Um grupo de profissionais de São Sebastião do Paraíso que faz curso de pós-graduação na Universidade de São Paulo - USP, está organizando um debate comunitário sobre a violência física em família com o tema, "A palmada deseduca".
O evento, que acontecerá no dia 29 deste mês, é destinado a todas as pessoas da sociedade, principalmente pais, além de adolescentes com mais de 14 anos. "Daremos dicas de como educar seus filhos com autoridade, sem autoritarismo. Falaremos da importância do limite, mas nunca se violentar, daremos dicas de comportamento e explicaremos o porquê disso tudo", fala a psicóloga e pedagoga, Sandra Gonçalves Westin, coordenadora da equipe.
Além dela, fazem parte também, o médico ortope-dista Adauto Manfrim Mendes, a professora Nádia Maria M. Rocha e a assistente social Fabiana Cássia Felipe. "O material que será utilizado vem da USP, do laboratório de estudos da criança que é o órgão através do qual realizamos a especialização", diz.
Palmada
A palmada, de acordo com a psicóloga, é pré-histórica. "É usado há vários anos, mas existem métodos adequados de educar. Primeiro é preciso entender, ter uma noção do desenvolvimento, pois cada idade entende de uma maneira e lá iremos mostrar esse desenvolvimento e o que fazer", comenta.
"A criança não é igual ao adulto, ela é um ser especial que está em desenvolvimento e necessita de técnicas especiais para ela aprender, vamos enfocar muito a questão do ser em detrimento do ter", diz Sandra Westin. Salienta que hoje em dia, com o individualismo, a sociedade dá uma ênfase maior a isso. "Por este motivo, a criança não tem bons princípios, pois não foi projetado dentro dela um limite, depois quando ela não tiver um castigo, não vai se comportar de uma maneira adequada, daí a importância do diálogo", ressalta.
A psicóloga opina que atualmente a criança é sempre relegada a último plano. "E infelizmente nós não temos programas de controle de natalidade, por isso, precisamos sensibilizar os pais de que a linguagem do amor é mais importante que a da mão".
Para quem acha que bater na criança está educando, Sandra dá um recado: estão fazendo o oposto. "Em um primeiro momento pode até inibir aquele comportamento inadequado, mas depois de alguns dias, vai voltar a fazer pois ela não entendeu, só foi castigado o corpo físico, mas o ser humano não é só isso, também tem o mental, o emocional e o espiritual. A nossa consciência não está na pele".
A psicóloga afirma também que o tema é tão sério que em países como a Suécia, Finlândia, Dinamarca, Noruega, Áustria, Chipre, Croácia e Letônia têm em seus códigos Civil e Penal que é tido como crime. "Além desses, a Itália, Bulgária, Alemanha e Bélgica já estão fazendo a mudança para adotar idêntica medida".
Qualificação profissional
A psicóloga e pedagoga, Sandra Gonçalves Westin diz que os profissionais da cidade deviam procurar cada vez mais se qualificar.
"É muito importante a gente ser preparado, principalmente os profissionais que atuam com crianças para que o trabalho seja eficiente e eficaz, para não ficar aquela coisa do "achismo", que infelizmente aqui em Paraíso tem muito. Não possuem informação e competência técnica no sentido de especialização e estão atuando em áreas que desconhecem". Segundo explica, esse é o motivo pelo qual o trabalho não tem o resultado esperado.
"Então, o que pretendemos é o aprimoramento profissional, custe o que custar para realizarmos um bom trabalho, e sustentar essas mudanças sociais e saber driblar isso de uma maneira criativa, personalizada, com bom senso".