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Reynaldo Formaggio: Um escultor de palavras lapidando seus sentimentos

o futuro de um povo está intrinsecamente ligado a como ele trata o seu passado
Por: João Oliveira | Categoria: Entretenimento | 23-09-2018 08:45 | 2754
Reynaldo é escritor, membro efetivo da Academia Paraisense de Cultura, onde  ocupa a Cadeira 4, que tem como patrono o Maestro João Batista Naves
Reynaldo é escritor, membro efetivo da Academia Paraisense de Cultura, onde ocupa a Cadeira 4, que tem como patrono o Maestro João Batista Naves Foto: Waldemar/FOTOCENTER

O escritor Reynaldo Formágio Filho é um cidadão paraisense que busca na literatura uma forma de lapidar sentimentos que carrega no peito. De sorriso fácil e presença marcante, cativa fácil todos que têm a oportunidade de estar em sua presença. Formado em Desenho Industrial, foi aos 30 que sua vida deu uma virada e ele passou a se aventurar pelo cenário cultural paraisense, mais precisamente com seu programa Estação Saudade, que ia ao ar pela Apar FM.  A partir de então, passou a se arriscar mais, até resolver lançar seu primeiro livro: “O Menino e a Semente”, e não parou mais. Filho caçula do casal de empresários Reynaldo Formágio e Maria Aparecida de Carvalho Formágio, têm duas irmãs, Elimar e Elaine Formagio. Hoje, aos 36 anos, Reynaldo deixa a presidência da Academia Paraisense de Cultura (APC), passando o bastão ao acadêmico André Cruvinel.

Jornal do Sudoeste: Antes de começar, por que “Formaggio”?
Reynaldo Formaggio: É o sobrenome original do meu bisavô, imigrante italiano que veio para o Brasil e a partir dos filhos foi se alterando esse sobrenome em cartório. É uma forma de homenageá-lo e manter a tradição do nome, que significa queijo em italiano, e se escreve com dois “gês”. Encontrei esta solução de manter como nome literário o sobrenome original da minha família.

Jornal do Sudoeste: Como foi a sua infância em Paraíso?
Reynaldo Formaggio: Foi maravilhosa, sempre vivi na Mocoquinha. Passei essa fase brincando no quintal da casa dos meus avós maternos, o Teófilo e a Maria, subindo em jabuticabeira, mangueira, brincando com os primos, jogando bete e, eventualmente, visitando minha avó paterna, Elisa, que morava próximo à Estação da Mogiana. Peguei o finalzinho dessa fase dos trens de carga que passavam ali. Ao mesmo tempo em que eu gostava de brincar e estar com as outras crianças, sempre gostei também de estar na presença de pessoas mais velhas, com quem eu gostava de conversar sobre política e economia, sempre foi algo nato em mim: ouvir pessoas mais experientes.

Jornal do Sudoeste: E a fase de escola?
Reynaldo Formaggio: Fui alfabetizado aos seis anos na Escola Municipal “Interventor Noraldino Lima”, pela Cidinha Arantes, e desde aquele momento encantei-me pelos livros. À época li todos os livros que havia nas bibliotecas de Paraíso. Ia à Biblioteca Municipal, por exemplo, e pegava 20 livros para o fim de semana; também ia à Biblioteca Comunitária, na biblioteca do Colégio Paula Frassinetti, embora não estudasse lá naquela época. Encantei-me pelas Letras e desde então sou um leitor contumaz.

Jornal do Sudoeste: Como aluno devia ser brilhante, não? Como foi essa formação?
Reynaldo Formaggio: Eu sempre me saí muito bem em matérias de humanas como História, Geografia, Língua Portuguesa, principalmente produção de texto, sempre gostei muito. Matéria de exatas era raspando (risos). Depois que fui alfabetizado, estudei todo o ensino fundamental no Colégio Paula Frassinetti e depois fiz o ensino médio na Escola Técnica de Formação Gerencial (ETFG), que infelizmente não existe mais. Fiz o segundo grau com o técnico em administração. 

