-escolar, um trabalho social tão grande, que envolve 1050 crianças. Estas crianças não passavam por esta fase inicial escolar e quando chegavam na escola com outros que haviam cursado o pré- havia um constrangimento e uma desarmonia. É um investimento da administração, que também está voltado por exemplo para o Programa Agente Jovem. Um elevado trabalho social. Várias verbas federais foram conseguidas pelo ministro Carlos Melles, mas e a contrapartida?. Isto pesa. Na medida do possível tem sido feito alguma coisa. De maneira geral analiso tudo que está sendo feito vejo uma somatória muito grande, que me permite avaliar com boa. Durante estes 40 dias, qual foi a relação com a Câmara Municipal? A primeira atitude minha foi pedir uma audiência com o saudoso Tito Capatti. Ele iria fazer uma viagem e foi a última vez que estivemos juntos. Disse a ele que seria uma conversa de 20 minutos e acabamos reunindo por quase três horas. Queria falar com todos os vereadores. Me coloquei a disposição. Creio que os dois poderes, Executivo e Legislativo são iguais, embora independentes. E um não deve andar sem o outro. Quando um cresce o outro cresce e quando um cai o outro também. É preciso união. Foi um período de convivência muito boa, uma relação muito proveitosa.
Qual a sua opinião sobre os indícios de irregularidades na compra do terreno pela Câmara? Não tive conhecimento da compra do terreno quando falei com o Tito antes dele viajar. Depois que voltei da posse do Melles em Brasília é que ouvi falar, só isto. Sei que há uma comissão apurando os fatos. Só isto. Não tenho outras informações que me permita opinar.
Pela experiência de quase 25 anos de político, na sua opinião o que Paraíso precisa para atingir desenvolvimento pleno? Aqui não é diferente de outros lugares. Tem que trazer indústria para dar emprego, dar produção. Temos por base as pesquisas durante a campanha política. Foi assustador ver a população pedir emprego, acabar com a violência. Agora eu acho que combater o desemprego é combater a violência. A maioria da violência é gerada pelo desemprego. Tem vindo algumas empresas mas é preciso mais trabalho.
Durante os 40 dias, foi possível ter uma visão do que é administrar uma cidade deste porte e em desenvolvimento? Sim. Cada um tem uma maneira. A prefeita Marilda Melles tem um grupo de técnicos que a auxilia. Se eu fosse o prefeito teria talvez um outro grupo. Interinamente não vejo nada difícil. Tudo está dentro das normalidades.
Voltando a vice, como será agora a sua atuação? Fica limitado a vice. Todos os dias estou na Prefeitura. O que não puder resolver, vou intermediar. Continuarei fazendo o mesmo trabalho, porém com mais experiência de quem já esteve do outro lado.
O senhor gostaria de voltar ao cargo, como prefeito definitivo, quem sabe numa eleição futura? Eu gostaria. Não poderia ser diferente. Uma cidade como São Sebastião do Paraíso é atrativa. Aqui nasci, cresci, fiz tudo aqui. Tudo que puder fazer para ajudar nossa gente, estou a disposição. Embora, eu conheça as minhas limitações, mas se eu pudesse ser eleito, gostaria muito de trabalhar mais para o desenvolvimento do município paraisense.
O que o senhor diz aos paraisense neste novo momento de transição? Quero dizer o seguinte: o trabalho do nosso lado não vai faltar como nunca faltou. Dentro das possibilidade podem ter certeza que irei colaborar muito mais. J.A.N.