LITERATURA PARAISENSE:

Edmée Amaral Dias Gonçalves – Parte 2

Por: Luiz Carlos Pais | Categoria: Entretenimento | 22-09-2018 11:02 | 1076
Foto: Reprodução

Na continuidade dessas linhas que escrevemos para rememorar a trajetória da brilhante poetisa Edmée Amaral Dias Gonçalves, destacamos sua participação junto à União Brasileira de Trovadores de Minas Gerais, instituição que representou na região. Em diferentes concursos de trovas, organizados em nível nacional, nossa professora foi premiada com seus versos escritos com tanta simplicidade, altivez e beleza. Entre as suas obras mais difundas, está o livro Poesias Paraisenses, publicado pela editora Vaner Bícego, de São Paulo. Na mesma época, como incentivadora da cultura literária da cidade, a poetisa doou vários exemplares de seus livros, bem como de outros autores, para o compor o acervo da Biblioteca Municipal Professor Alencar Assis.

Depois de aposentar-se como professora de escola pública, a experiente mestra foi diretora do Jardim da Infância Chapeuzinho Vermelho, escola de educação infantil que fundou em parceria com as professoras Odete Amaral Dias Anacleto e Maria José Dias Peres. Depois de prestar relevantes serviços para a sociedade paraisense, por uma década, a referida escola encerrou suas atividades. Alguns anos depois, Edmée escreveu um pequeno e significativo trabalho, com anotações sobre a trajetória dessa escola: “A história do Chapeuzinho Vermelho foi escrita com a pena da saudade. É uma homenagem às crianças que passaram por ele, deixando em nossas vidas, a mais agradável das lembranças. Que Deus esteja sempre em seus caminhos”.

Em 1985, a mestra poetisa usou sua vocação literária para homenagear a competência das professoras das antigas escolas isoladas, por vezes tão simples, que existiram antes da difusão dos primeiros grupos escolares. Nesse sentido, escreveu “De mestra para mestra”, um pequeno livro no qual consta a seguinte apresentação: “Cara colega. Também fui mestra jovem, entusiasta e cheia de ideal como você. Quando me cabia a tarefa de preparar uma festinha, um auditório, a primeira coisa a ser providenciada era a organização de um programa adequado, com apresentação de números próprios para aquele momento e condizentes com a idade das crianças. E onde estavam esses números? O material humano ali estava à minha frente, palpável, sedento de aprender, com seus olhinhos ávidos e sorriso franco, à espera da oportunidade de uma boa exibição. Foi pensando nisso, que eu fiz esse trabalho para você. Edmée Amaral Dias Gonçalves, 1985.”

Depois de longa trajetória de vida literária, nossa querida mestra faleceu aos 87 anos de idade, foi sepultada no cemitério municipal de São Sebastião do Paraíso, em 10 de fevereiro de 2003. Ficou a obra e a vibrante memória da educadora que tudo fez para cantar os valores e a cultura da querida terra paraisense. Sempre atenciosa aos temas históricos e sociais da cidade, registrou em palavras a tradicional Festa do Congado, poema que transcrevemos abaixo.

Festa do Congado
Edmée do Amaral

Congado!
Festa do presente
Festa do passado!...
Que veio lá de longe, de além-mar
Para em nossa terra vir morar,
Sem mesmo ter alguém para dizer
Como foi que essa festa começou
E porque, até hoje, ela durou.
Se a Igreja velha, do Rosário, antiga
Há muito por terra já tombou!
Não mais bimbalha o sino barulhento,
Desafinado, todo enferrugento,
Na torre azul, bem colonial,
E o galo de metal, empertigado,
Que acompanhou a festa do Congado.
Jaz por terra cumprindo o seu fanal.
Dança congadeiros!
Repica tua caixa, teu pandeiro,
Machuca bem o piso do terreiro,
E torna o teu cantar mais dolente!
Balança no ar as fitas coloridas,
Resto de tradições, de lendas tão vividas,
Que unem nosso povo na festa do presente!
Deixa que teu cantar ressoe pelos ares,
Le tua prece junto dos altares
E conduze a rainha ao pé da Cruz.
Sustenta tua fé na virgem do Rosário,
Que o galo de metal em novo campanário
Há de cantar bem no alto o nome de Jesus!

Somos Seis
Edmée Amaral

Somos seis! Seis bons irmãos,
Alegres, bravos, ardentes,
Que se amam, se respeitam
E vivem todos contentes. 

Caminham juntos, bem firmes
Na pegada de seus pais
Que ensinaram desde cedo
Ser jutos, retos, leais.

Ter na honra o alicerce
Como marca principal
E na palavra empenhada
Um compromisso moral.

Não ser escravo do mundo,
Nem dos vícios, da paixão
Ser amigo dos amigos
Como os são, de cada irmão.

Valorizar seu passado
E ter fé na tradição
Herança das mais honrosas
Que acompanha geração.