Jornal do Sudoeste: E o que você decidiu fazer depois de formado?
Reynaldo Formaggio: Eu sempre tive certeza do que eu achava que queria fazer, que era Turismo. Coloquei três coisas na minha cabeça: iria me mudar de Paraíso para estudar turismo e não seria em Franca. Resultado: em seis meses fui para Poços de Caldas, mas abandonei o curso, voltei e fui estudar em Franca algo completamente diferente; passei por alguns cursos, mas me formei em Desenho Industrial. Não exerço essa profissão. Trabalho com criação, já trabalhei um pouco com isto, mas não é “minha praia”.

Jornal do Sudoeste: E quando começa sua história com a arte?
Reynaldo Formaggio: Quando aos 30 minha vida dá uma virada. É muito interessante a possibilidade que temos de recomeçar e admiro muito isto. Aos 30, ainda sem me encontrar profissionalmente, recebi um convite para participar de um programa de rádio, na Apar FM, um programa que uma amiga minha fazia. Posterior a isto, tive um programa, algo que eu nunca tinha imaginado na vida, e foi dali que  resolvi me arriscar mais e fazer coisas diferentes. Durante quase três anos apresentei o programa Estação Saudade, o máximo que poderia ter acontecido era alguém não gostar, mas o resultado foi excepcional, recebi muitos artistas e aprendi muito. A partir de então foram surgindo outras oportunidades na minha vida, entre elas a literatura e a Academia Paraisense de Cultura.

Jornal do Sudoeste: Foi na arte que você se encontrou?
Reynaldo Formaggio: Sim. Até então, exercia o cargo de administrador em uma empresa familiar; foram 13 anos preso dentro de um escritório e eu percebi que não é o que eu realmente queria, mas eu precisava. A arte ainda não me sustenta, mas o ganho vem de outras formas. Paralelamente, estou me considerando produtor rural e escritor, e isso é maravilhoso. Na APC tivemos o José Paes que era sapateiro e poeta; tivemos médico e músico; jardineiro e pintor. O ser humano é múltiplo, embora eu não me considere um escritor, considero-me mais como um escultor.

Jornal do Sudoeste: Por que diz isto?
Reynaldo Formaggio: É devido ao modo que exerço o ofício. Sinto que as histórias já existem, estão aprisionadas e eu quebro o bloco, liberto essas histórias e então começa o meu trabalho: lapidar as palavras e transformar no melhor possível a pedra bruta que habita em mim. Encaro meu trabalho desta forma, não invento nada, apenas recordo e revivo algo, mesmo que esteja adormecido dentro de mim.

Jornal do Sudoeste: Como foi seu ingresso à Academia Paraisense de Cultura?
Reynaldo Formaggio: À época eu já participava da Academia Paraisense de Cultura, porque nesse meio tempo conheci a Maria Rita, que foi a presidente da APC que me precedeu. Ela havia me convidado para a primeira Festa do Escritor Paraisense. A partir da segunda festa, fui convidado por ela para participar da APC, não sei o porquê, o que ela enxergou em mim, e comecei a participar de eventos que aconteciam, até que a Maria Rita me indicou para membro honorário, muito em função do trabalho que eu realizava no rádio. Um dia eu criei coragem e mostrei um texto para ela, que mais tarde se tornaria um livro publicado: O menino e a semente.

Jornal do Sudoeste: Como nasceu “O menino e a semente”?
Reynaldo Formaggio: Foi em 2015, um texto que surgiu em cinco minutos. Estava deitado na minha cama, veio à história e eu a escrevi. À época pedi para a Linah Biasi ilustrar a história, ela não aceitou e disse que eu mesmo iria fazer isto e que me auxiliaria; até então eu era seu aluno de pintura. Quando a Maria Rita veio com essa palavra “publicar”, que eu tinha potencial, achei a coisa mais estranha do mundo. Mas assim como me joguei na questão do programa de rádio, resolvi arriscar. Fui convidado a participar da Feira do Livro de Ribeirão Preto e, se meu livro estivesse publicado até determinada data, poderia fazer esse lançamento lá. Fiquei com muita vergonha e estava nos planos fazer, inicialmente, o lançamento em Ribeirão Preto. No fim das contas, aconteceu aqui mesmo. A partir daí, foram surgindo outros trabalhos, como a história da Maria Engomada, em 2016, que contei em forma de poesia, e fui trilhando esse caminho. Cheguei a ser mestre de cerimônia da Academia, depois secretário e, por fim, presidente.

