Vereadores pediram na sessão da Câmara Municipal de São Sebastião do Paraíso (27/8), medidas efetivas para que se reduzam os riscos no trânsito no município. O assunto foi alvo de discussão após vereador José Luiz das Graças fazer indicação para que se construa um redutor de velocidade na avenida Delfim Moreira, em um ponto onde, segundo os vereadores, frequentemente há acidentes devido ao excesso de velocidade. Também se lembraram da necessidade da municipalização como instrumento para frear o número de imprudências no trânsito paraisense.
O presidente da Casa, Marcelo de Morais, lembrou o recente acidente ocorrido na avenida Dárcio Cantieri, que resultou na morte de um empresário do município. "É uma cobrança recorrente nesta Casa sobre a necessidade de se fazer algo o mais rápido possível no trânsito de Paraíso. Mas a sensação é que se empurra isto com a barriga, não se resolve, o tempo vai passando e não tem uma solução. O que aconteceu na Dárcio Cantieri, com este senhor, aconteceu em varias outras ruas movimentadas", destacou.
Morais lembrou que outros acidentes da mesma natureza aconteceram na Zezé Amaral, na Oliveira Resende, Delfim Moreira, Ângelo Calafiori, Washington Martoni, Wenceslau Brás e na Pimenta de Pádua. "Se começarmos a pontuar, também identificaremos acidentes na Antônio Ananias do bairro Verona, na Avenida Brasil e passamos pela cidade inteira. Eu não sei o que acontece, se o problema são as autoe-scolas, que não têm exigido da forma que deveriam ou se tem havido coragem do condutor em montar em uma moto ou carro e sair em alta velocidade e achar que nada vai acontecer", disse.
"Acham que não pode aparecer um cachorro na frente, uma criança ou um idoso. E se atropelar, ainda é bem capaz de descer do carro e querer bater na vítima porque amassou o veículo. Temos percebido que tem faltado educação no trânsito. Uma educação efetiva. Sabemos das ações da Secretaria de Trânsito, mas ao mesmo tempo percebemos que não têm surtido efeito da maneira que gostaríamos, haja vista a comoção no fim de semana com a morte do senhor Luiz Giacchero, além de muitos outros casos e também de pessoas que caem de moto todos os dias", acrescentou.
O vereador falou sobre esse fluxo que mobiliza a Santa Casa e que o custo para o município é muito alto. "Sugiro, inclusive, que esta casa possa requerer um levantamento estatístico do Corpo de Bombeiros e Samu sobre o número de quedas de motos que precisou de interferência no município nos últimos dois anos. Vocês irão ficar abismados com os resultados", disse.
Conforme o vereador, no ano passado o dados apontaram que foram quase 220 acidentes envolvendo motos. "É quase dois terços do que é um ano. Enquanto temos cobrado um papel efetivo da administração e das autoridades para coibir os casos, não temos sentido uma resposta a essas cobranças. Todos sabemos onde as pessoas abusam da velocidade, não é possível que a polícia não possa intensificar a fiscalização nesses locais, para apreender ou aplicar multa a esses condutores, já que temos percebido que a quantidade de acidentes envolvendo aventura no trânsito paraisense é caótico. A disputa por espaço no centro, por exemplo, é algo fora no normal e as pessoas não estão se respeitando mais".
Ainda, de acordo com o presidente da Câmara, o problema acontece em todos os bairros do município e quase todas as ruas há demanda de moradores para implantação de redutores de velocidade. "O cidadão não está aguentando mais esta situação e está correndo o risco de ter suas crianças atropeladas porque simplesmente as pessoas querem meter o pé no acelerador e "mandar a ver" no veículo. Não respeitam os limites de velocidade. Ou o município faz algo efetivo ou enfrentaremos problemas muito mais sérios, há muitos abusos principalmente nas portas das escolas. Falta educação. Alunos que saem na contramão empinando bicicleta e tudo isso é fruto da educação. Desta vez foi o Luiz Giacchero, mas pode vir acontecer muitos outros casos se não for feita medida efetiva", completou.
