A psicóloga Anabel de Pádua Vieira deixou São Sebastião do Paraíso ainda muito nova para estudar psicologia na Universidade Federal de Rondonópolis, no Mato Grosso, aos 17 anos. Foi uma experiência, conforme ela mesma diz, única. Desde criança, sempre conviveu com pessoas mais velhas e lembra com carinho do avô, o cantor e compositor Correto (famoso por composições nacionalmente conhecidas e gravadas por grupos como o Trio Parada Dura), dizer a ela que ouvisse as histórias das pessoas mais idosas, para aprender com elas. À escolha de sua profissão, ela atribui isto e a formação humanista que recebeu no Colégio Paula Frassinetti. Filha do artesão Belmiro Vieira e da professora e técnica de pesquisa do IBGE em Paraíso por muitos anos, Ana Maria de Pádua, Anabel retornou a Paraíso depois de sete anos onde agora montou sua clínica particular e está construindo sua nova história no município. Alegre, sorridente e bem humorada, características que parecem ser de família, ela conta um pouco da sua trajetória para o Jornal do Sudoeste.
Jornal do Sudoeste: Quando você foi embora de Paraíso?
A.P.V.: Fiquei em Paraíso até meus 17 anos, naquele ano abriu o Enem para todo o Brasil e eu passei na Universidade Federal de Rondonópolis, no Mato Grosso, havia passado em outros lugares também, mas optei para ir para lá. Foi uma surpresa para todo mundo porque eu era filha única e muito apegada a minha mãe, fazíamos tudo juntas. Para mim foi uma experiência ótima porque eu saí da minha zona de conforto e, querendo ou não, eu estava acomodada aqui e tinha tudo. Como experiência pessoal e profissional foi muito bom para mim.
Jornal do Sudoeste: E o que te motivou a ir para um lugar tão longe como Mato Grosso?
A.P.V.: Eu tive outras opções, mas minha motivação foi um pouco inconsciente; acredito que fui motivada por querer me descobrir, descobrir o mundo e ver o que tinha além do meu quintal e do que eu estava acostumada. Inicialmente pensei em transferir, mas conheci pessoas que foram muito acolhedoras e na minha turma tinham pessoas de todo o Brasil, meus professores vinham de todos os lugares do Brasil e o Mato Grosso é um local que todo mundo quer ir porque tem muitas oportunidades e são cidades novas. Onde eu estava, Rondonópolis, na época a cidade tinha 59 anos e uma população de 200 mil habitantes. Tudo isso foi bom porque eu me senti acolhida e todos nós estávamos na mesma situação: estar longe de casa, fazendo novas descobertas. Ao decorrer o tempo percebi que estar longe de casa foi bom para que eu abrisse a minha mente e tivesse outra visão do mundo; quando fui para o Mato Grosso achava que não tinha nada lá e aconteceu o contrário, havia todo um mundo, o Brasil é muito rico.
Jornal do Sudoeste: Antes desta partida, como foi a primeira fase da vida?
A.P.V.: Tive uma infância muito boa e digo que Paraíso é uma cidade muito próspera para se constituir uma família, ter filhos e envelhecer porque não é qualquer cidade que as crianças podem brincar na rua. Tive uma infância muito livre, mais longe das tecnologias. Estudei no Colégio Paula Frassinetti e acredito que foi muito importante para a escolha da minha profissão porque é uma escola que preza muito pela formação humana no sentido de pensar no sujeito e não apenas na formação dele enquanto um profissional que será uma engrenagem em uma máquina. Acredito que as escolas estejam pensando mais nisto, não apenas em formar profissionais, mas sujeitos na sociedade. Sou filha única e convivi muito com idosos, sou neta do famoso cantor e compositor Antônio de Pádua (Carreto), e tive uma vivência muito próxima, é outro ponto que acho que foi importante para a escolha da minha profissão porque sempre escutei muito o que eles tinham a dizer; meu avô me dizia para sentar-me com pessoas mais idosas e conversar porque aquelas pessoas tinham muita bagagem para me passar.