Jornal do Sudoeste: Esse lado escritor sempre foi nato?
Reynaldo Formaggio: Acho é um lado que já existia em mim, sempre gostei de produção textual na escola. Mas foi um filme que me despertou para isto e antes mesmo de produzir meu primeiro livro, comecei a escrever alguns poemas. É um filme que chama Poucas Cinzas, que conta a relação de Luis Buñuel com Salvador Dalí. No meio do filme senti a vontade de escrever e acho que revivi aquele lado do aluno que gostava de escrever e não parei mais. Por último veio o Sudoeste, que é um livro de contos.

Jornal do Sudoeste: Você sempre foi incentivado a ler?
Reynaldo Formaggio: Desde que fui alfabetizado. Mas nunca houve ninguém envolvido com arte na minha família. Estava resgatando algumas memórias: eu queria fazer pintura, diziam-me para eu fazer datilografia; eu queria fazer teatro, diziam-me que eu faria informática. Não contestava, acho que era um desejo que existia em mim e ficou adormecido. Quando eu deixei a primeira faculdade e voltei, decidido a fazer o que eu queria. E comecei um curso de pintura, onde desenvolvi um pouco esse lado artístico.

Jornal do Sudoeste: Nunca é tarde para recomeçar...
Reynaldo Formaggio: Nunca. Quando eu estudava Desenho Industrial, Ruben Alves foi fazer uma palestra na Pedagogia, e eu já era fã da literatura dele. Foi a melhor aula que eu matei em toda a minha vida. Ele fez uma analogia: contou que um amigo comprou uma casa muito antiga e queria restaurá-la, deixando-a com as cores originais e foi retirando as demãos de tinta... e no final ele conta que era uma madeira muito bonita. O porquê ele contou isto: na vida a gente nasce e leva uma demão de tinta da mãe e do pai, vai para a escola, outra demão; vida profissional, outra demão; amigos, mais demão de tinta. Esse processo de se descobrir e retirar essas camadas é doloroso, mas também é muito prazeroso e eu ainda estou nesse processo de me descobrir.

Jornal do Sudoeste: Foi difícil, mesmo tento a certeza do que queria, abandonar a primeira faculdade e começar de novo?
Reynaldo Formaggio: Eu achava que sabia o que queria, foi muito difícil. Era jovem e achava que já tinha tudo traçado e que conhecia muito e não era bem assim. Acho que falta um pouco na nossa educação um preparo para quem vai ingressar em uma universidade. Para mim foi difícil, achei que estava atrasado, passei por vários cursos e acabei me formando em algo que não exerço. Mas acredito que tudo é aprendizado. Hoje vejo que foi importante para o meu crescimento e, depois que concluí minha pós-graduação em arquitetura de interiores e cenografia, fui para Itália onde fiquei cerca de um ano para fazer um curso de design de móveis e aprendi muito porque tudo deu errado (risos).

Jornal do Sudoeste: Como assim “tudo deu errado”?
Reynaldo Formaggio: O curso foi decepcionante; paguei um aluguel antecipado para um parente que eu havia visto uma vez na vida e, ao chegar lá, ela já não tinha mais o apartamento. Lá eu fui assaltado, o que nunca me aconteceu aqui no Brasil. Mesmo assim foram experiências positivas. Com isto a gente cresce, fiz amigos que tenho até hoje, conheci lugares, tive experiências riquíssimas que no momento em que estamos vivendo-as não as vemos assim. Isso, inclusive, fez com que eu tivesse um olhar muito mais afetuoso para a minha cidade, que não pretendo deixar mais. Eu amo Paraíso e passei a amar mais depois que fui embora. É aqui onde nasci, onde está minha família, estão minhas raízes, passei a admirar muito mais a nossa cultura popular, nossa tradição das Congadas, poesia popular, Folia de Reis... Esta é uma linha de pesquisa que eu gosto e ainda quero desenvolver um trabalho na área. Tudo é inspiração e as nossas raízes são importantíssimas, inclusive acredito que o futuro de um povo está intrinsecamente ligado a como ele trata o seu passado. Vemos tanto descaso com a cultura, mas acho que é uma luta, tanto o trabalho que a APC desenvolvem quanto os artistas de modo geral. É um trabalho de resistência, insistência e persistência.

