Vereador define diretor geral da Prefeitura como muito fraco

Por: Redação | Categoria: Arquivo | 20-04-2003 00:00 | 647
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O ex-assessor especial da prefeita Marilda Melles, atualmente diretor geral da Prefeitura, tem causado certa insatisfação entre alguns vereadores e em uma determinada parcela da população. Tachado de autoritário, Antônio Carlos Arantes hoje exerce as mais diversas funções na gestão administrativa. Contudo, apesar da rejeição encontrada no que se refere ao seu desempenho como funcionário público, é praticamente inexistente tal queixa no âmbito pessoal.
Para o vereador Márcio da Silveira, a experiência acumulada do atual diretor geral da Prefeitura não pode ser desconsiderada. "Primeiro porque é um homem que foi prefeito de uma cidade, ainda que um município muito pequeno, mas ele demonstrou a capacidade de coesão, eu estou falando isso, porque quando ele foi prefeito lá, eu conheci alguns vereadores de Jacuí que me falaram da harmonia que ele mantinha entre os dois poderes. E principalmente com essa experiência que ele acumulou em dois mandatos e diga-se de passagem, na primeira eleição obteve 80% dos votos válidos. Eu acho que a Marilda não devia, e realmente ela não cometeu, esse equívoco de não aproveitar essa experiência e com um detalhe, eu quero crer que num futuro breve, o Antônio Carlos assuma a sua vaga na Assembléia. Antes de mais nada a humildade, a atenção que ele tem com as pessoas. Jamais como líder da prefeita, eu poderia desabonar a atitude de trazê-lo pelo belo trabalho que desenvolve. Você não vê o Antônio Carlos dizer não, somente quando as coisas se tornam impossíveis, mas primeiro ele esgota todos os meios de atenção, de atendimento dos pleitos dos vereadores, cidadãos, enfim, acredito que não tenha um vereador que fale contrário a isso que estou afirmando agora," afirma. 
Mas, para a surpresa de Silveira, não há apenas um, mas dois vereadores que afirmaram ao JS que Antônio Carlos é centralista e autoritário, excluindo das reuniões organizadas por ele, os membros da Câmara que fazem parte da oposição. 
Ex-prefeito da vizinha Jacuí e candidato derrotado ao cargo de deputado estadual, Arantes ocupava o cargo de assessor especial desde novembro. "Na minha opinião, o comportamento do Antônio Carlos está deixando muito a desejar. Para todas as reuniões que ele faz, eu não sou convidado. O funcionalismo e a comunidade também estão insatisfeitos," afirma o vereador José Marinzeck, atualmente sem partido. 
Para Marinzeck, Antônio Carlos está administrando de forma errada. "Ele devia levar em consideração que Paraíso e Jacuí são de tamanhos diferentes. O tamanho da cidade é proporcional aos problemas que ela enfrenta. Quanto maior o município, maiores as dificuldades. Eu, a Cida Pimenta, Valdir do Prado e o Pedro Fagundes estamos sendo simplesmente ignorados. Queira ou não queira, ele está excluindo também cerca de 3 mil eleitores que nos colocaram na Câmara Municipal. O que inclusive não é o caso de Arantes, posto que está lá dentro sem ter vencido uma eleição e dispõe de mais poder do que os vereadores eleitos pelo povo. Não está havendo respeito na hierarquia eletiva e quem perde com isso é a população," salienta.
Valdir Donizete do Prado, vereador da oposição eleito pelo PSDB, além de afirmar que Antônio Carlos não quer trabalhar com os 15 vereadores que compõem a Câmara, mas apenas com os 10 que apoiam a administração, acrescenta outras considerações. "O trabalho dele como diretor geral está muito fraco. Ele faz as coisas sem ter um projeto de execução, como o desvio da rodovia que passa dentro da cidade, por exemplo, não teve o trabalho de um engenheiro responsável. No caso da família da dona Sílvia lá do San Genaro, que teve a casa destruída pela chuva, ele não demonstrou um pingo de solidariedade que fosse, mandou a pobre mulher entrar na justiça. Veja se isso é coisa que se diga num momento desses? Ou foi uma tremenda falta de respeito ou a incompetência dele é muito grande," conta, afirmando ter ficado indignado. 
Em relação à reforma administrativa arquitetada com a assessoria de Arantes, Prado comenta que tudo foi uma simples fachada. "Dos que foram dispensados, quase todos foram chamados novamente. Foram mantidos os profissionais caros, mandaram os baratos embora. O sistema de transporte escolar é absurdo. Tem crianças saindo de casa às 05:30 da manhã, além da carne para merenda escolar que está sendo trazida de Belo Horizonte e conforme algumas merendeiras, é de péssima qualidade," salienta.
O vereador critica a inutilização do Instituto Monsenhor Felipe e a aquisição de um prédio na Rua Pimenta de Pádua cuja as prestações, segundo afirma, estão atrasadas. "Eu espero que a prefeita assuma a Prefeitura e faça como o vice, José Enoc, que durante o período em que ela esteve afastada, atendeu a todos com muita humildade e atenção. Não votamos no Antônio Carlos, elegemos a Marilda e essa situação é absurda," ressaltou. 
Pelas ruas da cidade, poucos sabem qual o cargo ocupado pelo ex-prefeito de Jacuí na atual administração, porém poucos são os paraisenses que não o conhecem ou nunca ouviram coisa alguma a seu respeito. "O Antônio Carlos é uma pessoa boa para toda a vida. Eu não tenho conhecimento do que ele tem feito, mas pelo o que conheço dele, acredito que não vá fazer nada de errado. Porque é uma pessoa de responsabilidade. O futuro dele há de ser bom. Eu por enquanto até hoje não vejo nada de ruim nele, só vejo falar coisas boas," conta o lavrador e operador de máquinas, Raul José da Silva.
"Eu não conheço ele e não tenho conhecimento do que ele tem feito. Não posso falar quase nada. A Prefeitura está muito devagar. Acho que não está desempenhando todas as funções que deveria. Está muito aquém do que foi prometido em campanha eleitoral. Onde já se viu uma pessoa de outra cidade ter mais poder do que a prefeita," opina o cabeleireiro Sebastião Alves.

