A Leptospirose é transmitida, principalmente, através da urina de animais (principalmente ratos) contaminada com sorovares da bactéria Leptospira. A infecção pode disseminar-se, inclusive, através da urina de animais já recuperados, que podem eliminar o microorganismo durante meses após a infecção.
A exposição geralmente ocorre através do contato com ambiente, vasilhames (de água ou ração), vegetação e outros objetos que estejam contaminados. O microorganismo penetra na mucosa ou na pele desgastada. Além disso, a transmissão pode ser por via venérea (ato sexual), ferimento por mordedura e transplacentária (mãe para feto, no útero). É comum encontrar ratos comendo e urinando ao mesmo tempo em cima de uma vasilha de ração deixada "livre" no quintal de casa.
A Leptospira multiplica-se tanto no sangue (leptospiremia) quanto nos rins (leptospirúria). Ela pode provocar danos graves em rins e no fígado, também. Os sinais clínicos e físicos são variados, ocorrendo febre (mas, em algumas ocasiões, principalmente quando há desidratação e perda de sangue, há hipotermia, que é a temperatura corpórea abaixo do normal), anorexia (falta de apetite) ou hiporexia (diminuição no apetite), quietude e desânimo, relutância em andar (devido à dor muscular, dor renal ou meningite), desidratação, vômitos, fezes com sangue. Pode haver, também, comprometimento pulmonar grave. Em casos muito graves há vasculite generalizada (inclusive com hemorragias graves em locais como aparelhos digestório e respiratório), congestão vascular e morte superaguda. Algumas vezes (ocasionalmente) pode ocorrer abortamento ou natimortalidade, uveíte (inflamação ocular) e meningite. A própria morte bacteriana (da Leptostpira) faz com que sejam liberados toxinas dessas mesmas bactérias, que também serão prejudiciais ao paciente. Alguns estudos sugerem que a Leptospirose leva o paciente ao desenvolvimento de um quadro de disfunção hemostática e lesão endotelial semelhante ao que ocorre em quadros de Sepse.
O diagnóstico é feito através da junção de relatos de história clínica, exame clínico e físico e provas laboratoriais.
O tratamento deve ser iniciado assim que possível, sendo que é necessário a avaliação completa do paciente (função renal, função hepática, desidratação e etc...).
A prevenção é fundamental para evitar ou amenizar a ocorrência da Leptospirose. A vacinação-reforço semestral é a mais indicada, mas, infelizmente, a vacinação não é garantia de proteção total. A vacinação ajuda a reduzir a incidência e a severidade da doença, mas não impede a infecção subclínica (sem sintomas ou com sintomas brandos) ou a eliminação urinária da Leptospira. Mas, ainda assim, cães vacinados são os que conseguem recuperar-se melhor.
*ROGÉRIO CALÇADO MARTINS – médico-veterinário – CRMV/MG 5492
*Especialista em Clínica e Cirurgia Geral de Pequenos Animais (Pós-graduação “lato sensu”)
*Membro da ANCLIVEPA (Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais)
*Consultor Técnico do Site www.saude animal.com.br
*Proprietário da Clínica Veterinária VETERICÃO (São Sebastião do Paraíso/MG)