Em sodalício realizado quarta-feira (26/9) no salão nobre do Rotary Club de São Sebastião do Paraíso, foi empossada a nova diretoria da Academia Paraisense de Cultura (APC), com mandato para dois anos. Será presidida pelo acadêmico André Mirhib Cruvinel que sucede ao acadêmico Reynaldo Formaggio Filho.
A sessão foi também comemorativa e de homenagens pelos 32 anos de fundação da APC, fundada em 27 de setembro de 1986. A mesa foi composta pelo presidente Reynaldo Formaggio Filho, acadêmicas Dalila Mirhib Cruvinel (secretária), Leila Yunes (secretária), Edyna Maldi Borges, pelo presidente do Rotary Club, Amarildo Borges, e presidente da Academia Cassiense de Letras, Dôra Borges.
A mensagem exordial, costumeiramente feita na abertura das sessões da APC, desta feita foi em forma de música, brilhantemente apresentada pelo coral “Cantoras de Cecília”, integrado por adolescentes, sob coordenação da acadêmica honorária, Angela Maria Pascoal Cardoso, acompanhado pelo acadêmico honorário Artur Henrique Cardoso.
Reynaldo Formaggio Filho fez agradecimentos e disse que ao longo de 32 anos, que se completaram exatamente no dia 27 de setembro, “16 acadêmicos tiveram o privilégio de presidir a APC em 25 gestões! Olavo Borges mirou o céu, alcançou o infinito! Para a arte não há tempo, não há fronteira, não há limites”.
Enfatizou que recentemente e coroando a Gestão 2017/18, o Projeto Poesias Musica-das resgatou “Ars una species mille” obra do saudoso poeta José Paes que nem seu filho conhecia. “Este poema e outros mais, se transformaram graças ao talento de nossos artistas e à iniciativa da acadêmica honorária Sílvia Pessoa Rodrigues, em música, e em breve serão imortalizadas em um CD. As gravações já foram iniciadas”, afirmou.
Foram prestadas homenagens aos Acadêmicos Fundadores, Luiz Ferreira Calafiori, Walter Albano Fressatti, às Acadêmicas Fundadoras, Conceição Borges Ferreira (Sãosinha), Edyna Maldi Borges, Eliana Mumic Ferreira, Maria Ofélia Tubaldi, Mirian Lauria Manto-vani, Pascoalina Coelho Souza e Walterce de Paula Grilo, “em reconhecimento ao inestimável trabalho desempenhado”.
Tendo como lema de nossa gestão “Cultura e Diversidade”, creio que fomos muito bem sucedidos no desafio, disse Reynaldo, ao salientar que suas últimas palavras como presidente vinham impregnadas de gratidão.
Citou pensamento do escritor italiano Carlo Lévi de que “o futuro tem um coração antigo”, acrescentando que “o futuro da APC de nada valerá se o coração desta Casa não bater no compasso herdado dos antigos, dos nossos patro-nos, fundadores e antecesso-res. É nesse ritmo, e nesse rito, na sequência dos exemplos que recebemos dos que zelaram pela Casa, que se construirá um futuro do qual as gerações sucessoras poderão se orgulhar do que fizemos, da mesma forma que hoje, no presente, nos orgulhamos do passado. Os antigos deixaram uma herança preciosa de trabalho por esta Casa, servindo-a sem dela nada exigir, a não ser o conforto do convívio da ilustre companhia”, afirmou Reynaldo.
“Pode soar contraditórias estas palavras de um acadêmico que lutou pela ampliação e renovação de seu quadro. Ledo engano. A troca mais rica é aquela em que ambas as partes se permitem, humildemente, aprender, sempre. Juventude e maturidade podem e devem se complementar, afinal, o futuro de um povo está intrinsicamen-te ligado a como ele trata seu passado. E o novo? Ah, o novo sempre vem! Assim continuamos e continuaremos, com o coração forte, voltado para o alto, coração antigo e, à moda antiga, brando com os brandos, mas duro com os duros, para continuar escrevendo as páginas da mais bela história da cultura paraisense”, enfatizou.
Concluiu com a afirmativa que a APC está em boas mãos. “André, irmão que a vida me presenteou, não hesitei um instante em indica-lo como meu sucessor à frente da APC. Tenho plena convicção de seu valor, trabalho, dedicação, altruísmo e de predicados que o credenciam a ocupar este nobre posto”, disse, ao empossar o novo presidente.
Em seguida André Mirhib Cruvinel empossou os acadêmicos Clarindo Anacleto de Pádua Netto (1.º secretário), Rômulo Aguiar Generoso (1.º tesoureiro), a acadêmica Maria Rita de Cássia Preto Miranda (2.ª secretária) e o acadêmico Bruno Alcides Vieira Félix (2.º tesoureiro).
A solenidade foi abrilhanta-da pelos músicos, o cassiense, Guilherme Borges, os acadêmicos honorários Markus Vina e Artur Henrique Cardoso, e acadêmica honorária, Denise Gonzaga.
Discurso de posse proferido pelo acadêmico André Mirhib Cruvinel
“AMAR NÃO É PEDIR ALGUÉM A FELICIDADE QUE NOS FALTA. MAS É DAR AO OUTRO A ALEGRIA QUE NOS RESTA..´´ - OLAVO BORGES.
