Produzir soja em São Sebastião do Paraíso é uma atividade que atrai poucos produtores rurais, mas ainda assim as áreas de cultivo estão crescendo no município. A cultura é bastante exigente, o custo de produção deste ano praticamente dobrou e a previsão é de que o produtor deva ter margens apertadas de lucro. Conforme levantamento realizado pelo Jornal do Sudoeste a estimativa é de que a área cultivada atualmente é de apenas 500 hectares.
De acordo com especialistas para produzir soja de forma lucrativa é necessário que a produtividade seja maior do que 60 sacas por hectare. Outra recomendação é de que o produtor não pode errar no manejo da safra que é vendida atualmente com preço médio de R$71,00 a saca. Com o fim do vazio sanitário que ocorre entre julho e setembro o plantio das lavouras ocorreu a partir de outubro e a chegada das chuvas de forma regular favoreceu o desenvolvimento das plantas.
No período entre a safra de soja 2017/18 e a nova safra 2018/19 os custos de produção praticamente dobraram no Estado de Minas Gerais. Os principais puxadores dessa alta foram os insumos como o cloreto de potássio, a alta do dólar e as incertezas causadas pelo tabelamento do frete. Uma das situações enfrentadas neste contexto é de que mesmo que o dólar registre baixa, os preços dos insumos não baixam, mas quando o valor aumenta os preços acompanham. Os problemas do tabelamento de frete também tem impactado muito negativamente o custo de produção já que toda a produção é escoado pelas rodovias.
Para driblar esse aumento e conseguir custear a lavoura, os produtores não podem ter uma margem de erro muito grande. É preciso fazer todos os tratos agrícolas corretos e apostar em uma grande produtividade para fechar a conta no final de safra. Juntando todos os custos, o produtor que não colher a cima de 60 sacas por hectare não vai ter que lucro nenhum. Como a atividade hoje está muito tecnificada, praticamente não existe mais o produtor amador, todos já tem consciência de tudo e de como tem que ser feito e sabem das consequências disso.
Em São Sebastião do Paraíso, de acordo com o agrônomo da Emater/MG (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), João Bosco Minto a produção de soja é pequena e praticamente "insignificante". "Temos uma área plantada que apesar de estar em expansão é muito pequena de aproximadamente 500 hectares", explica. Ele destaca que o cultivo vem sendo estimulado por uma empresa e indústria que trabalha com a fabricação de ração animal. "O pessoal tem incentivado e as lavouras estão aumentando, porque é interessante a eles", descreve.
Conforme levantamento da reportagem uma das maiores áreas plantadas fica na região da Itaguaba. No entanto, há registros de que existem produtores na região do Morro Vermelho e na região de Guardinha.
O chefe do Departamento de Agricultura, da Prefeitura, Marco Aurélio Alves de Paula, confirmou que a Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário (Sedeagro) não há registros sobre a atividade no município. "Não temos dados a respeito porque o cultivo é recente e de proporção muito pequena em relação a outras culturas", comenta Marco.
Segundo um levantamento da Secretaria Estadual de Agricultura o café é a principal atividade no município com 143.360 hectares; seguida do milho com 65.500 hectares. Na sequência aparecem a cana, o feijão e na quinta posição aparece a soja. A leguminosa supera as áreas plantadas de arroz, laranja, banana e mandioca.
Com o fim da safra de grãos 2017/18 Minas Gerais obteve um novo recorde produtivo de soja. Segundo o 10° Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos, feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Estado será responsável pela colheita de 14,28 milhões de toneladas de grãos, um avanço de 1,5% sobre a safra anterior, que até então era recorde. Neste ano, o incremento foi estimulado pelo clima favorável e pelas tecnologias empregadas na produção. A produtividade média estimada para o Estado é de 4,28 mil toneladas por hectare, rendimento 2,6% superior ao registrado no ano safra anterior.