A cultura da ‘auto-medicação’ para nós, humanos, é muito comum, apesar de errônea e, por vezes invade a área veterinária. Mas, a administração por conta própria de medicamentos para animais de companhia, feito por leigos, já é por si só um grande risco, devendo ser evitado a todo custo. É certo que o custo de vida hoje em dia aperta o orçamento de todos, porém um tratamento veterinário não é dos mais caros dentre os profissionais de saúde. Quando se põe na balança o chamado “custo-benefício”, percebe-se que compensa levar o bichinho à clínica para que possa ter um atendimento correto e de qualidade.
É necessário esclarecer a todos que, primeiramente, para examinar, diagnosticar e prescrever medicamentos para qualquer animal o “indivíduo” tem por obrigação da Lei ser formado em Medicina Veterinária, e fazê-lo em local apropriado (de preferência em clínica, consultório, pronto-socorro ou hospital veterinário). Além disso, não são todos os medicamentos que podem ser usados em qualquer animal, pois mesmo os específicos de uso veterinário tem diferenças para uso entre as diferentes espécies (caninos, felinos, eqüinos, bovinos, suínos, aves, etc). Isso sem dizer que, mesmo entre animais da mesma espécie, ainda tem o fator ‘individual’, onde uma determinada raça de cachorro, por exemplo, não pode receber o mesmo medicamento de outra raça, mesmo sendo da mesma espécie, pela sensibilidade específica de cada raça (collies e beagles são mais sensíveis, por exemplo). Eles precisam ser administrados e prescritos com critério e com o máximo de clareza, rigor clínico, conhecimento e responsabilidade.
Em relação ao proprietário, este deve seguir à risca o protocolo terapêutico prescrito pelo Médico-veterinário, e diante de qualquer dúvida ele deve reapresentar o animalzinho ao mesmo e expor suas dúvidas quanto ao tal tratamento. O básico é respeitar a dosagem, o espaço entre as dosagens e o tempo total de duração do tratamento, não alterando isso por conta própria ou por opnião de leigos. O que mais preocupa aos Médicos-veterinários, é que incontáveis vezes atendemos animais agonizantes devido ao uso incorreto dos mais variados tipos de medicamentos, desde um ‘simples’ analgésico até venenos dos mais poderosos.
Quando um Clínico Veterinário prescreve ou administra qualquer tipo de medicamento, além de ter total conhecimento das ações daquela droga, ele calcula a dosagem exata para cada animal individualmente, baseado no diagnóstico pessoal, em exames complementares (quando há), no estado atual do bichinho, idade e por fim, no peso.
Portanto, como você, leitor, pode notar nesse breve texto (apesar de o assunto ser muito mais extenso) o perigo pode estar bem mais perto do que você imagina.
A dica é repetitiva: jamais dê nenhum medicamento sem antes consultar um Médico-veterinário, pois como diz o ditado, “o barato pode sair muito caro”, podendo inclusive custar a própria vida do animal ou deixar seqüelas graves
* ROGÉRIO CALÇADO MARTINS – médico-veterinário – CRMV/MG 5492
* Especialista em Clínica e Cirurgia Geral de Pequenos Animais (Pós-graduação “lato sensu”)
* Membro da ANCLIVEPA (Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais)
* Consultor Técnico do Site www.saude animal.com.br
* Proprietário da Clínica Veterinária VETERICÃO (São Sebastião do Paraíso/MG)