Jornal do Sudoeste: Depois que se formou em Mato Grosso, o que você fez?
A.P.V.: Permaneci lá por mais dois anos. Quando fui para estudar psicologia, foi uma escolha um pouco no susto, apesar de que eu já gostava de ouvir e tinha essa inclinação, quando conheci o curso e comecei a estudar me apaixonei pela profissão. O ser humano é muito complexo e é enriquecedor você entender mais de si mesmo e do próximo. Quando me formei fiz uma especialização que é a “residência multiprofissional em saúde da família”. Eu queria vivenciar como era a comunidade fora do meu contexto sociocultural e auxiliar àquelas pessoas de algumas formas e, querendo ou não, quem pode ir a uma clínica é quem pode pagar e tem um poder aquisitivo maior e eu queria ter essa convivência na comunidade e com outros profissionais, eram médicos, enfermeiros, farmacêuticos, agente comunitário de saúde e foi uma vivência enriquecedora para mim. Trabalhava 60 horas semanais junto com a pesquisa que eu fazia, foi puxado, mas foi uma experiência única porque trabalhei com todos os públicos. Inicialmente foi difícil porque a gente tem que aprender a lidar com a impotência profissional porque a gente não pode tudo e quando saímos da faculdade achamos que vamos mudar o mundo e não é assim, vemos que dependemos de todo um sistema, da política, da verba que é destinada àquele trabalho e de oportunidade que o meio lhe oferece dentro da profissão.
Jornal do Sudoeste: Quando retornou para Paraíso tinha vontade de ir para a Irlanda?
A.P.V.: Sim, era um sonho e mesmo na faculdade tentei o Ciências sem Fronteira, mas não deu certo, então juntei dinheiro e fui. Foi uma experiência sem igual porque você vê que além da questão humana e sua singularidade, há a questão cultural e foi aí que eu vi como isso determina o sujeito, por exemplo, como uma pessoa na Europa vivencia o amor, a felicidade, a concepção que eles têm de liberdade; com essa viagem eu pude ter acesso a tudo isto. Profissionalmente, enriqueceu-me muito, por eu poder entender e ver que as pessoas são do jeito que são por ter tido uma formação diferente da nossa, e quando estamos longe temos a tendência de julgar.
Jornal do Sudoeste: O que mais você estranhou quando chegou a Dublin?
A.P.V.: O frio, porque tinha saído de um lugar que chegava a 45 graus e esse calor que estamos vivendo atualmente em Paraíso é leve perto disto. Pude ver o quanto o frio influência muito no humor das pessoas, lá elas são totalmente fechadas e você fica completamente agasalhado e mal vê quem está ali dentro daquela roupa; a depressão lá é muito recorrente e pensamos que não, que eles têm tudo; o poder aquisitivo é muito bom, eles ganham muito bem e vivem uma vida muito boa se formos analisar do ponto de vista da qualidade de vida, mas são introspectivos e para se abrirem com você é muito difícil. Estando lá passei a valorizar mais a nossa população, o que não acontece quando estamos aqui, pensamos que tudo o que é de fora é melhor e quando eu fui, vi que nosso povo é muito acolhedor e senti muito orgulho do Brasil e de ver que as pessoas aqui, apesar das dificuldades, vão te ver na rua e sorrir, e se você for na casa de alguém essa pessoa vai lhe acolher como se você fosse da família, foi assim que me senti no Mato Grosso, por exemplo. Na Irlanda, não; as pessoas, por mais cultas que sejam, são mais fechadas, depressivas e é totalmente difícil de se relacionar.
Jornal do Sudoeste: Você teve dificuldade de se aproximar e fazer amizades enquanto esteve lá?
