EPIDEMIA

Risco de epidemia: índice de infestação do mosquito da dengue chega a 9,3% em Paraíso

“A dengue é uma doença que mata e a população deve estar muito atenta”, alerta coordenadora da Vigilância em Saúde
Por: João Oliveira | Categoria: Saúde | 19-01-2019 11:58 | 2306
Índice de Infestação do Aedes Aegypti (Lira), dados apontaram um índice que chega a 9,3% no município
Índice de Infestação do Aedes Aegypti (Lira), dados apontaram um índice que chega a 9,3% no município Foto: Arquivo "JS"

A coordenação da Vigilância em Saúde em São Sebastião do Paraíso já vem alertando para provável surto de dengue no município há bastante tempo. No último Levantamento de Índice de Infestação do Aedes Aegypti (Lira), dados apontaram um índice que chega a 9,3% no município. Até o momento, de primeiro de janeiro até a data e apuração desta matéria (17/1), a Vigilância em Saúde já somava cerca de 119 casos suspeitos da doença. Com o registro de morte suspeita pela doença na região, em Passos, a situação é de alerta e municípios devem estar atentos.

De acordo com a coordenadora da Vigilância em Saúde, Daniela Cortez, grande parte desses casos tem sido registrados nos bairros São Judas Tadeu, Santa Tereza e São Sebastião. Para se ter uma ideia, o índice isolado de infestação nesta região é de 15,6%, o que num possível caso de confirmação da doença, pode contribuir vertiginosamente para o surto de dengue no município.

Para agravar a situação, Cortez destaca que esses casos notificados são apenas daqueles que procuram a USF ou UPA e possuem sintomas da doença, mas ainda grande parte da população sequer chega a procurar um médico.

Daniela conta que os agentes epidemiológicos têm trabalhado no município considerando uma epidemia. “Neste momento não temos respostas dos casos notificados, se são resultado positivos ou negativos para a dengue. Porém, alguns pacientes que possuem convênio médico, fizeram os exames e deu positivo para a dengue. Levando em consideração que os sintomas estão muito idênticos na maioria desses casos, então a probabilidade de ser dengue para os demais é muito alta. Diante disto estamos tratando como se fosse epidemia e fazendo bloqueios diários onde têm sido notificados os casos”, destaca.

Segundo a coordenadora, os casos têm se concentrado na região do São Judas, Santa Tereza e São Sebastião, onde o índice isolado ultrapassa 15% de infestação do agente transmissor da doença. “Nós notificamos esses casos, mas há aqueles que passam como se fosse alergia, uma virose, um mal-estar, então entendemos que há muito mais casos do que os que foram notificados até o momento, é importante que o cidadão esteja alerta e se possível não deixe de usar um repelente, porque somente isto irá prevenir o contágio”, ressalta.

Daniela destaca ainda que a situação já era prevista, isto porque, segundo explica, a epidemia é cíclica e a cada dois e três anos acontece uma epidemia da doença, já que existem pelo menos 4 tipos de dengue, tendo sido identificado na região a dengue 2 que há 10 anos não havia registro. A última epidemia que aconteceu foi em 2015, quando os casos chegaram a 1,6 mil notificações. “A epidemia é prevista, principalmente, quando há um índice muito alto de infesta-ção, como é o caso de Paraíso. Nas regiões onde o índice é mais alto, estamos dando uma atenção maior, mas sem descuidar do restante da cidade”.

A coordenadora da Vigilância em Saúde diz ainda que tem sido feito UBVs diários onde a infestação é maior. “Precisamos que os moradores limpem seus imóveis, para diminuir os focos do mosquito, já que tem casas que não conseguimos entrar porque essas pessoas estão trabalhando o dia inteiro e não há ninguém no momento das visitas dos agentes epidemiológico. A dica é simples: é apenas fazer uma vistoria diária e não deixar nada que possa acumular água”, orienta.

Diante das chuvas torrenciais à noite e forte calor durante o dia, Daniela ressalta que o clima é muito propício para a proliferação do mosquito da dengue. Ela comenta que um único ovo do agente transmissor pode resistir até 12 meses sem um local próprio para que possa eclodir. Além disto, um único mosquito pode chegar a transmitir a doença para diversas pessoas o que, tendo em vista o índice de infestação no município, é bastante preocupante.

DENÚNCIAS
Daniela Cortez destaca ainda que têm sido grande o número de denúncias na Vigilância em Saúde, já que a população tem ficado mais alarmada com a notícias sobre a dengue. “Há muitos problemas, principalmente, envolvendo vizinhos. Quem quiser fazer denúncia por entrar em contato por meio do telefone 3539-1040 ou vir até a vigilância fazer um protocolo também”, aconselha.

