GREVE

Servidores em greve tentam mobilização

Por: Roberto Nogueira | Categoria: Cidades | 06-02-2019 10:09 | 2515
Sindicalistas estiveram na porta de creches para conscientizar colegas e a comunidade
Sindicalistas estiveram na porta de creches para conscientizar colegas e a comunidade Foto: Roberto Nogueira

A greve dos servidores públicos municipais marcada para ter início na segunda-feira, 4 de fevereiro continua em fase de mobilização. O anúncio foi feito por Rildo Domingos da Silva, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sempre Sudoeste) ao analisar os dois primeiros dias que seriam de paralisação. Através das equipes do comando de greve foram realizadas manifestações pacíficas em várias creches e em outros locais da administração. "Esperamos por uma movimentação mais forte e adesão expressiva porque do contrário passaremos vergonha", disse o sindicalista ao citar que é preciso mais participação.

Rildo salientou que as atividades realizadas pelo sindicato desde a segunda, 4, e também na terça-feira,5, foram no sentido de conscientizar os demais trabalhadores da categoria. "Nós já havíamos alertado sobre a importância da adesão, mas principalmente da participação dos servidores durante a greve. O resultado daquilo que iremos alcançar ou não depende muito da adesão e do empenho de todos. Do contrário poderá até ser um movimento vexatório", descreve o presidente do Sempre.

Depois da assembleia na quarta-feira, 30, foi formada a equipe do comando de greve que tem feito várias reuniões para a montagem das estratégias, inclusive no final de semana. Já nas primeiras horas da manhã de segunda-feira, 4, as equipes deslocaram-se para vários pontos. "Nós já nos posicionamos em várias creches, estivemos em outros locais, com os nossos companheiros", relata.

Membros do comando de greve tinham intenção na manhã de segunda de fazer visitas nos setores da saúde, almoxarifado, farmácia, ambulatório, Caps e Creas. No período da tarde houve uma concentração em frente a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). "Conversamos com o pessoal, sobre a necessidade de manter ao menos 30% do funcionamento que pode ser mantido por uma escala e rodízio entre servidores. A turma do ambulatório ficou de se reunir e tomar uma decisão se irão parar ou não, estamos aguardando a decisão deles", avalia.

Ainda na noite de segunda-feira durante a sessão ordinária da Câmara, Rildo Domingos usou a tribuna, quando fez uma espécie de desabafo. Ele lembrou que na terça-feira, 29, naquele mesmo espaço cerca de 200 pessoas reunidas em assembleia decidiram pela greve. "Desde a formação da equipe do comando de greve, foram poucas as pessoas que se dispuseram a participar", conta. Em seguida cobrou um posicionamento dos que se manifestaram e aprovaram a deflagração de greve. "Foi o que disse, não adianta fazer greve e a pessoa ficar em casa. É preciso participação, botar a cara a tapa e fazer frente. Se não nos unirmos e lutarmos por nossos objetivos, ninguém irá fazer por nós", desabafa.

Segundo Rildo depois de dois dias de mobilização será feito um balanço de como foram os trabalhos. "Vamos verificar os resultados, se atenderam as expectativas, se houve adesão e conscientização dos servidores, tudo isso será crucial para nós nesta paralisação", assegura.

Ele acrescenta que a greve é pacífica e ordeira. "Somos trabalhadores, estamos procurando conscientizar os companheiros, não existe nenhuma tentativa de impedir os nossos colegas de entrar ao trabalho, mas, atuamos pela conscientização. A greve é pautada nisso, não tivemos nenhuma situação adversa até o presente momento porque o pessoal aqui esta bem orientado", avalia.

Ainda na terça-feira (5/2), os integrantes do comando de greve continuaram realizando visitas setoriais para tentativa de esclarecimento dos servidores. No final da tarde de ontem foi realizada uma reunião com funcionários da Secretaria de Obras, no pátio municipal. "Continuamos com os nossos trabalhos nas creches, nos setores da saúde e outras repartições e atuamos no sentido da conscientização de cada um esclarece", o presidente do sindicato.

Rildo Domingos pontua que existe uma decisão de reconhecimento geral do ministro Dias Tofolli, do Supremo Tribunal Federal (STF) que a greve é descabida em caso de pagamento parcial dos salários dos servidores. Com isso pode haver desconto dos dias parados e penalização do trabalhador. "Temos que agir com responsabilidade e o sindicato tem agido com a devida cautela para que ninguém seja prejudicado. Agora se o servidor quer atuar por sua conta e risco nós estamos prontos a apoiá-lo no que for preciso. Temos orientado neste sentido, sem querer desestimular ninguém, é preciso ter coragem e determinação para lutarmos pelos nossos direitos", acrescenta.

Ele ressalta que apesar dos pagamentos feitos semana passada no próximo dia 8 os salários de janeiro voltam a ficar em atraso."No entanto, a legislação não estipula quantos dias devem passar para considerar esta situação. O que existe é o afunilamento contra os direitos do trabalhador e logo vão querer acabar com estabilidade dos servidores, mas não podemos baixar a guarda. Temos de juntar forças e promovermos um movimento inteligente, com mais estudos, mais análises, os tempos mudaram, assim também devemos mudar nossa maneira de agir, atuarmos com conhecimento jurídico, de forma coordenada e assim promovermos a politização da categoria", pontua o sindicalista.

O funcionalismo é composto de quase dois mil servidores e a assembleia que aprovou a greve contou com quase 200 pessoas. No entanto, nas movimentações feitas no início da greve eram pouco mais de 20 pessoas que participaram das atividades.

O sindicalista foi claro em mencionar que a decisão é de cada servidor. "Se ele não quer parar ele tem plena liberdade, não é obrigado a parar, mas que ele possa atentar para a situação que está ocorrendo", diz. Rildo esclarece que fazer greve é uma manifestação legal. "Pautamos pela orientação para despertar o servidor diante da nossa realidade e para lutar pelos nossos direitos", frisa.

A greve anunciada e aprovada em assembleia pela categoria tem como motivo a regularização dos salários. "Um dia depois da assembleia ter aprovado a deflagração da greve já houve uma parcela de valores sendo paga aos servidores da ativa, ao magistério, trabalhadores da saúde e inativos. Isso já é fruto do trabalho do movimento grevista", aponta o presidente do Sempre. A expectativa é de que a categoria obtenha novas conquistas, já que segundo ele há parte dos salários a serem pagos e os salários de janeiro estão por vencer. "Nós aguardamos para os próximos dias através desta movimentação e de outras formas mais, que os salários de dezembro e janeiros e sejam também quitados", conclui.

Rildo finalizou dizendo que "a mobilização permanece e a greve continua até segunda ordem da assembleia".

Integrantes do comando de greve fazem pausa para um café e balanço parcial da paralisação