A.P.V.: Com brasileiros não, e há muitos por lá; mas convivi com pessoas de todas as culturas: japoneses, chineses, italianos e de outros países. No começo é um choque muito grande porque vai falar de algo e as pessoas nunca ouviram falar, por exemplo, a forma como nos relacionamos em chegar e abraçar e dar um aperto de não, eles ficavam espantados e questionavam como que eu poderia chegar em alguém sem conhecer e dar um abraço; você precisa até estudar sobre aquela cultura para saber até onde pode ir; às vezes um aperto de mão num país é uma ofensa e é preciso pisar em ovo. O Brasil é muito acolhedor e acredito que precisamos valorizar mais o que é nosso.
Jornal do Sudoeste: Agora que voltou sente saudades de lá?
A.P.V.: Quando eu estava lá sentia muita falta do Brasil, e agora que estou aqui sinto saudades de lá, mas acho que o que mais sinto falta é da qualidade de vida; lá o dinheiro compra muita coisa porque a moeda é valorizada e viajar de um país para o outro dentro da Europa é muito barato.
Jornal do Sudoeste: Você chegou a trabalhar em Dublin. Como foi essa experiência?
A.P.V.: Também foi muito importante e eu pude ver o quanto o brasileiro é desvalorizado, mulher brasileira principalmente porque eles têm uma imagem de que a brasileira está se prostituindo e, se analisarmos por um lado, é essa imagem que passamos com o Carnaval, por exemplo, que tem o seu valor também, mas não é só isso que temos para mostrar. Lá eles questionam o que vamos fazer fora do Brasil, se não tem nada por aqui, que brasileiro é igual praga lá, então sofremos muito preconceito; lá não trabalhei como psicóloga, era lavando prato e limpando chão, ganhava bem, mas voltei com a concepção de que a qualidade de vida não se resume ao que você ganha, porque vivemos com essa ilusão de que vamos ganhar a felicidade ganhando muito dinheiro. Meu avô, que é um exemplo para mim, nunca ganhou muito, mas viveu plenamente e conquistou tudo o que ele quis e idealizou, que eram coisa simples, mas que faziam dele uma pessoa grata pela vida. Eu tive que ir para fora para entender que as mudanças e tudo o que a gente almeja primeiramente tem que vir de dentro, não adianta buscar valor de fora, ele tem que vir de si próprio... porém, só pensamos que temos valor se você possui um carro ou uma roupa de marca e quando você vai para fora você entende que a busca do valor vem dentro. Claro que é bom viajar, ter o que desejamos, mas a vida não é só isso; há pessoas que têm tudo e que não têm nada. Lá também vi que as pessoas sofrem de ansiedade, tem uso abusivo de álcool e a busca incessante de algo que não se sabe o que é. Então voltei pensando o quanto a minha profissão é importante e todas essas formas alternativa de se viver como o Ioga, a caminhada, acupuntura, tudo isso é qualidade de vida e hoje tá se está pensando muito nisto, que não é apenas tomar um remédio que é algo paliativo que vai curar a sua dor; precisamos entender e questionar de onde vem essa dor. É preciso cuidar de si e se não o fizermos, como você vai constituir uma família, cuidar de uma criança ou do outro se não olharmos para nós mesmo e cuidar da nossa saúde mental.
Jornal do Sudoeste: Há muito ódio sendo propagado, você acredita que as redes sociais têm contribuído para isto?