Não posso dimensionar nesse momento a honra e a gratidão por assumir função tão importante. Rogo ao Pai Celestial, que me conceda saúde, sabedoria e discernimento para honrar o nome de cada irmão e irmã de alma que me antecedeu neste cargo,nesses 32 anos de existência da APC.
Posso dizer-lhes que é um dos momentos mais felizes nesses meus 51 anos de existência, comparados a momentos que se eternizaram em minha mente, quando, por exemplo, da minha formatura na cidade de Barretos, há 28 anos,e o nascimento de minha filha Júlia, há 23 anos.
Ocuparei por dois anos a direção dessa amada entidade, e digo desde já que independente do cargo ocupado pelos integrantes da mesa diretora, iremos realizar uma gestão participativa, como uma equipe, junto a todos os membros. Portanto, seguiremos juntos, rumo ao futuro.
Longe de preparar algum discurso de posse ou algo semelhante, pois confesso que apesar de possuir certa facilidade com as palavras, creio que me tornei com o passar do tempo e com as experiências da vida, um homem mais voltado as ações.
Trago então a todos, e principalmente aos irmãos e irmãs de alma (aos convidados, explico que é assim que nós, acadêmicos, nos tratamos mutuamente); algo que foi escrito no ano de 1989,quando a nossa Academia de Cultura ainda jovem, desabrochava, tal qual um botão de rosa... como bem disse a autora da letra de nosso hino, querida acadêmica Eliana Mumic: ´´Nossa academia, rosa de setembro, fonte de harmonia, luz primordial.....´´
Trago então alguns fragmentos do que foi escrito pelo irmão de alma Walter Albano Fressati, um dos fundadores, que acometido por uma enfermidade, está afastado de nosso convívio já há algum tempo ,mas suas palavras irão representa-lo muito bem nessa noite.
Tenho absoluta certeza, cada vez que examino essas linhas, que há uma inspiração maior nessas palavras, e consigo sentir então a presença do idealizador da APC, o eterno Olavo Borges.
Fecho então os olhos, e consigo visualizar ambos, Fressati e Olavo, no exato momento em que essas palavras tão importantes foram colocadas no papel.
Vou lê-las pausadamente com o propósito de realizarmos um exercício de reflexão.
“23 de abril de 1989.....Objetivos permanentes da Academia Paraisense de Cultura...
*Desenvolver ações culturais no sentido de contribuir ativamente para a caminhada da sociedade paraisense, em direção ao bem comum.
*Constituir-se em uma instituição cultural aberta e participativa.
*Constituir-se como órgão consultivo magno sobre: A história da cidade e de seus homens,.
*Aprimorar a conduta das reuniões internas, periódicas, a um nível profundamente cultural, substancioso e objetivo, onde cada irmão de alma possa entregar tudo de si e receber igualmente de seus pares em termos de conhecimento, arte e beleza, bem como, abrir seu coração em crítica sincera, como nobre contribuição construtiva.
*Buscar condições para a publicação de livros, de informativos, revistas e de outras atividades culturais de modo a difundir ideias e incrementar o gosto pela arte.
Por fim, essas próximas palavras são as que mais me tocam a alma:
*Cultivar a cultura com democracia sincera, inspirada em uma irmandade alva sem restrição de raça, cor, credo, seita, tendências políticas, sexo, idade, posição social, tradição familiar ou diferenças culturais. Cultuar a união e coesão graníticas e incoercíveis.
*Florescer para a beleza de espírito e dos sentidos, ensejando mais graça a vida dos mais velhos, para o deleite e estímulo dos adultos, melhores expectativas e oportunidades para os jovens e firme esperança para a infância”.
Pois bem, caríssimos irmãos e irmãs. Passados mais de 30 nos, essas palavras ecoam vivas e atuais, vibrando positivamente em nossos corações. Nosso país, nossa cidade, e por quê não dizer ´´nosso mundo´´ nunca precisou tanto da arte e da cultura.
E a APC, como bem disse o irmão de alma Rômulo Aguiar em uma de suas mensagens, juntamente com outras agremiações afins, é um verdadeiro oásis, em meio ao deserto cultural em que o país tem se tornado.
Mas sempre há esperança de revertermos esse quadro. E apesar de tudo, teimo em não perder o otimismo. E conto com todos, para fazermos nossa parte nesse contexto.
Então, tomo como um dever, conclamá-los nesse momento...
Vamos fazer valer essas palavras que resumem os sonhos de nossos fundadores.
Além de todo o patrimônio cultural que adquirimos e compartilhamos nesses anos, ou mesmo o belo prédio de nossa sede, tombado pelo patrimônio histórico, as bases da Academia Paraisense de Cultura são sem sombra de dúvida, seus membros.
Todos, sem distinção, membros efetivos, honorários, correspondentes, desde os mais experientes até os mais jovens. Temos a responsabilidade de carregar o nosso estandarte onde quer que estejamos.
Salve os 32 anos da Academia Paraisense de Cultura!
Que venham mais trinta, mais cinquenta, mais cem, de acordo com o que o Bom Deus nos permitir..
E sem dúvida, estaremos bem, contanto que estejamos UNIDOS.
Cultura, Arte e União, será o nosso lema,!
De coração, muito obrigado!