Jornal do Sudoeste: Qual a importância da APC para nossa cidade?
Reynaldo Formaggio: Neste mês a Academia Paraisense de Cultura completa 32 anos, uma jovem academia, muitas começaram e não estão mais aí. Acredito que o grande valor da ideia do Olavo Borges em fundar uma Academia é de que fosse uma Academia de Cultura e não apenas de Letras. Por ser uma cidade pequena, com talentos em diversas áreas, a troca de experiência ficou muito mais rica. Ali é uma escola, acho importantíssimo abrir as portas, como tem acontecido nas últimas gestões, para levar ao conhecimento da população o trabalho da APC e também levá-lo para fora.

Jornal do Sudoeste: Você foi o presidente mais jovem da história da APC. Como foi isso?
Reynaldo Formaggio: Sim. Em breve passarei o bastão, completamente realizado. Falhas nós sempre cometemos, mas tenho a certeza de que fiz o meu melhor. Quando a gente convida um artista e vê a satisfação dele em participar da APC, não tem preço. Para quem vive de arte e desenvolve algum trabalho artístico, há uma carência de espaço e oportunidades. Umas das missões da Academia é acessibilizar a arte e difundi-la. A APC é uma guardiã da cultura local, acredito.

Jornal do Sudoeste: Você acredita que a arte é muito desvalorizada?
Reynaldo Formaggio: Acredito que arte poderia ser mais valorizada, porém penso que o grande do problema é como ela é acessibiliza-da. Se você colocar um balé de qualidade na praça, terá publico e as pessoas irão gostar; se colocar ópera de qualidade, também terá público e as pessoas irão gostar. Discordo quando dizem que não tem coisa boa sendo produzida, claro que a mídia tem um papel muito importante nisto, mas dar acesso a essa arte é importante e o público gosta do que é bom e percebemos isto nos eventos da APC. Buscamos levar o que há de melhor e o público sai em deleite. O Paraíso em Seresta, também, que além de meus ídolos são meus amigos, em uma gestão anterior depois das missas eles se apresentavam com público lotando a Praça, um público de 8 a mais de 90 anos.

Jornal do Sudoeste: Precisa-se cultivar a arte e facilitar o acesso a todos...
Reynaldo Formaggio: Ziraldo disse algo que eu acredito muito: livro deveria vir em cesta básica. Quando você diz que não se cria uma cultura de frequentar espetáculos, de valorização das artes todas, realmente é algo cultural e não se muda isto da noite para o dia. Temos um projeto dentro da Academia que é “Conhecendo a APC”, que é justamente para isto, vislumbrando um futuro. Não adianta estabelecer um calendário cultural da cidade, que não tem e é uma grande falha, vislumbrando isto em dois ou cinco anos, você tem que pensar para 30 anos. A Cultura é sempre o último, mas tenho esperança, está chegando uma geração muito mais consciente.

Jornal do Sudoeste: Como aconteceu sua ascensão à APC?
Reynaldo Formaggio: Foi muito rápida e natural. Estávamos carentes de pessoas com um perfil assim. Minha primeira medida foi ampliar o número de cadeiras de 30 para 40, adequando às demais academias. A maioria já contribuiu e já tem certa idade, o que acho ótimo essa troca entre a juventude e a experiência, mas nós precisávamos de imediato de uma renovação ou de uma ampliação, como foi o caso, para termos mais condições de levar o trabalho adiante. Na APC ocupo a Cadeira 4, anteriormente ocupada pelo saudoso maestro Geraldo Borges Campos (Lalado) que escolheu como patrono o maestro João Batista Naves. Estou como membro efetivo desde 2015, durante dois anos fui mestre de cerimônia, um ano secretário e o último como presidente. 