A.P.V.: Sempre houve esses conflitos, mas você não tinha espaço para expor essa sua indignação. Vejo que a culpa não é apenas do meio de comunicação, é o ser humano que está se mostrando, tinha esses sentimentos reprimidos e agora deu vazão a eles por meio das redes sociais. A população brasileira deu vazão a tanto preconceito como homofobia, racismo, misoginia e isso já está ali, não surgiu do nada. Deu-se espaço para essa raiva. Tempos atrás dizer coisas preconceituosas chocava, hoje em dia parece que está se tornando normal o preconceito; cada um tem sua peculiaridade, mas somos todos seres humanos, independente de orientação sexual, raça, religião, ou nacionalidade. Há a necessidade de propagar o discurso de que não há diferenças entre nós, mas entender, por exemplo, que os brancos têm privilégios que os negros não têm e que cotas são necessárias e acredito que são essências, o brasileiro tem uma dívida com essa população. O SUS traz muito o princípio da equidade, ou seja, nós que somos privilegiados não temos que ser tratados como aqueles que não tiveram o privilégio e a oportunidade que eu tive de viajar para fora, por exemplo. Todas as profissões e todas as classes devem lutar para que haja, não apenas igualdade, mas equidade no sentido de dar mais oportunidade para quem precisa delas. Acredito que a política precisa lutar para isso. O que vi fora daqui é que lá na Irlanda, por exemplo, isso é muito recorrente e ninguém questiona, por exemplo, alguém que recebe auxílio financeiro do estado porque sabe que aquele cidadão precisa deste benefício. Hoje também vemos pessoas que estão tendo a oportunidade de ingressar em uma faculdade de medicina, por exemplo, e é muito lindo e acontece devido as oportunidades que são oferecidas àquele cidadão pelo Estado. Ele estudou, mas é preciso criar a oportunidade para que ele possa ir além.
Jornal do Sudoeste: Qual a importância do psicólogo diante desse boom de depressão no mundo e o que explica esta doença que ainda é cercada de preconceitos?
A.P.V.: A primeira coisa que devemos ter em mente é que não devemos banalizar a depressão e sintomas como ansiedade e síndrome do pânico. Ainda existe um preconceito muito grande em relação à doença como se fosse um problema pequeno por falta de religião, como dizem alguns, e nós entendemos que não é nada disto. Há pessoas muito religiosas que também sofrem com a depressão e o padre Marcelo Rossi, por exemplo, é uma pessoa de fé inabalável e sofreu um surto depressivo muito grave. Esse boom da depressão é o resultado da nossa própria sociedade que é muito imediatista, então, você tem que conseguir as coisas para ontem e tudo tem prazo e isso faz com que as pessoas se sintam fracassadas diante dessa cobrança incessante de que você sempre tem que ser o melhor e a sua realidade não basta, você tem que idealizar sua vida o tempo todo e isso gera sintomas de ansiedade e de depressão. Diante disto também nasce o preconceito e culpabilização da pessoa depressiva, de que se ela está assim ela é que tem que buscar sair disto, mas não é assim que funciona. É preciso um profissional, não apenas da psicologia, mas também de pessoas que estão ao seu redor de entender que às vezes a pessoa não precisa de um conselho ou ser julgada, ela precisa de uma escuta qualificada. O profissional da psicologia se faz essencial em qualquer meio, na escola, por exemplo, frente aos casos de suicídios de crianças que vemos acontecer e isto é gravíssimo.
Jornal do Sudoeste: Ainda há muito preconceito com o profissional da psicologia?
A.P.V.: Sim, o que é muito triste porque nossa profissão ainda é muito desvalorizada no sentido de que se a pessoa busca um profissional da saúde mental, tanto o psicólogo quanto o psiquiatra, ela está louca e não é assim, e mesmo que estivesse, se essa pessoa necessita daquela ajuda, naquele momento, não é vergonha nenhuma dizer que tem depressão ou ansiedade, mas existe o preconceito até da própria pessoa em admitir que precisa de ajuda e que não tem controle sobre si mesmo, isso é muito doloroso.
Jornal do Sudoeste: Hoje como é o acesso a este profissional pela rede pública de saúde?
