FALTA DE ESTRUTURA

Polícia Civil em Paraíso continua com falta de estrutura, diz delegado

Por: João Oliveira | Categoria: Polícia | 18-11-2018 11:25 | 2786
Perdemos 10 investigadores e seis escrivães sem reposição deste quadro
Perdemos 10 investigadores e seis escrivães sem reposição deste quadro Foto: Reprodução

Viaturas sucateadas, falta de efetivo, escrivães, delegados e investigadores são apenas alguns dos problemas apontados pelo delegado da 4º Delegacia Regional de Polícia Civil em São Sebastião do Paraíso, Vinícius Zamó. Responsável pela Delegacia de Trânsito e de Crimes contra a Vida, ele destaca que estes são problemas enfrentados desde que chegou a São Sebastião do Paraíso, há seis anos.

"Temos perdido, muito. Desde que entrei, perdemos 10 investigadores e seis escrivães sem reposição deste quadro. Atualmente somos três delegados na ativa mais o delegado regional. Para funcionar o experiente normal e plantão deveríamos ser pelo menos oito para dar conta desta demanda, para que eu, por exemplo, não tenha que fazer plantão e descobrir o expediente", destaca.

Segundo avalia Zamó, tendo em vista este número de delegados, que seria necessário para manter a delegacia em pleno funcionamento e agilizar os serviços prestados, seria necessário em torno de 40 investigadores e 16 escrivães, mas há apenas quatro e em regime de plantão. Ele conta que desde que entrou na Polícia Civil, em 2008, a situação é a mesma.

"Para se ter uma noção, o nosso efetivo é o mesmo desde 1970. Imagina o crescimento populacional que houve desde então, a Polícia Civil não acompanhou esse crescimento. Sem falar nos desvios. Hoje, a Delegacia da Mulher, por exemplo, é tocada por um homem, não que esse delegado não seja competente, mas não é conveniente: imagina como é para a mulher reviver toda uma situação de abuso e contar os mínimos detalhes necessários para a investigação  para um homem? Deveríamos ter uma delegada mulher", avalia.

Conforme Vinícius, pelo tamanho da cidade e a atual situação da delegacia, o trabalho que vem sendo realizado pela Polícia Civil tem superado expectativas. "Nós temos nos desdobrado. No trânsito, por exemplo, estamos produzindo o tempo todo com apenas dois servidores para tomar conta de uma frota de 50 mil veículos. O que nossa delegacia arrecada, somente em Paraíso, a sustenta e ainda devolve muito dinheiro para o Estado, então, dinheiro tem, falta gestão", destaca.

Ele lamenta essa  falta de gestão que, segundo aponta, vem prejudicando  a população. Zamó acredita que a população também não tem dado tanta importância a PC, e que quando questionada sobre sua necessidade, não pensa nos serviços que são oferecidos como trânsito e identidade. "Porém, quando morre um ente querido que precisa ser mandado para o IML e que fica caríssimo, a população sente o peso dos nossos serviços. Mas não tenho muito o que fazer, porque não tenho esse transporte, nem médico legista, é um serviço que deveria ser prestado pela PC e que é caríssimo, onera a população e ela não percebe", conta.

Segundo avalia, a população precisa ser conscientizada dos serviços que são prestados pela PC que a polícia passe a ser valorizada e, assim, possa valorizar a população. "Trabalho com familiares de vítimas o tempo todo, e é muito triste você ver o sofrimento dessas famílias e estar de mãos atadas. É por isso que falo que a Polícia Civil não trabalha apenas com investigação de crimes, há todo um leque e nós precisamos que a população se mobilize e peça esse apoio, porque somente quando precisamos é que vemos o quanto é um serviço necessário", completa.