SAÚDE ANIMAL

Plantas e animais: muito cuidado!!

Por: Rogério Calçado Martins | Categoria: Saúde | 09-01-2019 15:56 | 1419
Foto: Reprodução

Quando há animais de estimação em casa deve-se ter muita cautela ao escolher plantas para formar jardins ou simplesmente para decorar a casa. A principal atenção é saber se a planta escolhida é de espécie "venenosa". Uma dica valiosa é deixar a planta fora do alcance dos bichinhos ou, se isso não for possível, desfazer-se dela. Dessa maneira você estará protegendo seu animalzinho contra intoxicações que em algumas oportunidades podem levar à morte.

Geralmente os cães e os gatos não comem plantas, mas filhotes e adultos extremamente ativos têm grande curiosidade por objetos do ambiente, como por exemplo, um vaso diferente na sala ou uma planta nova no jardim. Essa curiosidade não se satisfaz apenas em olhar ou cheirar, mas geralmente termina em lamber, morder, mastigar e engolir.

Uma das "deixas" para um animal comer plantas pode ser a falta de água limpa para beber, então ele procura folhas molhadas. Em outros casos, animais que ficam presos ou sozinhos por um período muito longo podem procurar se distrair comendo plantas. Uma má nutrição pode também levá-lo a ingerir vegetais, na tentativa de saciedade. Alguns jardins adubados atraem ainda mais os animais. Ou seja, eles ingerem plantas basicamente por curiosidade, lazer ou deficiência nutricional. Em contrapartida, as plantas têm mecanismos de defesa, como espinhos e o sabor amargo, que várias vezes desestimula algumas tentativas de mastigação.

Um grande número de plantas possui substâncias tóxicas que poderão causar danos digestivos, reações alérgicas (leves ou graves), lesões hepáticas (fígado), reações cutâneas (pele), alucinações e até mesmo coma e morte, dependendo do tipo e da quantidade da planta ingerida e também da demora no socorro ao animal.

Uma única planta pode conter vários princípios tóxicos, e infelizmente são poucos os antídotos específicos, o que dificulta o tratamento. Em alguns casos não é aconselhável o vômito, pois pode provocar lesões ao voltar pelo esôfago e boca. Outro problema é quando o proprietário dá leite ao animal que acabou de ingerir uma planta tóxica. Algumas toxinas são solúveis em gordura o que faz com que o leite acelere a sua absorção pelo organismo e, com isso, piore o quadro.

Caso você tenha grande estima pelas suas plantas e não queira se desfazer delas, tente pelo menos tomar algumas precauções, como dificultar o acesso do animal à planta usando cercas ou colocando os vasos em locais altos; colha todas as folhas e frutos que caírem; utilize ração adequada e de boa qualidade e, caso o médico-veterinário veja necessidade, utilize vitaminas para evitar carências nutricionais; deixe água fresca sempre a disposição e em locais de fácil acesso; evite o confinamento do animal em locais onde hajam plantas; tente "treiná-lo" para não pegar plantas; dê vermífugo ao seu animalzinho regularmente (peça orientação ao Médico-veterinário).

Caso seu bichinho tenha ingerido alguma planta tóxica, faça o seguinte:

1). Lave bem a boca dele com água corrente.

2). Veja qual planta ele ingeriu.

3). Contacte o veterinário imediatamente e informe-o do acontecido. Fale qual foi a planta, a quantidade, o horário que ele ingeriu e quais os sintomas que ele já apresentou.

Dependendo do tipo da planta e do estado do paciente, poderá haver necessidade de internação para tratamento intensivo com atenção especial para danos do sistema nervoso, fígado e rins.

Veja algumas plantas tóxicas:

Aroeira, Azaléia (Rododendro), Caju (Castanha crua), Chapéu-de-Napoleão, Cinerária, Confrei, Coroa-de-Cristo (Cristo gigante), Comigo-Ninguém-Pode, Espada-de-São-Jorge, Filodendro (Banana-de-Macaco), Fumo (Petume, Tabaco), Hera, Hortênsia, Olho-de-Cabra (Jequiriti), Mamona (Carrapateiro), Mandioca, Nêspera, Oficial-de-Sala, Papagaio (Rabo-de-Arara), Pinhão Paraguaio, Tulipa, Unha-de-Gato.

Deve-se ter mais cuidado com Hortênsia, Mandioca e Nêspera que contém cianeto, substância que inibe o aproveitamento do oxigênio pelas células, causando um dos quadros mais graves de intoxicação, com grande perigo de morte.

*ROGÉRIO CALÇADO MARTINS – médico-veterinário – CRMV/MG 5492
*Especialista em Clínica e Cirurgia Geral de Pequenos Animais (Pós-graduação “lato sensu”)
*Membro da ANCLIVEPA (Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais)
*Consultor Técnico do Site  www.saude animal.com.br
*Proprietário da Clínica Veterinária VETERICÃO (São Sebastião do Paraíso/MG)