A.P.V.: Pelo SUS ainda existem muitas filas e o acesso é muito difícil, principalmente agora que as pessoas estão buscando mais profissionais da saúde mental e está faltando profissionais na rede para atender esta demanda. Além disto, o atendimento no SUS não é voltado para o atendimento individual, por isso falta acesso e profissionais, já que é difícil atender uma pessoa por 50 minutos tendo uma fila de espera enorme; isso é complicado. Todavia, o que buscamos no SUS, quanto eu fazia este atendimento, era trabalhar com grupos, ir à casa das pessoas acompanhada dos agentes comunitários de saúde em casos mais graves de pessoas com depressão e que não deixam suas residências. Assim, o SUS busca de outras formas suprir esta necessidade, não apenas de atendimento clínico, mas de ir a uma escola fazer uma palestra, grupos de gestante onde se busca enxergar a mulher que está ali e não apenas a gestação, já que muitos querem saber do bebê, mas não pergunta como está a mulher. Ainda há muito que se batalhar da classe de psicólogo para ocupar esses espaços. Hoje, há muitos discursos como o feminismo que são propagados – o que é ótimo e necessário –, mas que não chegam a classe mais baixa e que não sabe, por exemplo, o que é isto e muitas vezes esta mulher está numa situação de violência doméstica e não sabe a quem procurar, o que fazer; então, temos que buscar no SUS que as pessoas tenham mais acesso à informação e que se possa falar a linguagem das pessoas daquela comunidade. Em resumo, acredito que a palavra que resume tudo isto é “empatia”, se colocar no lugar do outro porque não adianta apenas fazer um atendimento psicológico se aquela pessoa tem outras necessidades, por isso se fala em atendimento multiprofissional no SUS para dar conta da situação daquele indivíduo.
Jornal do Sudoeste: Quais são seus planos agora que está em Paraíso novamente?
A.P.V.: Agora estou atendendo em consultório e estudando para alguns concursos e pretendo seguir neste ramo da saúde que é de políticas públicas no geral que eu gosto e vejo que é muito necessário a presença do psicólogo nesses espaços como o CAPS, prefeitura e outros serviços públicos, mas por enquanto estou estudando e fazendo atendimentos clínicos. É uma clínica nova porque além de existir o preconceito das pessoas em relação a buscar ajuda, estou chegando agora a Paraíso, fiquei mais de sete anos fora e clínica são passos de formiguinha, você fica conhecida boca a boca e é um processo lento, mas estou seguindo em frente. Vejo que em Paraíso há a necessidade desse profissional, há muitos profissionais, mas é preciso ocupar melhor esses espaços que existem no município.
Jornal do Sudoeste: Você estranhou muito quando retornou para Paraíso?
A.P.V.: Estranhei, embora eu não tenha o que falar mal daqui: é uma cidade ótima para se viver, segura e com uma população muito acolhedora. Porém, o que incomoda é a falta de oportunidades para o profissional jovem e para o jovem em si. Embora haja boas faculdades aqui, há a necessidade de uma universidade federal e isso traz outra cara para a cidade. Rondonópolis, por exemplo, tem 64 anos e mais de 200 mil habitantes; a universidade muda toda a realidade de um município. Acredito que aos poucos a cidade está mudando, mas aquela coisa da preservação do “tradicional” faz com que não se dê muita abertura para o novo, mas tenho percebido que as mudanças têm vindo aos poucos.
Jornal do Sudoeste: Qual é o balanço que você faz desta jornada até aqui?
A.P.V.: É um balanço muito positivo e acredito que sair da sua zona de conforto é muito gratificante por você entender que o mundo tem muita coisa para ser vista e acredito que a maior motivação que eu tenho na vida é buscar cada vez mais as vivências, não apenas financeira e profissional, mas a vida em si e cada vez que saio da minha zona de conforto eu expando mais essa visão e isso só agrega mais na minha vida e é um conselho que dou as pessoas mais jovens: o que se leva desta vida são as vivências, não adianta acumular bens sem conhecer e ouvir outras histórias, como as dos nossos idosos que têm tanta coisa para nos passar. E não ficar somente nesta busca por status e dinheiro