O músico e vocalista da banda Volúpia, Antônio José Lobato Ferreira é um paraisense que respira música desde muito pequeno, sempre incentivado pelo pai que infelizmente perdeu quando ainda era muito jovem. Filho do contador José Pádua Ferreira (in memorian) e Maria Lobato Ferreira (in memorian), Antônio tem outros dois irmãos, o Adriano e a Alcione Lobato Ferreira e é casado com a gerente de contas, Icléia Lopes Moreira Ferreira. Lobato sempre manteve a música paralela a sua profissão: formado em administração de empresas com ênfase em organização e gestão de eventos, ele já atuou como despachante em Paraíso se tornou bancário quando se mudou para São Paulo e também trabalhou na área financeira em multinacionais e consultorias e há quatro vive exclusivamente para a música e vem encantando públicos de todas as gerações por onde passa. Recentemente ele tocou na pré-estreia do filme Bohemian Rhapsody, que narra a trajetória da banda de rock Queen, evento este organizado pela Fox Filmes e que aconteceu no Allianz Parque. O resultado não poderia ter sido outro além de sucesso absoluto. Hoje, aos 51 anos, e com a agenda de shows sempre lotada, Antônio contra um pouco da sua trajetória e da relação com a música ao Jornal do Sudoeste.
Jornal do Sudoeste: Você é natural de Paraíso, como foi sua infância e juventude aqui no município?
Antônio Lobato: Nasci em Paraíso, aos três anos de idade nos mudamos para Campinas (SP), com o falecimento de meu pai, voltei para Paraíso aos 13 anos de idade. Aí em Paraíso junto de amigos fizemos muitas serenatas com violão madrugada afora e roubamos muitas rosas (risos). Desde 1991 estou em São Paulo.
Jornal do Sudoeste: A música sempre esteve presente na sua vida ou é algo que começou quando já estava mais velho?
Antônio Lobato: Sempre presente, desde os dois anos de idade eu já gostava de cantar.
Jornal do Sudoeste: Seus pais te apoiavam nessa carreira que, infelizmente, é difícil para os artistas que querem sobreviver apenas desta arte?
Antônio Lobato: Meu pai foi meu grande incentivador. Sempre nos gravava em um gravador de fitas cassete quando crianças. Aos oito anos me deu um violão como presente de Natal, que guardo até hoje com muito carinho. Colocou-me para aprender violão com um amigo dele em Campinas, mas infelizmente não chegou a me ver tocar, pois faleceu quando eu tinha 12 para 13 anos e naquele período não me interessava pelo violão, gostava de cantar. Meu saudoso tio Benedito de Pádua Ferreira, sempre me incentivou e me fez ouvir os grandes tenores italianos.
Jornal do Sudoeste: Antes de se tornar músico profissional, com se virava?
Antônio Lobato: Desde o final dos anos 80 atuava profissionalmente com música, sempre aliado a outras atividades. Em Paraíso fui despachante. Em São Paulo fui bancário, depois sempre trabalhei na área financeira em multinacionais e consultorias. Por último atuei na área financeira em comércio exterior, mas há quatro anos me dedico exclusivamente à música.
Jornal do Sudoeste: Quando você começou a atuar profissionalmente como músico e como foi esse processo?
Antônio Lobato: Ainda morando em Paraíso tive a grata sorte de já iniciar profissionalmente numa grande banda de baile da vizinha cidade de Passos, aos 19 anos. Meu grande amigo e professor Guelfo Colombo, que desde o início me apoiou e buscou uma colocação para mim, apresentou-me outro grande amigo e irmão, Arthur Henrique Cardoso, que buscava um vocalista. Essa parceria rendeu muitos sons, bandas, viagens, amigos músicos e um rico aprendizado para mim, uma escola incrível! Tive a honra de também tocar com Haroldo Garcia, outro mestre que me apresentou o jazz, blues e a bossa nova!
Tive a sorte de ter conhecido e aprendido muito com grandes músicos!
Jornal do Sudoeste: Ser músico é algo que você sempre quis?
Antônio Lobato: Sempre! Para mim é uma “missão”. Amo e respiro música.
Jornal do Sudoeste: Como foi sair de São Sebastião do Paraíso para enfrentar São Paulo e o que te motivou a essa mudanças de cenário?
Antônio Lobato: A música sempre esteve em minha vida, e foi justamente por conta dela que vim para São Paulo. Outro grande amigo e irmão, Hoton Marcondes me trouxe para São Paulo para tocar numa banda e paralelamente trabalhar num banco, foi fundamental para começar minha vida nessa grande metrópole que recebe todos que tenham coragem e determinação!
Jornal do Sudoeste: Queen! Como começou essa história com a banda e o que o Queen representa para você?
