População paraisense não aprova reajuste do circular

Por: Redação | Categoria: Arquivo | 27-04-2003 00:00 | 639
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O Jornal do Sudoeste noticiou o aumento do preço da passagem de ônibus circular, reajustado em 22,2%, que culminou na mudança de R$0,90 para R$1,10. Como já era de se imaginar, a população de São Sebastião do Paraíso não recebeu de bom grado a alteração de preço e as pessoas se mostram indignadas com o aumento. 
Segundo uma auxiliar de produção de 24 anos, que prefere não se identificar, o aumento não é tão grande, mas pegou todo mundo de surpresa. "Acho que um real já estava bom demais pelo tamanho da cidade, porque o circular não dá muita volta, o percurso é pequeno, e esse preço passou dos limites mesmo. O salário aumentou, mas como no meu caso, muitas pessoas ainda não tiveram esse aumento, vou receber só em julho. Por isso, acho que eles abusaram um pouquinho. Uso esse serviço com muita freqüência, porque eu moro no São Judas e necessito. Agora eu vou ter que descer à pé para economizar, porque o salário já não é muito, ainda mais pagando tudo isso, pesa bastante," afirma.
Quem também não aceitou bem o novo reajuste é a auxiliar de limpeza Lázara Maria Pereira, de 55 anos. "Está abusivo porque oitenta centavos paga muito bem, não paga? Para vir do São Judas até aqui, não é tão longe assim. Em relação ao reajuste de salário, nem todos tiveram, porque onde eu trabalho, não teve. Foi muito precipitado, o povo está sem dinheiro, não tem condições. Geralmente eu estou vindo e voltando à pé, porque chega no final do mês, estou sem dinheiro e faz falta," salienta.
Manoel da Silva, 32, é lavrador e às vezes vem para Paraíso com o intuito de solucionar problemas e necessidades cotidianas. "Quase não uso, mas quando eu uso, sai mais caro do que quando venho de carro, porque de carro gasto R$1,50 de álcool, de circular gasta mais. Eu acho que agora que tinha que ser R$0,80. Porque por enquanto só subiu o salário, depois é que vamos receber o aumento. Acho que está muito caro. Não concordo que tenham esperado mais de seis meses, porque não faz três meses que o álcool subiu, e foi tudo reajustado junto com ele," informa.
A estudante Valquíria Aparecida Calzavara, 18, aponta outras razões que não justificam o aumento. "Apesar de ter subido o combustível, são muitos os passageiros que circulam nesses veículos, então, para quem precisa dele todos os dias, o aumento foi significativo. Utilizo com uma certa freqüência. A condição financeira hoje é uma dos que mais agrava e mais preocupa também as pessoas. Porque com o aumento do salário mínimo, aumentando também o transporte, não teve significativo nenhum. Muitas pessoas utilizam o circular por dia, e acredito que a arrecadação deve ser boa. Agora, com o reajuste, vai diminuir o fluxo de pessoas utilizando o ônibus, o que vai ocasionar um novo aumento," ressalta.
José Pereira da Silva, 45, é pedreiro. Para ele, a situação está insustentável desta forma. "Esse aumento foi muito abusivo, diante da situação que está é bem pesada, porque é o assalariado que mais usa, e para quem ganha salário mínimo fica meio salgado. A arrecadação deles é bem grande, pois a população usa demais, deveria ser bem mais em conta. Paraíso tem um tamanho médio, o que não justifica o preço," conta.
"Isso é um roubo da mesa de uma família pobre. As pessoas não têm condições de pagar. Isso é uma vergonha, Paraíso nem é tão grande, nem tem uma infra-estrutura tão maravilhosa para que o preço suba tanto. Acho que para as pessoas isso já é difícil, agora com o aumento do preço ... O que adianta subir em R$20 o salário e tudo aumentar, e isso está acontecendo não só com o transporte," concluiu o estudante Jefferson Cordeiro Teodoro, de 17 anos.