A coordenadora da Vigilância comenta ainda que, embora não tenha enfrentado nenhum problema do tipo, o morador não pode impedir a entrada dos agentes para averiguação. “Tentamos não chegar a esse extremo, mas temos uma legislação que nos resguarda e, em casos assim, a fiscalização é feita com intervenção policial. Mas ainda não aconteceu, porém, às vezes quando o agente enfrenta um problema, o supervisor vai até a residência, conversa com o morador, então esse morador deixa o agente entrar na residência. Tivemos casos assim no São Judas que foram resolvidos sem maior estresse”, conta.

COMBATE
Além dos trabalhos de educação permanente que será feito em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, Daniela Cortez também destaca que será realizado um trabalho junto às unidades de saúde da família (USFs), para acompanhar os casos confirmados, já que, segundo avalia, há grande probabilidade de que o vírus que circula na região seja o dengue 2.

“Então, àqueles que já tiveram dengue, o risco de contrair a doença novamente é muito grande. Se isso acontecer, a doença pode vir com mais gravidade. Então pedimos que a população esteja muito atenta, principalmente com crianças e idosos, que pode ter complicação mais grave. A dengue é uma doença que mata e população deve tomar cuidado”, alerta coordenadora da Vigilância em Saúde.

Em Passos uma pessoa morreu e o caso está sob investigação já que a provável causa é a dengue. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG), somente neste ano, até último levantamento realizado em 14/1, em Minas Gerais já foi registrado 1.571 casos prováveis (casos confirmados + suspeitos) de dengue. Neste ano, três óbitos estão sob investigação por suspeita de terem sido ocasionados pela dengue.

Em relação à Febre Chi-kungunya, Minas Gerais registrou 17 casos prováveis da doença e 2 óbitos estão em investigação. Já em relação à Zika, foram registrados seis casos prováveis da doença em 2019, até a data de atualização do boletim. Nenhuma dessas doenças foram notificadas em Paraíso, porém, Daniela Cortez alerta para que as pessoas usem repelente, já que os sintomas dessas doenças são mais graves e podem ter consequências mais preocu-pante em gestantes.

“Para as gestantes, há a distribuição gratuita do repelente na farmácia do município. Estamos preocupados com a dengue e pouco tem se falado dessas doenças, mas também devemos ficar em alerta, já que o agente transmissor é o mesmo. A única forma de acabar com o contágio dessas doenças e o combate definitivo do agente transmissor, mas para isso a população tem que estar muito consciente do seus papel e nos ajudar nessa luta”, completa Daniela Cortez.

SINTOMAS
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, a dengue é uma doença infecciosa febril transmitida pelo Aedes aegypti e dura em torno de dez dias. Entre os sintomas está a febre, dor de cabeça, no corpo, nas articulações e por trás dos olhos, podendo afetar crianças e adultos.

Em relação a Febre Chikungunya, os principais sintomas são a febre alta, dor de cabeça, dores articulares e dores musculares. O período médio de incubação da doença é de três a sete dias (podendo variar de 1 a 12 dias). Não existe tratamento específico, nem vacina disponível para prevenir a infecção por esse vírus.

DICAS
Conforme alerta a SES/MG, o verão é a época mais preocupante no que se diz respeito a dengue, já o clima é muito propício para a rápida proliferação do agente transmissor da doença, portanto, única forma de combate ao alto índice de infestação do mosquito são cuidados permanentes, entre eles:

- cuidado especial no armazenamento e destinação do lixo, mantendo-o em recipiente fechado e disponibilizando-o para recolhimento pela Limpeza Urbana na frequência usual;

- jamais descartar o lixo ou qualquer outro material que possa acumular água no quintal de casa, no quintal de vizinhos, na rua ou em lotes vagos;

- manter a caixa d’água sempre limpa e totalmente tampada;

- manter as calhas livres de entupimentos para evitar represamento de água;

- eliminar os pratinhos de vasos de plantas; caso não seja possível, mantê-los limpos e escovados pelo menos três vezes ao dia;

- manter limpos e escovados os bebedouros de animais domésticos; a água deve ser trocada diariamente;

- manter piscinas sempre em uso e devidamente tratadas;

- atenção especial ao sair de férias para que esses cuidados estejam garantidos na ausência do morador;

- caso perceba a manifestação de qualquer sintoma de dengue ou febre Chikungunya, procurar imediatamente o centro de saúde mais próximo.