Jornal do Sudoeste: O que você destacaria em sua gestão frente à APC?
Reynaldo Formaggio: O lema da gestão 2017/18 é “Cultura e Diversidade”, então penso que atingimos nosso objetivo em contemplar a rica diversidade presente em nossa cidade. Nossa diretoria e os demais acadêmicos foram fundamentais nas ações desenvolvidas. Contemplamos a cultura popular, caipira raiz, realizamos a Festa do Escritor Paraisense já em sua sexta edição com o tema “Rádio! Os anos dourados voltaram”, com homenagens ao Professor Ary de Lima e às poetisas Dalila Cruvinel e Bernadete Aguiar. Tivemos a honra de participar da inauguração do novo Teatro Acissp apresentando “Cultura e Tradição” em um espetáculo de alto nível em homenagem às diversas culturas trazidas pelos imigrantes. Tivemos o projeto “Poesias Musicadas”, coordenado pela acadêmica honorária Sílvia Pessoa Rodrigues, que transformou em compositores nossos poetas e que em breve vai ser registrado em CD. Demos posse a novos acadêmicos honorários, correspondentes e cinco novos membros efetivos em um processo para preencher o novo quadro de 40 cadeiras. Estreitamos laços com outras academias. Participamos mais uma vez da Feira do Livro de Ribeirão Preto com “Mineiridades”, pela primeira vez na Flipassos e em breve na Flig em Guaxupé.  Também lançamos o jornal “A Semente”, informativo para divulgação de nossos trabalhos e reuniões. Penso que foi um mandato muito positivo e que com certeza terá continuidade com a excelente diretoria que está por vir. Gratidão resume nosso sentimento.

Jornal do Sudoeste: Há alguma personalidade que te inspira?
Reynaldo Formaggio: Pode parecer suspeito, mas eu digo isso para ele, é o Nelson de Paula Duarte, que para mim é uma grande inspiração. Entra no contexto sobre nós conseguimos conciliar a vida e a arte. Sua primeira formação é como Contador, depois Direito, exerce o jornalismo e sem abandonar o lado artístico, é um artista maravilhoso. Para mim é um exemplo, além de ser irmão de alma da APC. Então, eu me miro muito nesses exemplos, de pessoas que conseguem fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo, e bem, sem deixar morrer a sua essência.

Jornal do Sudoeste: O que significou a perda de Dr. Olavo Borges para APC?
Reynaldo Formaggio: Mais que falar de perda, temos que falar do ganho. Ele foi tão iluminado em criar uma Academia Paraisense de Cultura, fundar o Lions em Paraíso, deixar uma obra poética riquíssima. Claro que saudade todos nós sentimos, mas o legado que ele deixou é muito maior que qualquer sentimento de perda. Eu tive o privilégio de conviver com ele.

Jornal do Sudoeste: Falando em Literatura. Falta uma feira do Livro em Paraíso?
Reynaldo Formaggio: É o meu sonho e se Deus quiser vamos conseguir realizar. Já estamos nos mobilizando. Não sei se seria uma Feira do Livro ou um Festival Literário Nacional em Paraíso. Várias cidades da região já têm isto e Paraíso terá em breve. Acredito que é algo para o próximo ano e é interessante como as energias convergem para um mesmo sentido. Já era um sonho meu mesmo antes de me lançar como escritor. Três pessoas de diferentes origens me falaram sobre esse mesmo desejo, então acredito que está convergindo para isto. Mas tem que ser algo muito bem planejado, não pode acontecer uma única vez e depois nunca mais.

Jornal do Sudoeste: Qual mensagem você deixa para a nova geração?
Reynaldo Formaggio: Reafirmo: “O futuro de um povo está intrinsecamente ligado a como ele trata o seu passado”. Vamos mostrar aos nossos jovens tudo que já foi feito e valorizar quem já fez para que essa semente floresça na criança e ela tenha um futuro com um olhar mais carinhoso, mais humano para o próximo; acredito muito nisto, precisamos de mais altruísmo.

Jornal do Sudoeste: Qual o balanço que você desses 36 anos?
Reynaldo Formaggio: Creio que entre tantos presentes maravilhosos com que Deus nos presenteia, o maior deles é o livre arbítrio. A gente erra, cai, levanta e sempre temos a oportunidade de fazer novas escolhas. O sentimento que procuro ter é de gratidão. Primeiro a Deus, meus pais que são maravilhosos, à natureza que tudo nos dá, aos poucos e bons amigos e à arte que ajuda a viver. Chico Xavier disse tudo: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”.