Arantes se defende

Antônio Carlos Arantes define suas funções como diretor geral da Prefeitura de maneira bem enfática. "Minha função é colocar em prática o que a prefeita pensa. Eu executo os projetos idealizados por ela. Hoje a Prefeitura tem uma direção. Antes haviam vários departamentos e secretarias que acabavam se trombando na hora de tomar alguma decisão importante e desacelerando o andamento do Executivo," afirma.
Segundo afirma, desde sua chegada a Paraíso, a Prefeitura tem conseguido ficar mais organizada e honrar seus compromissos para com os credores, conquistando novamente a credibilidade na praça. "Considero este o ponto mais importante do trabalho que tenho desenvolvido aqui. Inclusive foi por isso que a prefeita me contratou. Para equilibrar as finanças. Sem o sufocamento das dívidas, conseguimos avançar nas obras, retornar o tratamento de esgoto, pagar dívidas com a CEMIG e com os credores. Através dessa reforma administrativa, passamos a economizar mensalmente cerca de R$150 mil e isso devemos muito ao Mauro Zanin, que está atualmente respondendo pelas finanças," afirma.
Em relação às críticas de José Marinzeck e Valdir do Prado dando conta da exclusão dos vereadores da oposição, Arantes afirma que a situação não é bem assim. "Fizemos apenas 4 reuniões, das quais eles foram chamados para 3. Apenas em uma eles não estiveram presentes porque se tratava de armar estratégias para aprovar a reforma administrativa, e nós não sabíamos se eles eram favoráveis ou não. Quanto ao fato de eu ser centralista ou autoritário, só posso afirmar que não é verdade. Inclusive reivindicações desses próprios vereadores estão sendo atendidas," informa.
Sobre os comentários de que a reforma administrativa teria sido apenas uma jogada política, Arantes afirma não se tratar de uma fachada. "Das 7 secretarias que existiam, hoje só funcionam 3. Com salário acima de R$1.5 mil por mês não há mais de 6 pessoas. O que aconteceu foi uma estruturação. Assim que foi realizado o concurso público todos os funcionários colocaram o cargo à disposição da prefeita, inclusive eu, para que ela se sentisse a vontade para chamar aqueles de quem realmente necessitasse. Mais de 150 funcionários foram demitidos e até agora nem 20 foram reconvocados, sendo que a previsão é de que no máximo 30 pessoas voltarão a ocupar algum cargo aqui dentro. Somente os imprescindíveis serão chamados," comenta.
Sobre o transporte escolar, Arantes afirma que a mudança de horário foi realmente necessária. "Antigamente as kombis e os ônibus buscavam o aluno em casa, mas com a alta do combustível, isso ficou impossível. São pegas no ponto mais de 1000 crianças, e até hoje só tivemos 15 reclamações. Para cada reclamação feita, nós analisamos e se realmente puder ser feita alguma alteração, nós fazemos," explica, no que é complementado por Mauro Lúcio Zanin, "Inclusive foi realizada uma reunião na semana passada onde estiveram a representante do transporte escolar da Prefeitura e os pais de alunos atendidos pelo serviço, e nada foi dito a esse respeito. Prova de que a população já se acostumou a essa mudança que não é boa, mas se faz necessária," salienta.
Zanin conta ainda que a merenda escolar obedece ao processo licitatório, onde quem oferece o melhor preço é que fornece os alimentos. "Tem parte da merenda que vem sim de Belo Horizonte, mas também tem o Conselho Municipal de Alimentação Escolar que fica incumbido de fiscalizar a qualidade do alimento e a própria diretoria da escola, os pais de alunos e as merendeiras que fazem este controle. Até agora não recebemos nenhuma reclamação quanto à procedência ou qualidade da merenda, o que dá a entender que tudo está em ordem. Quanto à diminuição do lanche, isso realmente está acontecendo, mas não foi cortado o pão e o leite das crianças, apenas substituiu-se o pão por bolachas, que são mais baratas," ressalta.
O Instituto Monsenhor Felipe, segundo Antônio Carlos, não está inutilizado. "Atualmente estão funcionando lá a Escola Profissionalizante Feminina Cezarina Malaguti, o Museu Municipal, três pré-escolas, Guarda Municipal , Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, Conselho Municipal Anti-Drogas e o Departamento de Esportes," informa.
"Quanto ao prédio adquirido na Rua Pimenta de Pádua, trata-se de um acerto de dívidas entre a Prefeitura e o INSS. O prédio abate uma parte da dívida adquirida na gestão municipal de Pedro Cerizze. Possivelmente irá funcionar no local uma agência regional do INSS e ao que me consta serão enviados cerca de R$500 mil para adequação e instalação do Instituto no imóvel. Realmente algumas prestações ficaram atrasadas, mas no momento os pagamentos estão em dia," salienta.
O diretor geral da Prefeitura espera colocar a casa em total equilíbrio dentro de 2 meses. Para ele, metade dessa adequação já foi realizada. "Apesar das críticas que sofro, duvido que outros trabalhariam tanto e com tanto esforço como eu e os demais funcionários da Prefeitura que não medem esforços para realizar um trabalho bem feito," concluiu. 
Elezângela de Oliveira