A vereadora Cidinha Cerize lembrou sobre a municipalização do trânsito como forma eficaz de combater os abusos que vêm acontecendo. Vinício Scarano também destacou a iniciativa e disse que vem sendo discutida há algum tempo, mas que não tem tido continuidade. "Mexer no bolso vale à pena, sim. Já que não somos um povo educado, nós temos que mexer no bolso. No mesmo local, onde Giacchero sofreu acidente, um condutor que estava em alta velocidade nos jogou no canteiro, isso há oito anos. Ficamos tristes pela inércia do Poder Público em resolver algo tão simples", disse.
O vereador Lisandro Monteiro lembrou que em pontos problemáticos, onde se registravam muitos acidentes e foram colocados redutores de velocidade, foi perceptível a redução dos casos. "Na Dárcio Cantieri a situação está complicada, mas os problemas são em todos os bairros", acrescentou.
Morais lembrou ainda que os próprios delegados Fernando Bettio e Vinícius Zamó solicitaram redutores de velocidade naquele local, porque a velocidade com que os carros passam em frente a Delegacia de Polícia seria preocupante.
"Já foi solicitado, para que os carros passem em frente à delegacia de maneira mais branda. Ninguém dá resposta ou mostra que pode ser feita alguma coisa. Não estou citando o empresário Luiz Giacchero porque ele faleceu, estou citando pela comoção e pela falta que ele irá fazer, não somente para Paraíso, mas para o nosso país. Ele gerava inúmeros empregos para a nossa cidade, tinha empresa em Goiás; quantas pessoas não tinham ligações comerciais com ele? Ou seja, estamos falando de algo muito grave. Não estou dizendo que as autoescolas são ruins, que está faltando ação da polícia, estou dizendo o que é necessário. Se para resolver é preciso a municipalização, vamos focar nisto e resolver esse problema logo. Não aguentamos mais", completou.
O vereador Luiz Benedito de Paula fez duras críticas sobre a forma como o trânsito vem sendo tratado do município, principalmente em relação à sinalização. Disse que falta vontade e que o custo para se colocar placas pares ou a sinalização horizontal é muito baixa, e que já chegou a fazer cotação dos preços. "É muito triste você ver uma pessoa no caixão, vítima de um acidente de trânsito, por falta de um redutor de velocidade ou porque não havia uma placa "pare"", finalizou.
MUNICIPALIZAÇÃO
Segundo afirmou o secretário de Segurança Pública, Trânsito, Transporte e Defesa Civil, Miguel Félix, hoje a municipalização do trânsito já conta com a Juntas Administrativas de Recursos de Infrações (Jari) com a composição dos seus membros que devem ser nomeados o mais breve possível. Toda a documentação que deveria ser encaminhada as autoridades de trânsito do Estado já foram despachadas.
"O município já foi credenciado, estamos com a portaria para nomeação das autoridades de trânsito responsáveis pelas autuações e que, após análise do jurídico da prefeitura, será dado andamento. O próximo passo é o trabalho coletivo com a empresa responsável pelo processamento de dados e qualificação dos servidores para operacionalização deste sistema e qualificação da tropa, além da aquisição de equipamentos e, por fim, a aplicabilidade da lei", destaca.
Miguel acredita que até o final de setembro, como já havia sido previsto, tudo estará pronto para, de fato, iniciar a fiscalização com trânsito já municipalizado. Na prática, isto significa que o município poderá fiscalizar o trânsito, aplicando multas em caso de infrações cometidas pelos condutores e que parte deste recurso poderá ser revertido para o município e, principalmente, investimentos da própria gestão do trânsito municipal.
"Os atos administrativos, às vezes, tornam-se lentos pela burocracidade que é todo o sistema. Não é falha pelo Poder Executivo ou até mesmo omissão de querer fazer, pelo contrário. Tudo é muito rigoroso, principalmente os critérios em relação a recursos que ficam vinculados ao trânsito", destacou. Conforme Miguel a municipalização é uma quebra de paradigmas que os municípios têm enfrentado.
O secretário negou ainda que faltasse vontade por parte da Secretaria em realizar todas as sinalizações e atendimento às solicitações para implantação de redutores de velocidade. "Se atendêssemos a todas, Paraíso seria a cidade das lombadas. Além disto, os vereadores precisam entender que existe todo um planejamento que nós temos que seguir. Paraíso é uma cidade com cerca de 70 mil habitantes e temos que realizar ações pensando em todo o coletivo", completou.