SANTA CASA

Sta. Casa pede socorro, e prevê que atendimento à população pode ser prejudicado

Por: João Oliveira | Categoria: Saúde | 17-03-2019 08:56 | 12225
Santa Casa de Misericórdia e Hospital Regional do Coração de São Sebastião do Paraíso São Sebastião do Paraíso
Santa Casa de Misericórdia e Hospital Regional do Coração de São Sebastião do Paraíso São Sebastião do Paraíso Foto: Arquivo ?"JS"

A falta de repasses de recursos por parte do Estado e convênios com o Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (IPSEMG) e municípios, que juntos somam um valor de cerca de R$ 10,6 milhões, ameaça os atendimentos prestado pela Santa Casa de Misericórdia e Hospital Regional do Coração de São Sebastião do Paraíso São Sebastião do Paraíso. Somente o Estado deve ao hospital o valor de R$ 7.338. 217,17, já o restante por parte de convênios R$ 10.383.329, 10.

O interventor da Santa Casa, Adriano Rosa do Nascimento, destaca que nesta conta não estão sendo considerado os valores a receber por meio de termo de rateio assinado pelos municípios da região para custeio de especialidade, entre elas otorrino, bucomaxilo, cardiologia clínica, neurologia, cirurgia pe-ediátrica, anestesia complementar, nefrologia, cirurgia vascular, cirurgia gerpal P2 e oftalmologia, e também os extrapolamentos de teto do município de Paraíso e região.

"Temos conhecimento da situação do município de São Sebastião do Paraíso, que também não recebe do Governo do Estado e tem feito o que é possível, e não podemos crucificar ninguém, mas para que a Santa Casa continue prestando assistência à população nós precisamos pagar nossos fornecedores. O Governo de Minas não se posiciona e estamos sem receber recursos da Urgência e Emergência. Como vamos pagar plantonistas, todos os funcionários, além de material e medicamento usados para a população, como eu digo para o paciente que não posso atendê-lo porque acabou o medicamento", questiona.

Conforme Nascimento, a preocupação em relação à Urgência e Emergência é muito séria. "Nós havíamos conseguido chegar a quase equalização, melhorando assistência, voltando atendimentos. Mas o que adiantou todos os nossos esforços e a nossa gestão se os órgãos que compram nossos serviços não nos pagam? Não há como manter e o déficit com nossos fornecedores vai só acumulando e isto nos preocupa muito", lamenta.

Apesar das dificuldades, Adriano conta que vem negociando débitos e hoje tem uma credibilidade maior com os fornecedores. "Mas ninguém fornece de graça. A população precisa estar ciente desta situação e apoiar o nosso hospital para que juntos consigamos sensibilizar o Governo do Estado. Precisamos dar continuidade nos nossos atendimentos e, hoje, estamos com uma boa saúde, mas a qualquer momento podemos vir a precisar de um atendimento na Santa Casa", destaca o interventor.

Adriano Nascimento conta que o hospital está em uma situação de plena capacidade de crescimento, mas se não receber o que está em atraso, começará haver desassistência e diminuição dos serviços. Entre os serviços que existem, ele cita a "Casa da Gestante". Conforme explica, toda mulher gestante da região que ganha seu bebê em Paraíso e que precisa ficar internado, é acolhida em uma casa para não ficar desabrigada.

"Temos toda uma estrutura e gastamos em torno de R$ 30 a R$ 40 mil para mantê-la funcionando. Todavia, faz exatamente três anos que o governo do estado não passa um tostão deste convênio e estamos mantendo isto para dar assistência a essas gestantes que vem de longe. É um dó e estamos buscando ver a possibilidade de alojá-las dentro da instituição para que elas fiquem confortáveis, já que nesta casa elas tem de tudo", acrescenta.

O interventor da Santa Casa diz que este cenário é de nível estadual e todos os hospitais filantrópicos passam por mesma situação. Porém, ele diz que Paraíso ainda se encontra em uma posição privilegiada tendo em vista o modelo de gestão implantado pela atual intervenção da Santa Casa. "Muitos hospitais no estado estão fechando portas, fechando leitos de UTI, fechando clínica, além de médicos e funcionários sem receber", conta.

Para manter o funcionamento, ele ressalta que empréstimos com bancos foram feitos e que esses bancos já não tem mais emprestado dinheiro para hospitais filantrópicos. "Temos pago esses empréstimos em dia e evitado ao máximo acumular; com fornecedores, em 2017, tínhamos uma dívida de R$ 15 milhões e conseguimos reduzir para R$ 3 milhões, mas está sendo parcelado.

De CEMIG e Copasa eram quase R$ 4 milhões a ser pagos e negociamos esses valores, além de impostos e precatórios. Acumulado, a curto prazo, temos uma dívida de quase R$ 2,5 milhões com servidores. Se estivéssemos recebendo normalmente, não estaríamos enfrentando problema nenhum", completa.