Ver adultos, idosos e crianças com narizes vermelhos e lenços à revelia nesta época do ano é normal. Embora a população de São Sebastião do Paraíso esteja apreensiva com a enorme quantidade de pessoas doentes de gripe que superlotam os consultórios médicos, não há motivo para alarde. "O que está acontecendo não é um surto, as pessoas é que se esquecem de como foi o ano anterior," afirma o diretor clínico do Pronto Socorro Municipal, Iaperi de Melo Dantas.
Segundo afirma, o aumento dos casos da doença que estão ocorrendo agora sempre acontecem todos os anos. "É normal porque as viroses que acometem as vias aéreas, principalmente superiores, aparecem nos meses de junho, julho, agosto até setembro com uma maior intensidade," diz. Iaperi conta que novamente a situação do ano anterior se repete. "A gente sabe que nestes meses, a demanda aumenta pelas viroses. Quem sofre mais são os idosos e as crianças. Por isso, o governo faz a campanha de vacinação contra a gripe para maiores de 65 anos, que a propósito tem contribuído para diminuição de incidência nesta faixa etária," explica.
"As crianças é que são muito acometidas, mas o povo de uma maneira geral sofre, porque o clima é frio e seco. Então nós temos casos de conjuntivite, otite, rinites, amigdalites, faringites, laringites e a própria bronquite se acentua. Todo ano acontece a mesma coisa, nós é que esquecemos de um ano para outro, mas quem trabalha na saúde pública sabe que é perfeitamente normal nesse período," diz.
Segundo o diretor clínico, tratar a doença é a única solução possível. "É bom procurar se alimentar bem, para melhorar a resistência orgânica. O brasileiro hoje se alimenta mal, não porque não quer, é porque não tem dinheiro para comprar. Então é um ciclo vicioso, 40% dos brasileiros estão abaixo da linha da pobreza. Isso interfere bastante, quanto menor a resistência do organismo, mais os sintomas da gripe vão aparecer," acrescenta.
Cuidado com as doenças oportunistas
Um fato que acontece freqüentemente com que é acometido pela gripe, é o surgimento ou piora do quadro de outras doenças "A gripe pega a pessoa como um todo. A gente teme um aumento de viroses, que são as complicações que o vírus causa. Por exemplo, se você tem uma rinite, logicamente em contato com o vírus da gripe, vai piorar. Se você tem uma amigdalite crônica, com o estado gripal, vai dar tosse, congestão pulmonar. A gripe não tem cura, ela é um vírus, você trata dos sintomas e das inconveniências que ela causa.
Se você não fizer determinados procedimentos, a pessoa caminha para uma pneumonia e vai parar lá nos hospitais," comenta.
O diretor clínico aconselha aos interessados em evitar o contato com a doença, a adoção de práticas simples e caseiras que garantem bons resultados, como o preparo de chás, muito repouso e ingestão de líquidos. "Apesar do frio, é bom colocar gelo ou uma bacia de água no quarto para o ar ficar mais úmido. É um procedimento comum em que não se gasta nada. Outra coisa, se ficar doente, procure um médico. O SUS tem uma farmácia básica que tem atendido grande quantidade de pessoas. A gente sabe que é limitado, mas tem ajudado bastante," salienta.
Segundo Iaperi, o tempo previsto para a incidência maior de casos da gripe termina em setembro. "Se chover, o clima fica mais úmido e melhora a condição de saúde para todo mundo.
Se continuar seco, nós vamos ter viroses acometendo um maior número de pessoas e com isso, uma quantidade de doentes ainda maior, mas tudo dentro do esperado para o período," concluiu.
Elezângela de Oliveira