Antônio Lobato: Já gostava de Queen antes mesmo de conhecer a banda que sou integrante. A sonoridade incrível, a energia, composições que iam do rock à influência da ópera aliadas à voz poderosa de Freddie Mercury capturaram minha atenção desde a primeira audição. Quando vieram ao Brasil pela primeira vez, em São Paulo em 1981, eu tinha 14 anos, morava em Paraíso e comprei um vinil da turnê deles, uma edição especial do Live Killers. Ouvi e pensei: é exatamente isso que eu gostaria de fazer, uma banda assim, cantar daquela maneira, aquela energia, aquele público!
Jornal do Sudoeste: Hoje você tem uma banda cover do Queen. Como foi essa formação?
Antônio Lobato: A banda tem 14 anos, estou com eles há 7 anos. Pude contribuir de forma efetiva para o seu crescimento que teve sua coroação tocando no evento da Fox Filmes na pré-estreia do filme Bohemian Rhapsody, no Allianz Parque. Extremamente profissionais, funcionamos muito bem como time buscando sempre alta performance. Convivemos muito, viajamos o Brasil todo e América Latina.
Jornal do Sudoeste: Já lidou com críticas sobre o seu trabalho e como você encara essas situações?
Antônio Lobato: Como a internet deu voz a geral... aí já viu, estamos sujeitos a tudo. Não vejo quase nada, temos uma assessora que cuida de nossas mídias sociais e ela filtra bem, me preocupo com a música, essa é o que diz respeito. Fujo de polêmicas, sou discreto, só trato de música em minhas redes sociais então consigo transitar até que tranquilamente. Vez ou outra aparece uma alma penada falando alguma bobagem, mas como sou concentrado no que faço, nem perco meu tempo e energia com isso.
Jornal do Sudoeste: O que significa a música para você? Já se imaginou fazendo algo que não fosse isto?
Antônio Lobato: Música é a minha vida! Qualquer coisa que venha a fazer terá ligação com a música. As artes no geral me encantam, atuar é algo que ainda tenho vontade de fazer. Literatura também, há tempos ensaio lançar um livro de poemas... uma hora consigo (risos).
Jornal do Sudoeste: Qual o momento mais marcante da sua carreira?
Antônio Lobato: Tem tanta história... Teatro Coliseu em Santos (SP), lindíssimo, construído no séc. 18 se não me engano, uma atmosfera incrível onde já me apresentei diversas vezes! Cantar “Love Of My Life” lá e ver praticamente toda a plateia com os celulares acesos numa versão século 21 dos isqueiros, foi inesquecível! Todos cantando juntos... Essa visão do palco ficou em minha memória!
Jornal do Sudoeste: e a maior dificuldade que você já enfrentou?
Antônio Lobato: Dificuldade foram em umas três ocasiões nesses sete anos, entre elas ter que fazer show rouco, quase sem voz, sem registros de agudos... a sorte é que Queen o público canta quase tudo junto (risos) e o que me cabia foi conseguir através de técnica vocal e ajuda da banda e do público conseguir chegar ao final da apresentação (risos). Mas sempre tranquilo e consciente do que podia fazer nesses momentos.
Jornal do Sudoeste: Há alguma situação curiosa que você queira compartilhar?
Antônio Lobato: Antes de fazer parte de um projeto de cover específico eu não fazia ideia de como seria, não tinha ideia desse universo. As pessoas se emocionam, choram, sorriem com lágrimas nos olhos. Os mais velhos sentem saudade de algo que não mais verão ao vivo, os jovens, como na filosofia, sentem saudade de algo que não viveram... É muito bonito e gratificante poder transmitir um pouco dessa emoção e ter o retorno que temos do público.
Lágrimas entre sorrisos. Sempre que subo ao palco mentalizo cinco pessoas importantes em minha vida, que hoje infelizmente não estão mais entre nós, pessoas que sempre torceram por mim: meu pai, minha mãe, meu tio Benedito, meu amigo irmão Dailton Pereira (filho do também saudoso e talentoso cantor paraisense Antonio Pereira) e Marcos Saraiva, esse último um amigo aqui de São Paulo.
Jornal do Sudoeste: Já pensou em desistir de ser músico?
Antônio Lobato: Nunca!
Jornal do Sudoeste: Qual a mensagem que o Que-en deixou na sua vida e qual a mensagem que você deixar para todos os fãs, principalmente àqueles que não chegaram a ser contemporâneos da banda?
Antônio Lobato: A mensagem e o aprendizado que tive e que busco compartilhar foi que podemos ser o que quisermos nessa vida, nos cabe ter disciplina, disposição, não desistir nunca, sonhar, acreditar e buscar com todas as forças realizar esses sonhos. Aprender sempre, estudar sempre.
Jornal do Sudoeste: Qual o balanço que você de toda essa vida e carreira até o momento?
Antônio Lobato: Sou extremamente grato por cada conquista, cada aprendizado. Cada pessoa que fez parte de minha vida contribuiu de alguma forma, para quem sou hoje. Aos meus amigos músicos, mestres que tanto me ensinaram! Sou alguém determinado, realista-otimista, sempre com sonhos, projetos e uma incansável vontade de estudar, aprender e melhorar sempre.