Quando decidi escrever esta crônica da cidade, sabia que teria de visitar o passado e recordar os dias de minha infância e rememorar as várias fases da minha existência e chegar até aqui nos dias atuais. E assim fiz numa bela tarde de domingo, como num filme de flashback, como numa leitura de um livro de antigas histórias me pus a relembrar fatos, memórias e vivências. Sou de um tempo em que a cidade era mais pacata, que os sonhos de crescimento eram mais reais. Naquela época, desde pequeno o rádio era um dos mais fiéis companheiros, de onde se ouvia as notícias, tinha o lazer através das músicas, da comunicação fácil dos locutores da antiga Rádio Difusora, de quando se informava das coisas que se passava pelo País, através da Voz do Brasil.
Lembro-me de ouvir o Jornal Falado Difusora na voz do doutor Luiz Ferreira Calafiori, que no patrocínio e gentileza da saudosa Casa Brasil, trazia o panorama Internacional. Me vem a mente a imagem da Avenida Oliveira Resende, onde quase ao final tinha a velha Estação São Paulo Minas, de um lado e de outro após o campinho de futebol dos Mambrini, havia a paineira, a duas linhas do trem e os armazéns do IBC (Instituto Brasileiro do Café). Seguindo os trilhos que se separavam, um seguia para Guardinha e chegava ao interior de São Paulo e outro passava sobre o pontilhão, o viaduto que dava acesso ao bairro São Judas e rumava para Itaguaba, Pratápolis e Itaú. Era ali no São Judas a divisa da cidade com a zona rural. Hoje aquela região se tornou praticamente outra cidade.
E era assim que nos referíamos, com os irmãos, com meus pais e amigos perguntando se aquela ou outra região iria virar cidade. E assim se tornou. Morávamos na Vila Mariana era um dos pontos finais da cidade. Com o passar dos tempos vieram outros bairros como Rosentina, Paraíso do Bosque e Jardim Canadá. Mais ao fundo hoje existe Jardim Diamantina, Santa Tereza, Acácias, São Sebastião e Nascentes do Paraíso, só para citar as áreas que mais freqüentava.
Por outras regiões da cidade de hoje os limites eram outros. Lembro-me de quando das primeiras vezes em que atravessava sozinho a cidade para ir à casa da vó Olívia, na região do Seminário, o trecho era percorrido a pé, em meia hora, sem poder desviar do caminho e a passos largos. Hoje com as minhas caminhadas o tempo para cruzar a cidade de ponta a ponta dependendo do percurso, passando pelas bordas e indo de uma extremidade a outra chego a gastar de três a quatro horas. Sinal de que o crescimento chegou para todos os lados.
Vieram as primeiras construções na vertical, aquilo que chamava a atenção e se via de longe. Os prédios foram um dos marcos do crescimento da cidade. Hoje pararam de surgir no horizonte da cidade. Lembro da grande polêmica de algumas construções como da Avenida Dárcio Cantieri, que para sua duplicação foi preciso arrancar uma árvore simbólica, deu o que falar. Da nova estação rodoviária nem se fala quanto assunto rendeu. Era em um lugar deserto e hoje aquilo tudo virou cidade. Na adolescência, vi surgir a Zezé Amaral que cortava áreas inabitadas de lado a lado e hoje é porta de entrada para a nova Paraíso. Acompanhei a chegada de inúmeros caminhões de terra para o aterro na João Pereira de Souza e imaginava que toda aquela região logo fosse virar cidade, mas não virou ainda. Outra Paraíso vai sendo construída por aqueles lados, lentamente.
Em épocas mais recentes foram muitas as áreas inóspitas, antes inabitadas que passaram a abrigar casas, ruas, avenidas e bairros novos da cidade. Isso vai do Morumbi, passa pelo Belvedere, Alvorada, América, Azul Ville, Athenas, Mediterranèe, Alto Paraíso e Jardim Daniela entre tantos outros não citados que me faz pensar, como crescemos e tudo isso virou cidade. Mesmo em tempo de economia enfraquecida e em que a construção civil caminha em ritmo menos galopante, nota-se pela cidade quantas casas novas surgiram e Paraíso já não é aquela.
O tempo passou depressa e a cidade já não é mais a mesma. A velha Difusora ficou no passado. Vieram as televisões, os jornais. Como jornaleiro percorri muitos lugares e passei a conhecer a cidade por seus atalhos e seus muitos caminhos que até hoje se emaranham. Mais um pouco me tornei jornalista e vendo a história acontecer me tornei narrador dos fatos, muitos deles guardados na memória e relembrados de tempos em tempos quando partilho minha existência e os lugares por onde passei até chegar aos dias atuais.
Parabéns, Cidade Maravilhosa! Meu Paraíso! Neste dia 25 de outubro a cidade de São Sebastião do Paraíso completa 197 anos e não poderia deixar de homenageá-la. Esta cidade querida por todos tem muita história, vivência e memórias a oferecer. Nada mais justo do que parabenizar este povo, gente de bem, hospitaleiro que a cada segundo constrói o desenvolvimento do Município e dentro de suas possibilidades não mede esforços na busca do crescimento e de melhores dias para esta cidade!
Desejo que cada munícipe seja um ponto de apoio na constante construção de uma Paraíso melhor, que através de valores sólidos ajudem a preparar as crianças e jovens para este processo contínuo de transformação que o nosso município tanto almeja. É necessário semear ações e colher conquistas, buscando no presente o futuro para que as conquistas da comunidade sejam sempre contínuas. Parabéns a todos que diariamente cumprem sua missão, contribuindo assim para o progresso desta cidade, com novos projetos e aceitando o desafio de fazer mais e melhor, não perdendo de vista os anseios da comunidade, mostrando assim que não existem fronteiras ou limites para alcançar os objetivos. Existem sim barreiras e desafios que serão transpostos sempre que for da vontade daqueles que governam e principalmente, se for fruto do anseio da população.
É com orgulho de ser paraisense, de pertencer a esta cidade, que deixo minha mensagem de esperança e agradecimento a todos nós filhos deste paraíso. Fica o desejo de que continuemos a sonhar com um futuro melhor e trabalhar para que se realize e se concretize cada vez mais. Parabéns Paraíso!