Na literatura é comum identificar poetas que escreveram versos para exaltar as belezas da terra em que nasceram ou fixaram raízes para viver. Essa foi e continua sendo uma temática inspiradora para diferentes autores paraisenses que escreveram para louvar os encantos da cidade de São Sebastião do Paraíso, no Sudoeste Mineiro. Esta crônica trata desse sentimento que certamente vai além da formalidade das palavras e dos rigores das rimas, reproduzindo alguns textos que necessitam ser lembrados e inseridos em diferentes mídias digitais da atualidade. São publicações recolhidas em jornais ou livros antigos, de acesso restrito para o grande público, daí a importância de divulgá-los através dos registros digitalizados. São poesias escritas para rememorar tempos passados e tentar viver uma segunda juventude, ao menos no mundo da expressão literária ou no domínio cultural mais amplo.
Na discografia da música sertaneja da década de 1950, por exemplo, podemos lembrar da letra simples da música gravada pela dupla Pacheco e Pai João, pela Discos Orion, inspirada nos momentos em que o autor paraisense deixou sua terra natal para conquistar o sucesso nacional no seu tempo e estilo.
SAUDADE DO PARAÍSO
Pacheco
Quanta saudade eu levo
Também muita ingratidão
Vou me embora desta terra
Terra do meu coração
Levo imensa saudade
Deste povo varonil
Linda cidade pequena
Uma terra querida
Num grande Brasil
Paraíso terra querida
Por Deus foi abençoada
Terei tristeza na vida
Deixar essa terra encantada.
Quem parte desta cidade
Nunca mais pode esquecer
Guarda sempre na lembrança
Aonde tem que viver
Quanto mais o tempo passa
Mais saudade eu vou sentir
Da minha terra natal
Paraíso aonde eu nasci.
Paraíso terra querida
Por Deus foi abençoada
Terei tristeza na vida
Deixar essa terra encantada...
Um dos grandes expoentes do romantismo brasileiro que viveu no século XIX, o poeta Gonçalves Dias, inspirou tantos outros literatos que também compuseram em versos sua “Canção do Exílio.” Nessa mesma linha de inspiração, quando morava na cidade mineira de Nova Resende, em março de 1933, Fernando Gaspar escreveu um poema para homenagear a cidade de São Sebastião do Paraíso, expressando através dos seguintes versos:
SÃO SEBASTIAO DO PARAÍSO
Fernando Gaspar
O céu hoje está escuro!
Está triste, com saudades
De seu luar e de estrelas cintilantes
A minha alma também está escura.
Está Triste, com saudades de você
Cidade do meu sonho.
Sonho de alma jovem,
Que ama tudo que é belo.
E você, São Sebastião do Paraíso, é linda!
Linda! É caridosa! Duas glórias, duas...
Cidade maravilhosa, de sonho e de saudade!
Você cabe todinha no meu peito, todinha!
O poeta Vicente Caparelli de Oliveira, quando morava no Rio de Janeiro, década de 1940, também escreveu uma declaração de amor à sua terra natal. Trata-se de um poema preservado no livro “São Sebastião do Paraíso e sua História”, de autoria de José de Souza Soares, publicado em 1945, o qual reproduzimos abaixo:
HOMENAGEM A SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO
Vicente Caparelli de Oliveira
São Sebastião resplandecente
E de horizonte cor de anil,
O solo teu tem a semente
Da formosura do Brasil.
São Sebastião, terra bendita
De céu azul, lindas campinas;
És uma glória que palpita
No coração do Sul de Minas.
São Sebastião és a cidade
De livres sonhos e de amor,
Terra de luz e liberdade,
Solo repleto de esplendor.
São Sebastião que sempre cresce
Com aspecto nobre e palpitante.
São Sebastião que resplandece
Um brilho igual o do diamante.
São Sebastião – Terra querida,
Sonho fantástico e conciso,
Quando se vive a tua vida
Sente-se estar no...Paraíso.