Não é tão somente nos grandes centros que ultimamente têm sido registrados problemas como congestionamentos, ônibus lotados e dificuldades para transitar. Cidades com menos de 100 mil habitantes, como é o caso de São Sebastião do Paraíso apesar de não enfrentarem as mesmas dificuldades, na mesma proporção, também têm na mobilidade urbana um gargalo para seu desenvolvimento. O município paraisense foi classificado em 16º lugar no ranking das “Cidades Inteligentes Conectadas”, cm classificação desenvolvida pela Urban Systems, empresa consultora do setor. Conforme a Gerente de Trânsito e Transporte, Walquíria Caetano de Pádua Vieira, há uma série de ações em fase de desenvolvimento para melhorar o setor na cidade.
Willian Rigon é diretor da empresa Urban Systems que fez uma pesquisa sobre o assunto. Ele foi o responsável em 2017 pelo estudo sobre mobilidade da Connected Smart Cities, uma plataforma que visa a colaborar para que as cidades brasileiras possam tornar-se mais inteligentes e conectadas. “Quando você fala em mobilidade, as pessoas pensam sempre em trânsito, ou transporte público lotado, no tempo que se gasta dentro do transporte público com o trânsito, no movimento moradia trabalho no início do dia e final da tarde, dificuldades encontradas nas grandes e médias cidades”, destaca.
De acordo com o pesquisador nas cidades pequenas, os problemas de mobilidade não são menores, mas apenas diferentes. “Você tem outros tipos de problema, que é a falta de acesso ao transporte público, o tempo de demora para o transporte público chegar, a qualidade desse transporte público, porque as frotas antiquadas das grandes cidades são vendidas para cidades pequenas”, destaca. Se em uma cidade grande, os ônibus passam nos pontos lotados, em uma cidade média ou pequena, o transporte coletivo chega normalmente com lugares sobrando, porém, em frequência menor, dois ou quatro horários por dia. E não há alternativas, como as encontradas em uma capital que possui opções como metrôs, trens e veículos leves sobre trilhos (VLT).
O estudo, lançado no ano passado, classificou as cidades de acordo com as melhores soluções de mobilidade e publicou um ranking. No levantamento Paraíso foi a 16ª colocada, sendo juntamente com Alfenas e Poços de Caldas, as únicas listadas da região apontadas como cidades com potencial para se desenvolverem. A classificação no ranking leva em consideração critérios como proporção entre ônibus e automóveis; idade média da frota dos meios de transporte públicos; quantidade de ônibus por habitante; variedade dos meios de transporte; extensão de ciclovias; rampas para cadeirantes (acessibilidade); número de voos semanais (conectividade com outras cidades); e transporte rodoviário. A pesquisa avaliou 500 municípios brasileiros.
BUSCA DE SOLUÇÕES
Para a Gerente de Trânsito e Transporte, Walquíria Caetano de Pádua Vieira o município está em busca de soluções para a mobilidade urbana. “Temos um Plano de Mobilidade que foi aprovado em 2015, temos também um Plano Diretor que está em fase de revisão e que também trata de muitas questões relacionadas a esta questão”, observa. Também está em fase de implantação em Paraíso o processo de municipalização do trânsito que deverá ter início nos próximos meses.
A engenheira Walquíria Caetano cita também que Paraíso vem trabalhando a partir das diretrizes do Plamob, que é o Plano de Mobilidade. “São várias as ações e normas a serem cumpridas, como é o caso que temos praticado nos novos loteamentos da cidade. Neles devem estar previstas e traçadas, por exemplo, nas áreas de expansão urbana as vias tronco, a previsão de um futuro anel contornando a cidade e interligando regiões”, diz. As vias são projetadas seguindo padrões e dimensões mínimas sendo classificadas como coletora de primeira e segunda categoria, local, arterial e outros.
Observamos se o empreendimento será um polo gerador de tráfego e já atuamos com a aplicação de medidas para solucionar o impacto que causa no trânsito. “Temos também a questão do transporte coletivo que está em fase de remodelação considerando aspectos como origem destino de forma a apresentar o menor custo de tarifa para a população”, afirma. Ela ressalta que a existência de um Plano Diretor no município é um fator positivo para buscar recursos junto ao Governo Federal quando eles estiverem disponíveis.
Walquíria assinala ainda que a possibilidade de implantação de ciclovias na cidade depende de estudos de viabilidade. “É preciso avaliar, pesquisar, traçar diretrizes. O uso da bicicleta é uma cultura”, relata. Recentemente a Prefeitura recebeu a colaboração da arquiteta e urbanista Érika Moreira Coelho que fez um trabalho sobre o assunto e que foi apresentado ao prefeito Walker Américo, juntamente com o secretário municipal de Segurança Pública, Trânsito e Transportes, Miguel Félix de Souza. “É uma proposta que será alvo de estudos e que poderá se transformar num projeto de lei para ser aplicado”, acrescenta.
Ainda de acordo com a engenheira, também existem ações realizadas em Paraíso na área educacional. “Temos o projeto Educando para o Trânsito, o trabalho da Cia do Trânsito, além de estudos de engenharia onde estudamos melhorias e traçamos metas para aprimorar o setor”, destaca. Medidas como pavimentação de vias, direcionamento do trânsito e outras medidas adotadas para desafogar o trânsito. “No Brasil apenas 6% dos municípios possuem Plano de Mobilidade e em Minas Gerais, são 4%, estamos entre eles e à frente de muitas cidades em busca de soluções para o setor”, finaliza.
MUDANÇAS
Dentro da proposta de melhoramento o Departamento Municipal de Trânsito informa que o fluxo de trânsito na Rua José Francisco de Castro, na Lagoinha, passará a ter sentido único em direção a Santa Casa, a partir de quinta-feira, 30 de agosto. Na mesma data, também haverá alteração para quem usa a Rua Brigadeiro Eduardo Gomes, que terá sentido único em direção a Igreja de Nossa Senhora de Sion. A medida é parte da implantação do sistema binário em paralelo com a Rua Pimenta de Pádua.